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Negócio de seguros vira plano B de bancos

Fonte: Brasil Econômico

Bancos se mexem para alavancar negócio que cresce até 30% ao ano; BB Seguridade e Caixa fecham novas parcerias e Itaú avalia aquisições
 
O negócio de seguros, previdência, capitalização e corretagem está ganhando novos contornos no Brasil. Com margens pressionadas no crédito e vigilância do governo sobre tarifas de serviços e pagamentos eletrônicos, os bancos começam a se lançar mais fortemente no setor - que começou a ganhar musculatura no país há poucos anos e ainda representa apenas 4% do PIB, ante 12% no Reino Unido.

As estratégias das instituições são variadas. Constituição de novas empresas e parcerias, distribuição de produtos, volta a ramos abandonados no passado e até aquisições fazem parte do cardápio. O ramo do momento é o de previdência - sendo o produto mais popular o Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), que cresce 30% ao ano.
 
Apesar do crescimento forte - 24% entre 2011 e 2012, muito mais do que os 16,2% do crédito -, os bancos ainda vêem muito mais espaço para crescer no ramo, principalmente entre os próprios clientes, onde a penetração ainda é baixa. Dependendo do produto e do banco fica entre 5% a 20%. E já há indícios de consolidação: “Se me perguntarem onde há mais chances de movimentos de compra e venda, entre bancos ou entre seguradoras, a resposta é a segunda opção”, diz Rogério Calderón, diretor corporativo de controladoria e relações com investidores do Itaú. O próprio banco diz que está constantemente avaliando aquisições.
 
A BB Seguridade decidiu voltar a atuar em seguro saúde. Depois de fechar parceria com a Odontoprev na terça-feira para criação da BrasilDental. A empresa do Banco do Brasil está na fase final de um teste piloto para escolher a seguradora de saúde com a qual vai fechar parceria para distribuição do produto. O presidente da instituição, Marcelo Labuto, diz que não quer correr o “risco saúde”, mas que a distribuição é rentável e estratégica, pois ajuda a fidelizar clientes. O executivo não quis revelar o nome da seguradora parceira, que será anunciada no segundo semestre.
 
O Itaú não atua mais no ramo saúde e está de olho em oportunidades de crescimento nos outros ramos do negócio - o que pode passar por novas parcerias e, até, aquisições. “Estamos olhando opções, mas ainda não há nada definido”, diz Calderón. “Pelo nosso tamanho, é natural que todo vendedor venha nos procurar, ainda que seja apenas para valorizar a ‘noiva’”, brinca.

O maior banco privado do Brasil ainda é menor do que o segundo, o Bradesco, exatamente na área de seguros. Os resultados da sua seguradora representam em torno de 14% do total, e no concorrente, 30%. Mas, segundo Calderón, os resultados absolutos das seguradoras, em ambos, são parecidos. No primeiro trimestre, a Bradesco teve resultado de R$ 1,155 bilhão e o Itaú, de R$ 1,354 bilhão.
 
O Bradesco é grande em seguro saúde, que gera muita receita mas também muita indenização; e o Itaú não atua nesse segmento (o banco foi dono de uma das marcas mais conhecidas nos anos 1980, o Hospitaú). Sem considerar o ramo saúde, os prêmios emitidos pelo Itaú até abril (último dado disponível na Superintendência de Seguros Privados, a Susep) era de R$ 8,481 bilhões enquanto no Bradesco, de R$ 8,645. O executivo diz, no entanto, que os preços neste momento estão altos. Por isso, também considera crescer organicamente e não apenas comprando.
 
Em entrevista ao Brasil Econômico no mês passado, o presidente da seguradora AIG para América Latina, Jaime Calvo, disse que a situação estava mudando e que, se antes as seguradoras assediavam os bancos pelo seu canal de distribuição, agora a situação está invertida. Mas o consultor especializado no setor, Flavio Faggion, sócio da Siscorp, acredita que o poder maior continua nas mãos dos bancos: “Os bancos são poucos e podem escolher os parceiros, nacionais ou estrangeiros.”

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