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Seguro para instituições financeiras fica mais caro

Fonte Valor Econômico

Por Thais Folego | De São Paulo

Os seguros de fraude e de executivos ficou mais caro para instituições financeiras no segundo trimestre. Liquidação de bancos de médio porte, regulação mais dura no setor e cenário econômico fraco são os fatores que explicam essa alta. O valor das apólices de responsabilidade civil de administradores (D&O, na sigla em inglês) e de riscos de fraudes (BBB, em inglês) das instituições financeiras subiram até 10% nas renovações que ocorreram no período, segundo estudo da corretora de seguros Marsh.

O D&O é contratado pelas empresas para proteger o executivo em caso de reclamações de terceiros (seja de regulador, funcionário, fornecedor ou acionista) relacionadas às suas responsabilidades como administrador de empresa, muitas vezes exigindo ressarcimento com o patrimônio pessoal do executivo. Já o seguro de fraudes tem várias coberturas, mas a principal é a de proteger o banco contra perdas derivadas de atos desonestos de funcionários (também é conhecido como seguro de fidelidade).




O número limitado de seguradoras que oferecem seguros para instituições financeiras também contribui para a tendência de alta, segundo Mauro Leite, líder das práticas de responsabilidade civil e linhas financeiras da Marsh Brasil. Atuam neste segmento no país Ace, AIG, Chubb, Itaú Seguros e Zurich. Para empresas não financeiras, o número de seguradoras que oferecem o seguro de D&O, por exemplo, soma mais de 20.

Nos últimos dois anos, várias instituições foram liquidadas pelo Banco Central, entre eles os bancos Morada, Cruzeiro do Sul, BVA, Prosper e Rural, além da financeira Oboé.

Com isso, a percepção de risco com o segmento de médios bancos tem crescido nos últimos tempos. "A percepção da seguradora é a mesma de uma pessoa comum que tem que escolher onde vai investir o seu dinheiro: em um banco grande ou médio, que oferece uma rentabilidade maior, mas tem menor liquidez", exemplifica.

O consultor Luis Nagamine pondera, porém, que o mercado não avalia que esses casos representam um risco sistêmico do segmento. Ele lembra que em alguns bancos foram comprovadas fraudes e má gestão, o que não reflete a realidade de todos os médios bancos do país.

A economia local desaquecida exerce pressão sobre o setor bancário, avalia Marcos Fugise, diretor técnico da resseguradora da AIG. Ele explica que, por um lado, os acionistas cobram resultados, enquanto do outro, o mercado não está interessante, o que pode levar decisões tomadas hoje gerarem perdas no futuro.

Nagamine lembra que a pressão do governo para a redução dos spreads dos bancos, com o objetivo de aumentar o poder de compra da população, também impacta o balanço das instituições.

O seguro de responsabilidade de executivo é contratado pela maioria das instituições financeiras no Brasil (veja tabela acima). O mesmo não ocorre com o seguro de fraudes.

Segundo Nagamine, a maior parte dos grandes bancos nacionais não contrata essa apólice, pois não faz parte de sua política de risco. "Eles avaliam que são riscos de negócios e não querem abrir informações que julgam ser estratégicas." O diretor da AIG lembra também que, no Brasil, os bancos foram passando, ao longo dos anos, parte de seus riscos para as empresas de transportes de valores. Já os bancos internacionais que atuam no país compram essa cobertura, que faz parte de suas políticas globais.

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