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Faltam informações para a criação de seguros na área agrícola

Fonte O Povo

Maior obstáculo para produtos de seguro para o semiárido é a falta de dados sobre efeitos da seca, segundo especialistas do setor

Bruno Cabral
brunocabral@opovo.com.br

Comum em outros países, os seguros contra desastres naturais ainda são pouco utilizados no Brasil. Para o semiárido do Nordeste, esse tipo de produto poderia amenizar, por exemplo, os efeitos das secas na agricultura e na pecuária. No entanto, há ausência de um banco de dados que dê subsídio de informações às seguradoras sobre a ocorrência desses fenômenos.

“É preciso que você tenha informações, que você consiga ter previsibilidade, para que possa oferecer um produto que seja viável para os dois lados, para quem está adquirindo e para quem está comercializando (seguro)”, disse Mário Viola, gerente de Projetos Especiais da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), durante a conferência “Mudanças Climáticas e Desastres Naturais no Brasil: desafios e oportunidades para o setor de seguros”, realizada na última quinta-feira, no Rio de Janeiro. O evento foi promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Associação de Genebra, com o apoio da CNseg.

De acordo com Viola, o mercado de seguros tem buscado estudos de modelos preditivos por meio de convênios com a academia. “Isso já auxilia o setor de seguro para bolar produtos que sejam adequados a essa nova realidade. Mas isso ainda é muito recente. A gente não tem o histórico de informações. (...) O segurador trabalha com mapa do passado, mas a gente não tem esse passado de informação”. Para Carlos Nobre, secretário nacional de Política P & D do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e membro titular da ABC, um dos problemas é que os sistemas de monitoramento são vistos como custo no Brasil “e não como investimento, como deveria ser”.

Nobre diz que outro motivo para que o semiárido do Nordeste esteja fora do seguro agrícola é que o risco é muito alto para as seguradoras. “Então, nas regiões mais pobres, o grande segurador é o governo, por meio dos programas emergenciais”, ele diz. Porém, José A. Marengo, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), cita o exemplo do Peru, onde há companhias de seguros que assistem pequenos produtores. “Não é muito dinheiro, mas eles asseguram”, ele diz. “(No Brasil) isso deveria ser colocado não tanto pelo Banco do Brasil, ou pelo governo. Mas pelas empresas privadas. Agora falta motivá-las a fazer isso”. Contudo, no caso específico do semiárido, Marengo reconhece os riscos de assegurar pequenos produtores que dependem do programa Bolsa Família,por exemplo.

Apesar dessas dificuldades, Mário Viola diz que o setor de seguro vê as classes C e D como potencial de novos mercados, “tanto que está investindo em micros-seguro, buscando alternativas que sejam viáveis. Mas a informação é a matéria principal para o setor, para conhecer o risco e poder criar produtos que sejam adequados àquele tipo de risco”, ele enfatiza.

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