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Proteção para riscos de catástrofes naturais ainda é incipiente no Brasil

Fonte; Valor Econômico

Por Denise Bueno | Para o Valor, de São Paulo

Muito se fala que o Brasil é livre de catástrofes. Sim, das naturais pode ser que sim, apesar de as inundações se tornarem mais frequentes e causarem estragos maiores a cada ano. A morte de mais de 240 pessoas na tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, também é considerada pelos especialistas em risco como uma catástrofe, feita pelo homem. Segundo dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), as seguradoras pagaram pouco mais de 20 indenizações aos familiares das vítimas que tinham seguro de vida.

A baixa penetração de seguro em países emergentes é vista como um problema que merece atenção. "O seguro ajuda famílias, empresas ou governos a retomarem o crescimento e por isso é um importante instrumento financeiro para todos", frisa Alfredo Gomez, vice-presidente da Swiss Re. "Quem sofre mais: governo, sociedade ou seguradoras?", indaga.

As catástrofes naturais e os desastres causados pelo homem acarretaram prejuízos econômicas de US$ 186 bilhões em 2012, segundo estudo da Swiss Re, com a perda de aproximadamente 14 mil vidas. As seguradoras pagaram US$ 77 bilhões em indenizações para segurados, sendo 80% do valor para moradores dos EUA, o maior mercado de seguros do mundo. Na América Latina e no Caribe as perdas econômicas totalizaram US$ 4 bilhões em 2012. O custo para as seguradoras foi de apenas US$ 900 milhões.

Uma das prioridades dos resseguradores, por exemplo, é ajudar os governos com catástrofes naturais, desenvolvendo programas financeiros que ajudem o estado em situações de emergência como a da região serrana do Rio de Janeiro. "Hoje esses custos são absorvidos pelo estado, que tem de tirar recursos de outras áreas para socorrer as vítimas", diz Gomez, que negocia com o governo do Rio um plano de resseguros para catástrofes, nos moldes já oferecidos para vários países no mundo.

Segundo levantamento da resseguradora Terra Brasis, a exposição brasileira a inundações é diferente do resto do mundo. Enquanto as inundações representam 70% das indenizações pagas no Brasil, em países europeus elas significam cerca de 30%. "Como vamos conseguir atrair e desenvolver tecnologia e modelos de riscos de inundação brasileira é o grande desafio", argumenta Rodrigo Botti, diretor da Terra Brasis. A questão é como trazer tecnologia.

O primeiro passo é conhecer a fundo o risco e descobrir as possibilidades de cobertura para os impactos econômicos. Uma colaboração importante foi a parceria fechada pela CNSeg com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência e Tecnologia, para prover dados estatísticos sobre a incidência de chuvas para o setor de seguros. Isso tem despertado o apetite das resseguradoras e seguradoras pelos riscos das chuvas.

Geraldo Luis Lino, diretor do movimento de solidariedade Ibero-Americano, autor do livro "A fraude do aquecimento global", defende a tese de que o clima sempre oscilou e causou perdas. A diferença é que hoje as pessoas se preocupam mais com os prejuízos. "As atividades humanas não influenciam o clima em escala global, se limitam às cidades e seus entornos e a micro-climas", afirma.

Ele critica o que chama de "alarmismo climático". "Temos de resolver problemas de hoje e não perder tempo em discutir como o clima estará em 2050", diz. Lino lista prioridades que ainda não são tratadas com atenção. "O Brasil não tem satélite meteorológico próprio. Dependemos do americano e do europeu", diz. Ele também diz que radares meteorológicos não são usados para defesa civil e sim para o fim aeronáutico. Para ele, é preciso melhorar as políticas publicas com conhecimento da dinâmica climática, aumento da resiliência das sociedades às mudanças climáticas e doses de bom senso.

O setor também tem como prioridade ajudar os bombeiros a cumprirem a missão de salvar vidas. Estudo do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), revelou que apenas 14% dos 5570 municípios do país têm bombeiros. Segundo o estudo, acontecem, em média, 200 mil incêndios por ano no Brasil. São mais de 500 por dia. No que se refere a efetivo, apenas o Distrito Federal, o Amapá e o Rio seguem os padrões internacionais de segurança. Segundo a FenSeg, as seguradoras querem contribuir com sua expertise para minimizar o risco de grandes tragédias, bem como ajudar os bombeiros na compra de equipamentos utilizados no combate a incêndios.

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