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A sustentabilidade como vocação natural do seguro

Fonte: Márcia Alves

Mais do que qualquer outro segmento, a indústria de seguros há muito tempo está na vanguarda em relação ao entendimento e gerenciamento de riscos, atuando na prevenção e atenuação de perdas. No Brasil, entretanto, até meados da década de 90, o gerenciamento de riscos era praticado apenas por um seleto grupo de grandes empresas compradoras de seguros. Talvez, essa condição tenha perdurado por tempo excessivo em virtude dos longos anos de monopólio do resseguro, pela certeza da maioria das empresas de que suas exposições estariam cobertas pelo seguro havendo ou não a prévia gestão de risco.

Felizmente, essa situação mudou radicalmente. As transformações começaram antes mesmo da abertura do mercado de resseguro, estimuladas uma série de fatores, como a globalização e a velocidade das informações, e, em âmbito nacional, pela estabilidade econômica, mobilidade social e maior consciência da população sobre seus direitos e deveres de preservação ambiental. Também o cenário de riscos, em constante e célere evolução, ganhou maior complexidade com o surgimento de novas exposições relacionadas ao clima, à tecnologia, ao arcabouço regulatório etc.

Nesse ínterim, o gerenciamento de riscos se tornou parte de um conceito global muito mais amplo, que passou a considerar também as questões ambientais, sociais e de governança. Trata-se da sustentabilidade, que correlaciona e integra de forma organizada e equilibrada os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade.

A sustentabilidade pode não ser um termo usual no vocabulário da população brasileira, mas, certamente, está presente no seu cotidiano. Os conceitos sustentáveis estão em produtos desenvolvidos de acordo com diretrizes de preservação da natureza, em legislações que promovem a inclusão social e os direitos humanos, e, ainda, na aplicação prática do gerenciamento dos riscos que ameaçam vidas ou impactam na evolução social e econômica do país.

Na tarefa de garantir e preservar vidas, bens e patrimônios, o setor de seguros tem por vocação natural a sustentabilidade. Afinal, sua atividade principal é gerenciar e assumir riscos, compartilhando com todos os envolvidos na cadeia de valor novas formas de prevenção e proteção.

Um marco na evolução do seguro brasileiro foi a adesão, em 2012, aos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (Principles for Sustainability Insurance - PSI), formulados pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – UNEP FI. De acordo com a ONU, os PSI fornecem diretrizes globais para elaborar e ampliar soluções inovadoras de gestão de riscos e seguros, necessárias para promover energia renovável, água limpa, segurança alimentar, cidades sustentáveis e comunidades resistentes a desastres, entre outros.

Em fase de adequação ao PSI, as empresas de seguro do país já acumulam diversas iniciativas sustentáveis, algumas em âmbito interno, como a reutilização, reciclagem e destinação adequada de resíduos, outras no relacionamento com clientes, estimulando o consumo consciente e a eficiência energética nos processos, e, a mais importante, em sua atividade, na subscrição de riscos e desenvolvimento de produtos.

Uma informação relevante consta no último Balanço Social, divulgado em julho pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), segundo o qual quase 60% das seguradoras adotam políticas de aceitação para fornecedores. Na prática, essa iniciativa pode representar a recusa de cobertura de riscos para empresas, por exemplo, que não tenham a licença ambiental para seus empreendimentos.

Sem dúvida, este é um avanço e tanto para um setor que há pouco mais de uma década ainda dava os primeiros passos no gerenciamento de risco e pouco interesse manifestava pela sustentabilidade e responsabilidade social. Hoje, mais do que nunca o desenvolvimento da indústria de seguros é baseado em práticas sustentáveis, essenciais em um mundo de recursos finitos, além de coerente com os princípios e valores fundamentais de um setor cuja atividade está diretamente vinculada à prevenção e ao gerenciamento de riscos.

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