Breaking News

MG: Aumento no número de roubos e furtos de carros encarece seguros

Fonte O Estado de Minas

Além de enfrentar trauma, donos de automóveis que foram alvo de criminosos pagam mais na renovação

Junia Oliveira

Veículo roubado, dor de cabeça na certa. Mas, nesse caso, o bolso também sofre. E não só o de quem foi vítima. Quando o assunto é o mercado de seguros, quanto mais altos os índices dessa modalidade de crime, maior é o preço que se paga para ter uma proteção. Os números são acompanhados de perto pelas seguradoras. Levantamento da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg) obtido com a Secretaria de Estado de Defesa Social mostra que houve 10.884 veículos furtados ou roubados em Minas Gerais nos cinco primeiros meses deste ano. O número é 11,5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Na comparação de 2012 com 2011, o aumento foi de 16%.

O diretor-executivo da Fenseg, Neival Freitas, explica que a alta desses crimes no período foi de 30% e, com as colisões, roubo e furto respondem pelos dois grandes tipos de indenização aos segurados. Ele conta que até 2010 os preços das apólices estavam controlados, por causa da redução desses tipos de crimes, cenário que mudou a partir de 2011. “O aumento de roubos e furtos tem efeito perverso porque provoca aumento direto no seguro. Esse dado é um referencial. À medida que há variação constante desses índices, há como aumentar ou diminuir os preços”, relata, diz.

Em todo o país, foram registrados, de janeiro a maio, 191 mil roubos de veículos, sendo que apenas 436 mil foram recuperados. Em Minas, dos 1.964 veículos levados pelos bandidos no mês passado, somente 41% foram reavidos (816). “Quando o veículo segurado é recuperado antes de a seguradora efetuar a indenização, não gera efeito no preço”, explica Freitas.

De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), de janeiro de 2012 ao mesmo período deste ano, as contratações de seguros para veículos em Minas Gerais movimentaram cerca de R$ 11 bilhões. No período, R$ 3 bilhões foram gastos para reembolsar segurados que tiveram carros roubados. Corretor de seguros há 15 anos, Leonardo Horta, de 35, entende bem o significado dessas cifras. Ele conta que 90% dos clientes que procuram as seguradoras o fazem motivados pelo medo ter o veículo levado por bandidos. “O roubo é o ‘galã’ dos sinistros. As colisões ficam em segundo lugar”, afirma.

A alta nos índices do crime se reflete no mercado e, mais precisamente, no bolso dos motoristas. Quem já passou pela experiência de ter o carro roubado ou furtado sente as consequências no ato da renovação do seguro. Horta explica que, nesses casos, o segurado perde a bonificação e, assim, deverá arcar com um valor mais caro que o pago anteriormente. O corretor calcula que a procura pelo serviço aumentou cerca de 10% desde o ano passado. Já o preço teve reajuste de 10% a 15%. Quem já foi vítima dos criminosos paga uma conta ainda maior. E se o veículo está entre os modelos preferidos dos ladrões, o valor sobe. “Nesses casos, de cada 10 carros, seis são roubados, então as seguradoras consideram que o risco é alto”, diz Horta.

Trauma

A empresária D.A.A, de 41 anos, moradora da Região Nordeste de BH, é uma das clientes de Leonardo. Há alguns anos, ela deixou o carro numa das avenidas mais movimentadas do Bairro Santa Inês para ir rapidamente a um escritório. Quando retornou, minutos depois, o veículo não estava mais lá. A segunda experiência foi traumática. Ela buscava a filha na aula de inglês, por volta das 10h, quando o bandido se aproximou, encostou uma arma na barriga dela e ordenou que a menina, que estava dentro do carro, saísse. Às 12h40, quando ela levou a filha à escola, no Bairro Cidade Nova, também na Região Nordeste, encontrou o carro estacionado e fechado na rua de trás.

“Eu chamei a polícia e me disseram que era normal a pessoa que tem o carro roubado vê-lo pela cidade. Insisti dizendo que eu estava ao lado dele, e depois de muito tempo, uma viatura chegou para me atender”, conta. Mas o desfecho não aliviou o susto: a filha fez tratamento psicológico durante um ano. Dois anos depois, quando buscava a filha na mesma escola, ao estacionar entre dois carros, foi abordada por outro assaltante. Ele pôs a arma na cabeça de D. e a mandou descer. O carro nunca mais foi encontrado. Apenas a bolsa com documentos foi recuperada, três dias depois, no Bairro Aarão Reis.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario