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Seguradoras não estão preparadas para as mudanças climáticas

Autor: Fabiano Ávila   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Pesquisa avaliou 184 seguradoras atuando nos Estados Unidos e descobriu que apenas 23 possuem algum tipo de estratégia de longo prazo para lidar com o aumento da frequência dos eventos climáticos extremos

Em 2012, os Estados Unidos foram atingidos por 11 fenômenos climáticos extremos, sendo que o maior deles, a super tempestade Sandy, provocou mais de US$ 50 bilhões em perdas econômicas. Diante de tamanho prejuízo e com climatologistas alertando que a frequência e a intensidade desse tipo de evento aumentarão nas próximas décadas porque o planeta estará mais aquecido, fica claro que as companhias seguradoras devem começar a planejar seu futuro para que não venham a quebrar. Mas não é o que elas estão fazendo.

O grupo Ceres, uma rede de investidores que age como uma consultoria para práticas sustentáveis de negócios, divulgou neste mês o relatório mais abrangente já realizado com o objetivo de avaliar as seguradoras nos Estados Unidos sobre a questão climática, e descobriu que apenas 23 empresas possuem algum tipo de estratégia de longo prazo.

“As implicações disso são profundas porque o setor de seguros é uma peça importante para o crescimento econômico. Se as mudanças climáticas colocarem em risco a disponibilidade de produtos e serviços das seguradoras, toda a economia estará em perigo”, afirmou Mindy Lubber, presidente do Ceres.

A pontuação criada para avaliar as companhias leva em conta 37 indicadores, que vão desde ações realizadas para prevenir custos inesperados à formação de equipes e diretorias exclusivas para lidar com as mudanças climáticas.

Os resultados do relatório são extremamente negativos, com a média de pontos das 184 empresas avaliadas sendo de apenas 7,3 de 50 possíveis. A situação é ainda pior ao deixar claro que são as menores seguradoras (com ativos abaixo de US$ 300 milhões) as menos preparadas, correndo assim o risco de desaparecer do mercado se realmente passarem a enfrentar uma alta nos custos devido às perdas causadas por eventos extremos.

“As mudanças climáticas são uma ameaça muito séria para a indústria de seguros. Para que os custos dos produtos e serviços das seguradoras se mantenham estáveis e acessíveis, as companhias precisarão se adaptar. A última coisa que queremos são empresas abandonando o mercado ou tendo que elevar drasticamente seus preços”, afirmou Mike Kreidler, comissário do estado de Washington para o setor de seguros.

Os estragos causados por eventos climáticos extremos já são bem familiares às seguradoras, o último trimestre de 2012 registrou uma queda recorde nos lucros do setor no que diz respeito às áreas de propriedades e contingências.

Sugestões

As grandes seguradoras, que atuam também no mercado global, como a Munich Re, a Allianz e a Swiss Re, aparecem entre as mais atuantes com relação às mudanças climáticas, mas mesmo elas devem buscar melhorar suas políticas climáticas, aponta o relatório.

O Ceres apresenta uma série de recomendações que deveriam ser seguidas pelas companhias: Tratar as mudanças climáticas como um assunto estratégico para toda a empresa, em todos os níveis; estar atualizada com as pesquisas mais recentes sobre como o clima se transformará em cada região de atuação e preparar planos para lidar com essas alterações; ajudar na divulgação de iniciativas públicas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e que visem dar mais resiliência contra os riscos climáticos.

O relatório também traz sugestões para os órgãos reguladores do setor. Uma delas seria cobrar das seguradoras a divulgação de seus dados e ações climáticos. Outra seria promover a comunicação entre as empresas e os consumidores para que, juntos, trabalhem com o objetivo de reduzir as perdas em casos de eventos extremos.

“Como um investidor de longo prazo, o CalSTRS está dedicado a ter certeza de que as mudanças climáticas estejam dentro das políticas de gestão de risco das empresas nas quais investimos. Ao avançarem nesse sentido, as companhias de seguro podem melhorar bastante a sua capacidade de atrair recursos”, explicou Jack Ehnes, presidente do California State Teachers’ Retirement System (CalSTRS), um dos maiores fundos de pensão do planeta.

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