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Lloyd’s recria 'Underwriting Room' no País

Fonte CNSeg

 Mesmo em um quadro mais adverso, faturamento sobe em 2012 e atinge US$ 349 milhões

Apesar da desaceleração da economia brasileira e da forte concorrência na indústria de seguros, fato que tem derrubado as taxas de resseguro, o Lloyd’s of London obteve crescimento de 29% na receita gerada pelos negócios no Brasil, saltando de US$ 100 milhões, em 2007, para US$ 349 milhões em 2012. Desse valor, a maior carteira é de proteção para riscos patrimoniais, com 35%, seguida por riscos de energia, com 30%, riscos marítimos, com 21%, aviação, com 9%, responsabilidade civil, com 9%, e outros.

No mundo, o mercado de mais de 300 anos divulgou lucro de US$ 4,52 bilhões em 2012. O retorno ao lucro se segue a um prejuízo de US$ 800 milhões em 2011, que foi o ano de maior prejuízo da história devido a catástrofes naturais. O crescimento controlado permitiu a receita bruta de prêmios emitidos chegar a um recorde de alta de US$40,5 bilhões, parte em consequência do aumento médio das taxas de 3%. Os sinistros líquidos incorridos foram de US$16,1 bilhões, abaixo dos US$20,6 bilhões em 2011. O Brasil ainda representa uma pequenina fatia das receitas, mas o interesse pelo País chega a estar em as prioridades do grupo que reúne mais de 70 sindicatos, que representam os investidores e empresas atuantes no setor com apetite por subscrever riscos em todo o mundo.

Em 2012, poucos resseguradores instalados no Brasil registraram crescimento, totalizando R$ 5,7 bilhões em prêmios de resseguro, praticamente estável ao volume registrado em 2011, informa Marco Castro, presidente do Lloyd’s Brasil. Isso se explica pela maior entrada de concorrentes no Brasil como resseguradores locais. Mesmo assim, o Lloyd’s Brasil, que representa mais de 70 sindicatos, sendo que apenas oito estão instalados no País, avançou 17% no ano passado, com negócios trazidos, em sua grande maioria, pelos cinco maiores corretores de resseguros cadastrados, conta Castro.

Para comemorar o resultado, o Lloyd’s recriou pela segunda vez a famosa sala de subscrição – "Underwriting Room" existente no Lloyd's em Londres, com a presença de 15 sindicatos, totalmente interessados em atender em seus respectivos "boxes" clientes, como seguradoras, grandes empresas e corretores, para discussões e apresentações de seus negócios.

Segundo estatísticas calculadas com base em uma metodologia própria, o ressegurador admitido prevê que, em 2009, o mercado de resseguro brasileiro movimentou prêmios de resseguros de R$ 4,2 bilhões, sendo 87% pelas ressseguradoras locais e 13% pelos admitidos. Em 2010, as admitidas avançaram para 54% do total de R$ 4,6 bilhões, ficando as locais com 46%.

Diante disso, o governo brasileiro mudou as regras, privilegiando as locais, aquelas que investiram capital para ter uma empresa no Brasil. Com isso, em 2011, dos R$ 5,7 bilhões em prêmios, as locais voltaram a liderar os prêmios, com 57% do total, ficando as admitidas com 43%. Em 2012, os dados apontam para um equilíbrio, com locais e admitidos com 50% cada dos R$ 5,7 bilhões arrecadados em resseguro.

Todos os sindicatos do Lloyd’s of London são representados no Brasil, mas apenas oito decidiram estar presentes fisicamente para poder prestar um serviço mais personalizado aos clientes que têm riscos no Brasil. Estar fisicamente aqui ajuda a ter uma parcela mais significativa dos negócios, uma vez que há mais facilidade com o idioma, com a subscrição local bem como por agilizar o fluxo da burocracia dos negócios, comenta o executivo em sua apresentação aos convidados que lotavam o local do evento.

De acordo com dados apresentados por Castro, entre 2008 e 2012, o crescimento dos negócios do Brasil que deram entrada no Lloyd’s foi de 138%. Considerando-se os negócios fechados por sindicatos instalados localmente, oito no total, a alta foi de 268% contra 109% dos que não estão no País. Diante disso e também do aumento da demanda por resseguro à medida que são viabilizados os investimentos para os projetos de infraestrutura, a expectativa é de que outros sindicatos decidam por ter uma base localmente, acredita Castro.

”Vários sindicatos têm avaliado a possibilidade de se estabelecer no Brasil. O fato é que para aqueles que têm interesse em desenvolver negócios faz diferença se estabelecer aqui. Os clientes sentem-se mais a vontade em negociar no idioma local, além da facilidade e rapidez nas negociações”. Entre eles, temos o Talbot, Starr e Allied World e Validus, que atualmente controlam as operações de resseguros via Miami, Estados Unidos, ou Londres, mas avaliam estar presentes localmente em um futuro próximo. “Os países emergentes são prioridade para os resseguradores hoje. Para nós, China e Brasil são os principais mercados, que despertam muito o nosso apetite por riscos que envolvem construções”, disse Diego San Martin, subscritor da Validus presente no boxe da Talbot instalado no salão de negócios montado no hotel Sofitel, no Rio de Janeiro.

Um dos primeiros sindicatos do Lloyd’s a se instalar no Brasil foi o Liberty Syndicates, conhecido em Londres pelo número 4472. Florian Kummer, responsável pelas operações, contou que o grupo negocia contratos automáticos e facultativos de resseguros para toda a América Latina. No início, em 2009, o Brasil representava 70% dos negócios e outros países da região 30%.

Em 2012, essa relação passou para 20% Brasil e outros com 80%. “Isso se deve a queda de taxas no Brasil, que chegaram ao fundo do poço diante da concorrência. Apesar disso, nossos negócios no Brasil continuam crescendo e acredito que a partir de agora, de 2013, começa um novo ciclo pós-abertura e as taxas tendem a ter mais estabilidade. Foi um período muito importante para entendermos os riscos brasileiros e assim continuarmos a ter uma carteira rentável”, disse.[3]

O Starr Syndicate, 1919, que começou a subscrever riscos no Lloyd’s em 2006, procura um executivo para cuidar dos negócios localmente no Brasil. “Mas não está fácil. O tempo todo os colegas falam: não vai roubar ninguém de mim”, conta Henry Arima, responsável pela seguradora do grupo Starr, que recebeu autorização da Susep recentemente. “Estamos estruturando a seguradora e aguardando a aprovação de produtos pela Susep”.

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