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Sistema de defesa

Fonte: Valor Econômico

Por Denise Bueno | Para o Valor, de São Paulo

O desenvolvimento de um mercado de seguros de longo prazo é fundamental para suportar o crescimento sustentado da economia. E vice-versa. Esse é o mantra que move os executivos do setor, que preparam suas companhias para chegar em 2025 capitalizadas e rentáveis. Eles investem para que a indústria saia do patamar de R$ 253 bilhões em arrecadação registrado em 2012 para R$ 768 bilhões em 2025. Isso significa um crescimento anual nominal médio de 17% no período. "Se existe algo no Brasil que cresce como a China é seguro. Saímos de uma representação de 0,8% no PIB para 5,7% em uma década", diz Marco Antonio Rossi, presidente da Confederação das Seguradoras, a CNseg.

Esse avanço será possível com a mudança já em curso. O foco passou do produto para o cliente na maioria das companhias. "A principal estratégia hoje, e que continuará válida para os próximos anos, ultrapassa o viés orçamentário, sempre sujeito às oscilações do mercado. Tudo pode mudar - produtos, serviços, tecnologias, etc. - mas, no final das contas, o cliente sempre vai priorizar a qualidade aliada a um atendimento gentil e eficaz", afirma Fabio Luchetti, presidente da Porto Seguro.
 
Isso significa uma grande mudança para um setor que até pouco tempo atrás tinha preços tabelados. A venda de seguros pessoais, para bens como carro e residência, planos de saúde e odontológico, e também proteções financeiras, como vida, previdência e responsabilidade civil serão os grandes propulsores desta indústria, com ativos superiores a R$ 300 bilhões.

Riscos corporativos são considerados na projeção para 2025. "Melhorar a infraestrutura é crucial e isso trará muitas oportunidades para o mercado de resseguros", diz Marco Antônio de Simas Castro, presidente do escritório local do Lloyd's of London, principal mercado de seguros do mundo. A expectativa é de que os leilões de concessões de aeroportos, ferrovias e rodovias atinjam valores segurados de R$ 47 bilhões, o que representaria vendas de seguros próximas de R$ 720 milhões, considerando-se apenas os de garantia e de engenharia.

A aposta do setor de seguros é de que em 2025 o Brasil poderá ser a 5ª maior economia do mundo, à frente de Alemanha, Reino Unido e França. Atualmente, é a 7ª.

Os dados relatados fazem parte da organização do principal evento das seguradoras, que acontece dias 22 e 23 de outubro, em Brasília. A Conseguro chega à sua sexta edição com um tom bem diferente dos eventos anteriores. Nada mais de mudança de arcabouço regulatório, fusões e aquisições, abertura do resseguro ou desenvolvimento de canais alternativos de vendas. A discussão agora é: "O cliente quer comprar seguro. Descubra qual produto ele quer, em qual canal quer ser atendido, quanto pode pagar e como quer fazer o pagamento".

"Não tenho dúvida de que os esforços das seguradoras e da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que recentemente regulamentou a venda de seguro por meios remotos, irá elevar o consumo per capita de seguros do Brasil para um patamar mais condizente com o tamanho da economia, mediante a oferta de produtos e serviços inovadores, com preços acessíveis", diz Rossi.

Os estrangeiros também mantêm firme a aposta no Brasil. Segundo projeções da maior resseguradora do mundo, a Munich Re, o Brasil galgará sete posições até 2020, deixando de ser o 15º maior mercado mundial para ser o 8º. A empresa tem interesse em vários nichos do mercado local, principalmente projetos de infraestrutura, proteção financeira para riscos climáticos e agronegócios.

O olhar de longo prazo considera que a economia apenas deu uma derrapada neste ano, o que gerou uma deterioração dos principais indicadores. A tábua de salvação tem sido a manutenção do nível de desemprego em um dos patamares mais baixos da história. Mas isso só não basta. É preciso elevar a renda. Em 2012, o PIB per capita do Brasil foi de US$ 11,8 mil e o dos Estados Unidos, de US$ 49,9 mil, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

É por acreditar na melhoria geral da conjuntura que os investimentos continuam. A Zurich aporta US$ 100 milhões no período de três anos em tecnologia e pessoas para estar entre os cinco maiores grupos em 2025. "Contamos com a premissa de que a renda média do brasileiro, que hoje representa 25% do ganho do americano, passe para 40%. Já é um bom indicador de que haverá dinheiro para comprar seguro e poupar para o futuro", acrescenta Richard Vinhosa CEO da área de vida e previdência da Zurich.

A Liberty também aposta em tecnologia e pessoas. "O plano é chegar a 2025 com a oferta de atendimento, serviços e produtos excepcionais a nossos clientes e corretores", diz Pablo Barahona, CEO da Liberty Seguros.

Segundo o consultor Flávio Faggion, o setor de seguros, previdência aberta e títulos de capitalização cresceu 15% em vendas, para R$ 114 bilhões, até agosto, comparado ao mesmo período de 2012, e mais R$ 50 bilhões em planos de saúde e odontológicos até junho. "No entanto, agosto é o 3º mês consecutivo em que o VGBL tem crescimento negativo."
 
 

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