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Terra Brasis quer 2,5% do mercado de resseguros

Fonte Viver Seguro

Ser a resseguradora preferida pelo mercado local. Esse é o objetivo dos executivos da Terra Brasis, companhia local que tem entre seus acionistas o International Financial Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial. “Nos focamos em compreender as ideias e os projetos dos nossos clientes e atender com competência suas necessidades de resseguro”, diz Rodrigo Botti, diretor da companhia, que tem como meta deter 2.5% do mercado brasileiro de resseguros nos próximos três anos. Veja abaixo trechos da entrevista concedida ao portal da CNseg.

Recentemente a Terra Brasis recebeu autorização da Susep para integralizar aporte de R$ 15 milhões do Banco Mundial. O que isso significa de fato para a companhia?

Com isso completamos nosso processo de incorporação frente à Susep. Temos hoje um capital integralizado de R$100 milhões, tamanho que consideramos o adequado para o início de operação de uma resseguradora local, e nossa estrutura societária esta em linha com os mais altos padrões de governança corporativa.

Pode-me dizer como é a composição acionária da Terra Brasis?

O sócio controlador com 80% de participação é o grupo Financeiro Brasil Plural, capitaneado por executivos brasileiros que possuem um amplo histórico de sucesso no mercado de capitais nacional. O IFC (International Financial Corporation), braço financeiro do Banco Mundial para o setor privado, participa com 14%. Os 6% restantes pertencem à administração e a investidores minoritários. A administração tem ainda a direito de aumentar sua participação dependendo dos resultados da resseguradora.

Por que o Banco Mundial, por meio da IFC, entrou como um dos acionistas do grupo?

Entendemos que o IFC busca não somente retorno ao capital aplicado, mas também projetos que contribuam para o desenvolvido do país. O setor de resseguros se encaixa neste objetivo. O desenvolvimento do mercado de resseguros local proporcionará ao Brasil um aumento significativo da sua base de investidores institucionais, em um momento de grande demanda. Proporcionará também às seguradoras que operam no Brasil uma nova fonte de suporte, apoio técnico e alternativa de capacidade.

Foi fácil atrair esse sócio de peso?

Não. O processo de due-diligence foi um dos mais compreensivos que já presencie em mais de 15 anos de mercado financeiro. O processo incluiu análise profunda do nosso plano de negócios e do perfil dos acionistas e da administração. Por uma semana visitamos, junto com representantes do IFC, corretoras, seguradoras e órgãos de mercado discutindo nosso projeto. Ficamos muito felizes quando escutamos do IFC que uma vez apresentado ao seu comitê, nosso projeto foi aprovado em tempo recorde.

Quais benefícios a resseguradora tem de ter o IFC entre acionistas?

Em primeiro lugar, a participação acionária dessa entidade em nossa companhia atesta a competência e o alto nível de governança com que estamos desenvolvendo nosso projeto. Ao mesmo tempo contribui para projetar a Terra Brasis e o grupo Financeiro Brasil Plural no âmbito global. Em segundo lugar, o IFC possui ampla experiência no mercado internacional de seguros e resseguros inclusive com investimentos nestas áreas em várias partes do mundo. Acreditamos que esta experiência nos será de grande valia nos próximos anos. Contamos hoje com um painel de retrocessionários internacionais de peso, e a presença do IFC nos nossos quadros ajudou a estabelecer estas parcerias.

Qual o business plan da resseguradora?

Somos uma empresa privada, dirigida por executivos brasileiros e incorporada por capital nacional. Temos foco exclusivo em resseguros, sem operações de seguros diretos. Este posicionamento nos faz único dentre as mais de cem resseguradoras hoje presentes no Brasil. Atuamos em todas as modalidades de resseguros, tanto em contratos como em negócios facultativos.

Como pretende se diferenciar dos seus concorrentes? Afinal, são muitos.

Temos uma operação eficiente, com poder de decisão ágil e flexibilidade para acompanhar a dinâmica do mercado ressegurador nacional. Acreditamos que uma resseguradora, além de ser uma portadora de riscos, é uma prestadora de serviços ao mercado segurador. Neste sentido desenvolvemos uma área de research e um programa de cursos de resseguros oferecidos a clientes e parceiros.

O cenário de juros baixos atrapalha os planos da Terra Brasis?

Não necessariamente. É fato que isso reduzirá a receita obtida pela aplicação financeira de provisões e capital. Entretanto isto pode ser compensado de várias formas, entre elas pelo aumento no volume de prêmios de resseguro decorrente de maior crescimento econômico. Vale lembrar que isso não é um desafio único do Brasil. A maior parte do mundo convive hoje com juros reais pertos dos mínimos históricos. Quanto à aplicações financeiras temos a sorte de ter uma interação eficiente com os administradores do grupo Brasil Plural, profissionais de competência comprovada na administração de recursos e cujos fundos figuram usualmente entre os melhores do setor.

Como os acionistas enxergam o mercado de seguros em 2013?

O mercado de seguros segue como um dos mais atraentes da econômica brasileira. No mercado de capitais, o setor de seguros continua bastante aquecido. No ano passado a venda Amil para United Health Care foi uma das maiores transações já realizadas no Brasil e para o primeiro semestre deste ano, o IPO programado da BB Seguridade é no momento o grande destaque.

Acredita que a mudança nas aplicações das reservas de planos de previdência privada divulgadas no dia 2 de janeiro pelo Banco Central vão estimular investimentos das empresas de previdência em projetos de infraestrutura?

A legislação vai neste sentido, entretanto decisões estratégicas deste vulto dependem de outros fatores além de legislação favorável.

Em termos de negócios, acredita que ao investir em projetos as seguradoras podem ter um peso maior na exigência de um programa de seguro mais vigoroso e recomendação de parceiros envolvidos nos contratos?

Este raciocínio parece coerente. No momento em que as seguradoras se tornam um investidor relevante de um projeto, terão maior ingerência sobre ele. Tendo “seguros”como sua área de expertise, provavelmente dedicarão uma atenção maior sobre este ponto.

Quais os principais desafios e oportunidades neste ano?

Os desafios e oportunidades são diversos e me parece difícil identificar os principais para 2013. O Brasil esta passando por uma transformação social e econômica que ira constantemente desafiar seguradores e resseguradores. Microseguro é uma área apenas começando no Brasil. O seguro agrícola tem potencial de ser muito maior do que é hoje. O setor de energia, com investimentos extraordinários em exploração em águas profundas, é um desafio especifico para o Brasil. Setores como vida e saúde e seguro de crédito, tem potencial de crescimento elevado. E estes são apenas algumas frentes de desenvolvimento do nosso mercado.

É um cenário propício para começar do zero?

Para a Terra Brasis é o ano de consolidação como um dos players importantes do mercado local. Nosso maior desafio, comum a toda empresa start-up, é a falta de um histórico de operação. Nossa proposta de negócio tem sido muito bem aceita por corretores e seguradoras, entretanto é natural que alguns grupos se sintam mais confortáveis com companhias que já tenham algum tempo de operação. Temos tranquilidade que este desafio será naturalmente superado com o passar do tempo. Nossos acionistas tem a consciência de que resseguro é um negócio de longo prazo, baseado em parcerias sólidas, construídas gradualmente em tempos bons e tempos difíceis.

Estudos de players internacionais indicam que haverá aumento do preço do resseguro já nas renovações de janeiro para recompor perdas com o Sandy. Isso afetará o Brasil?

Isso, marginalmente, é possível. Sem dúvida existe impacto das condições de mercado globais nos preços praticados no Brasil. Por outro lado, acreditamos que ainda há amplo espaço para o desenvolvimento de precificação específica para o Brasil. Com o desenvolvimento do mercado de resseguros local, a precificação deve se tornar mais técnica e menos dependente das condições global.

Há números disponíveis para dimensionar o custo de catástrofes no Brasil?

Relativo a catástrofes, infelizmente, no momento nosso conhecimento ainda é superficial. Estudo que publicamos no ano passado (Terra Report Edição Especial n°1 – Catástrofes Naturais Brasileiras) indica que ao contrário do que se normalmente acredita, o Brasil possui significativa e crescente incidência de catástrofes naturais. Estamos dedicando esforços significativos em fomentar um maior entendimento sobre este assunto, o que esperamos tenha um significativo e positivo efeito no mercado segurador e na sociedade brasileira como um todo.

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