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Susep propõe ampliar investimentos em imóvel

Fonte Valor Econômico

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) vai propor ao Conselho Monetário Nacional (CMN) ampliar o limite para as seguradoras investirem em Fundos de Investimento Imobiliário (FII). A nova regra deve sair até o fim do ano, e seguradoras como Bradesco Seguros já estão de olho na possibilidade de aumentar seu portfólio de imóveis e diversificar as aplicações de suas reservas, hoje alocadas principalmente em títulos públicos.

Atualmente, as seguradoras do país têm R$ 381,2 bilhões em reservas técnicas, que são os ativos oferecidos como garantia para o pagamento de compromissos futuros. Desse total, 80,8% estão investidos em títulos públicos, 1,52% em renda variável e apenas 0,24% em imóveis e FII, segundo dados da Susep. Há alguns anos está em debate no mercado formas de diversificar a aplicação desse elevado volume de recursos, necessidade agravada agora pela queda da Selic.

Pela resolução do CMN de 2005, as seguradoras podem investir apenas 8% de suas reservas diretamente em imóveis, e outros 10% em FII. A nova regra proposta pela Susep prevê que o limite de fundos de investimento passe a ser de 18%, desde que a seguradora não utilize os 8% destinados a investimentos diretos em imóveis. "A nossa proposta não altera o limite total de investimentos em imóveis, que é de 18%, mas permite que a seguradora invista todo esse limite em fundos imobiliários", explica o diretor técnico da Susep, Danilo Silva.

A autarquia pretende impulsionar os fundos imobiliários pelo fato de essas carteiras serem mais líquidas que os investimentos diretos em imóveis, e contarem com mais transparência na formação de preços. A Susep já discutiu a proposta com o mercado e o Ministério da Fazenda e deve encaminhá-la em breve ao CMN, para aprovação até o fim do ano, informou Silva. As discussões começaram em 2012.

Maior seguradora do país, a Bradesco Seguros tem se reunido com a Susep para tratar do assunto. A instituição tem interesse em ampliar seus investimentos em imóveis, hoje concentrados na empresa BSP Empreendimentos, criada pelo grupo em 2011 justamente para esse fim. A diferença é que o patrimônio de R$ 1,45 bilhão da companhia vem dos recursos livres da seguradora - excedentes que podem ser investidos livremente - não das reservas técnicas.

"Desde 2006, estudamos as melhores alternativas de investimentos para fazer "hegde" para as nossas reservas de longo prazo, principalmente de vida e previdência", diz Samuel Monteiro, presidente da BSP Empreendimentos. "Já naquele ano a gente visualizava a queda da taxa de juros, a estabilidade econômica do país, uma situação de necessidade de desenvolvimento na área imobiliária", completa.

Monteiro apoia a iniciativa da Susep de ampliar o limite para aplicação em imóveis por considerar o teto atual muito baixo, o que torna esses investimentos desinteressantes para a seguradora. A maior parte dos R$ 120 bilhões de reservas técnicas da Bradesco Seguros está investida em títulos públicos. "As reservas livres são limitadas, enquanto as técnicas tendem a subir, já que o mercado segurador tem crescido dois dígitos há vários anos", diz. "Queremos rentabilidade maior, e os fundos imobiliários estão rendendo bem."

A necessidade de diversificação ocorre em meio a um cenário de queda dos resultados financeiros das seguradoras, causada por uma rentabilidade menor das aplicações devido aos juros mais baixos. Dados da Susep mostram que o resultado financeiro das seguradoras caiu 28% no primeiro trimestre de 2013 na comparação com o mesmo período do ano passado, passando de R$ 2,084 bilhões para R$ 1,496 bilhão.

O mercado espera que haja mudanças nas regras do CMN para estimular também outras modalidades de aplicação, como investimentos no exterior, diz Alexandre Leal, superintendente de regulação da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNSeg). Ele lembra que, atualmente, o limite de alocação em papéis de dívida externa é de 10%, sendo que só é permitido aplicar em títulos de países membros do Mercosul.

Questionado sobre o fato de as seguradoras ainda não utilizarem nem mesmo o limite do qual dispõem atualmente para investimentos alternativos aos títulos públicos, Leal alega que "introduzir um fator de risco para um percentual pequeno eventualmente não vale o esforço". "A diversificação é necessária para atender novo ambiente de investimentos", defende o superintendente de regulação da CNSeg.

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