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Sem medo de cara feia

Fonte: IstoÉ Dinheiro
Clientes dos planos de saúde, empresas sem seguros, associações de trabalhadores: o pessoal que assusta a concorrência é a arma da Generali para chegar ao primeiro bilhão de reais no Brasil 

Por Fernando TEIXEIRA

No Brasil há duas décadas, a seguradora Generali sempre teve uma atuação discreta por aqui. Não mais. Agora, a ordem é crescer depressa. A meta é ampliar o faturamento em 130% em dois anos, saltando dos R$ 433 milhões em prêmios obtidos em 2012 para R$ 1 bilhão em 2014. A empresa quer aumentar sua fatia em um mercado que arrecadou R$ 35,9 bilhões no primeiro trimestre, 25% mais que em 2012, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). “Atuamos de forma tímida por 20 anos e não crescíamos porque não tínhamos dinheiro”, diz o português José Ribeiro, CEO da Generali. “Agora chegou a hora de virar a mesa, e sem precisar pedir dinheiro à matriz.”

           José Ribeiro: seguradora fechou acordo com ONG de informática para distribuir seguros
 
A estratégia da seguradora austro-italiana, líder na Europa com receita de € 70 bilhões em 2012, é agressiva. Segundo Ribeiro, o alvo preferencial são os clientes que nunca compraram uma apólice. Para chegar a eles, a Generali aposta na expansão regional e inaugurou uma unidade própria em Salvador em março. “Ela visa atender melhor quem comprou a primeira geladeira, casa ou carro e quer proteger o patrimônio”, diz Ribeiro.“O mercado cresce mais depressa onde há mobilidade social, seja pelos programas governamentais, seja pela expansão da renda.” O executivo diz ter sido surpreendido com o movimento da filial. “Faturamos R$ 1 milhão no primeiro mês, oito vezes mais do que esperávamos”, diz ele.
 
Ribeiro quer mais. “Vamos vender microsseguros para essa população.” Segundo a Confe­deração Nacional das Seguradoras (CNSeg), esse produto pode movimentar até R$ 6 bilhões nos próximos dez anos, o que é muito, pois o preço médio de cada apólice não chega a R$ 10. “Temos de ser criativos para distribuir esses seguros”, diz Ribeiro. Para isso, a Generali associou-se ao terceiro setor e fechou, neste ano, um acordo com a ONG Comitê para a Democratização da Informática, que oferece cursos de informática e atua como correspondente bancário em 780 unidades. Outra excentricidade foi regularizar algumas associações de proteção veicular, que em geral pertencem a sindicatos. Essas entidades recebem prêmios dos “segurados” em troca de proteção, mas nem sempre a apólice é honrada.
 
Elas não são reguladas pela Susep, agem à margem da lei e, pelas estimativas da CNSeg, atendem aos proprietários de 1,5 milhão de veículos. “Vamos transformar contratos em seguros de verdade.” Uma aposta arriscada é a entrada no mercado de saúde suplementar. “Há poucos concorrentes relevantes, o que oferece oportunidades de crescimento”, diz Ribeiro. Não é por acaso: a regulamentação excessiva e o crescimento acelerado dos custos médicos afugentaram os competidores. Outra fonte de prêmios está nos chamados riscos excluídos, as apólices pouco comuns, seja pela peculiaridade da cobertura, seja por atenderem um mercado restrito. “Buscamos empresas que não têm seguro”, afirma Ribeiro. “Basta termos um resseguro para fazermos uma apólice.”

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