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Competição reduz ganho do resseguro

Fonte: Valor Econômico

Por Roseli Loturco e Luiz De França | Para o Valor, de São Paulo

O mercado de resseguros vive o desafio de definir o seu real tamanho. A dúvida é saber quantas operadoras cabem neste ramo de atividade que somou R$ 6,83 bilhões em prêmios brutos nos 12 meses encerrados em junho. Há meia década, o Brasil derrubava o monopólio da ex-estatal IRB-Brasil Resseguros, abrindo a porta do mercado à iniciativa privada.

Hoje, são 109 companhias cadastradas e autorizadas a fazer negócios no país - 14 delas com sede no Brasil, 31 sediadas no exterior com representação no país, conhecidas como admitidas, e 64 operando de forma eventual.

Apenas no último ano foram criadas seis empresas locais. Acompanhando o ritmo de crescimento de dois dígitos das seguradoras, o resseguro cresceu 11,1% no primeiro semestre, ante junho de 2012, quando acumulava R$ 6,15 bilhões, segundo relatório da Terra Brasis Resseguradora.

Ter gente demais em um mercado aberto há pouco tempo pode atrapalhar a margem de retorno. Essa é a explicação dada por especialistas à diminuição do valor dos prêmios cedidos pelas seguradoras às resseguradoras. Somado ao aumento da sinistralidade, esses dois fatores causaram um prejuízo de R$ 81,8 milhões entre as operadoras locais nos primeiros seis meses do ano, ante lucro de R$ 108,8 milhões no mesmo período de 2012. O saldo negativo foi puxado pelo IRB-Brasil Re, que amargou perdas de R$ 83 milhões. Em 2012, nesse mesmo período, o lucro tinha sido positivo, de R$ 50 milhões. Apesar de ser a quinta colocada no ranking das resseguradoras locais em volume de prêmio, a Mapfre Re foi a que apresentou maior lucro no primeiro semestre deste ano, de R$ 7 milhões, seguida pela XL, com R$ 6 milhões e pela JM, R$ 5 milhões. "A explicação está na sazonalidade. O IRB tem peculiaridades. Historicamente, o primeiro semestre é ruim, pois o sinistro do setor agro é maior no período. Os melhores resultados vêm na segunda metade do ano, quando há concentração de vencimentos", afirma Leonardo André Paixão, presidente do IRB Brasil Resseguros, que encerrou junho com R$ 1,35 bilhão em prêmios.

Paixão admite que o resultado financeiro também foi influenciado pela queda da taxa de juro da economia no início do ano.

Para evitar a canibalização, o desafio é inovar na criação de produtos e coberturas. Para quem acabou de chegar, a briga é ainda maior. "Vamos focar em melhores práticas operacionais, equalização dos procedimentos contábeis, desenvolvimento de profissionais e ter visão de longo prazo", diz Rodrigo Botti, diretor de risco da Terra Brasis. "Esse mercado hoje está muito povoado e não comporta tantos players. Alguns ou vão parar de operar aqui ou passarão por compras e fusões", diz Andre Gregori, presidente da resseguradora do BTG Pactual, outra novata que iniciou suas atividades este ano.

De olho na possível retomada de grandes obras de infraestrutura, resseguradoras internacionais apostam numa maior participação do Brasil em suas receitas globais. A AGCS, que espera crescer de 12% a 15% ao ano, planeja aumentar a representação brasileira na AGCS Global para 5% até o final de 2014. "A gente tem um foco maior em um universo de 200 empresas que faturam mais de R$ 1 bilhão por ano. O que não é pouco", diz Angelo Colombo, presidente da AGCS, do grupo Allianz.

Operando como local desde junho de 2012 em quase todos os ramos, a Swiss Re pretende aumentar a participação de cinco países - Brasil, México, Índia, China e Indonésia - na receita global da empresa de 10% para 20% até 2020. "O mercado brasileiro vem amadurecendo rapidamente e de maneira impressionante. Os brasileiros têm uma capacidade de aprender rápido", diz Margo Black, presidente da Swiss RE Brasil e head para América Latina.

A Munich Re planeja crescer de 15% a 17% este ano, mas tem uma operação brasileira que fatura apenas 0,28% da Munich RE Global. "Acreditamos que no próximo ano deve haver uma retomada nas áreas de energia, petróleo, aeroportos e rodovias que deverão impulsionar esse setor", diz Oliver Seitz, diretor administrativo e financeiro.
 
 

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