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SulAmérica quer atrair fundações ao exterior

Fonte Valor Econômico

Por Thais Folego | De São Paulo

 Mello, da SulAmérica, e Maureen, da americana Pantheon: parceria em um fundo de private equity para investir no exterior

A SulAmérica Investimentos fechou parceria com a gestora americana Pantheon para estruturar um fundo de private equity, que vai investir em participação de empresas fora do país, voltado para o investimento de fundos de pensão brasileiros. O fundo está programado para ser lançado entre o fim deste ano e começo do próximo, e vai aplicar em companhias americanas, europeias e asiáticas.

"Estávamos procurando há algum tempo um parceiro lá fora de olho na demanda dos investidores institucionais brasileiros", diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos. A Pantheon é uma gestora especializada em private equity que tem US$ 24 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões) em ativos sob gestão, com aproximadamente 400 investidores institucionais na base de clientes.

Neste ano, a casa já levantou recursos em países latino-americanos, como Chile, Colômbia e Peru, segundo Maureen Downey, sócia-diretora da Pantheon. No Brasil, a gestora americana já comprou participação em algumas empresas e tem outras no radar. Agora, procura também captar recursos.

Fechado o acordo operacional entre as gestoras, elas vão agora fazer "road shows" para apresentar o fundo para as fundações, além de ações educativas para explicar a estrutura e os fundamentos do investimento, programa que a Pantheon oferece para seus investidores em outros países.

A gestora da SulAmérica tem hoje R$ 18,8 bilhões sob gestão, sendo 70% desse volume de terceiros, e aproximadamente 160 fundos de pensão na base de clientes.

O fundo local será criado e gerido pela SulAmérica e vai comprar cotas de fundos escolhidos pela Pantheon lá fora. Segundo Mello, serão selecionados tanto fundos em estágio inicial quanto carteiras mais maduras. A aplicação em cotas de fundos já em operação conta com a vantagem de reduzir o efeito da chamada "curva J" - que representa o ciclo de um fundo tradicional de private equity, negativo durante a fase de investimentos e positivo nos anos de venda das participações. "Com isso, o fluxo de caixa vai vir mais cedo", diz Maureen.

O fundo não vai fazer hedge (proteção) cambial. "Esse investimento também traz uma diversificação em moeda para um mercado que hoje só investe em real", diz Mello. Ele afirma que a volatilidade do câmbio é mitigada por se tratar de uma aplicação de longo prazo. "Estamos falando de um investimento com estrutura de sete a 10 anos", diz o gestor.

Segundo dados da Abrapp, associação que reúne os fundos de pensão no país, dos R$ 640 bilhões em recursos, as fundações alocam apenas 2,3% em private equity e 0,1% em aplicações no exterior. Pela regulamentação atual, os fundos de pensão podem investir até 10% de seu patrimônio fora do país. No Chile, por exemplo, as fundações investem cerca de 40% de seus recursos no exterior.

Os fundos de pensão brasileiros receberam o aval para aplicar no exterior em 2007, com um percentual menor e menos alternativas de veículos de investimentos do que hoje, mas pouco foi feito de lá para cá. "Naquela época o Brasil ainda tinha taxas de juros elevadas e, por isso, as fundações não tinham necessidade de estudar alocações no exterior", lembra Mello.

Com um cenário totalmente diferente - taxa de juros real em patamar baixo, renda fixa enfrentando grande volatilidade e bolsa local com perda superior a 10% no ano -, um grupo de fundações lideradas pela Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, prepara o primeiro aporte em fundos de ações estrangeiros até o fim deste ano (leia mais abaixo).

A gestora da SulAmérica também aproveita este movimento para lançar o seu fundo. "O pontapé desses grandes fundos de pensão mostra para o setor que essa estratégia de alocação é importante para passivos de longo prazo", diz Mello. A SulAmérica é uma empresa de capital aberto e, por isso, Mello não pode dar estimativas de quanto espera que o fundo capte.

Segundo Maureen, os fundos de pensão de outros países investem em média 10% de seus recursos em aplicações alternativas, o que inclui private equity e fundos de hedge. Segundo Mello, este não é um movimento que vai acontecer do dia para a noite, mas que essa é a hora de começar.

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