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Crítica a sites de multicálculos na carteira de veículos

Fonte: Jornal do Commercio - EJ

Porto Seguro teme que ferramentas de comparação de preços, “criadas com a retórica de facilitar o corretor”, condicionem o consumidor a buscar apenas o menor preço do produto na tela do computador

O avanço tecnológico, que permite a utilização de novos canais de atendimento ao consumidor, nem sempre traz bons resultados para o sistema de seguros. Muito pelo contrário, segundo avaliação do presidente da Porto Seguro, Fabio Luchetti, para quem a experiência internacional mostra que é indispensável usar com cautela algumas das novas ferramentas. Ele sustentou que o mercado inglês, por exemplo, foi seriamente afetado pelos sites de comparação de preços, com aumento das fraudes, guerra de preços e queda de qualidade no atendimento ao consumidor. O resultado, para ele, tem sido bastante ruim.

Fabio Luchetti disse ainda que os sites de comparação de preços acabaram induzindo o consumidor a fazer sua escolha com base apenas no preço, o que acirrou a concorrência. Ele comentou que, lá, os chamados multicálculos foram criados com a retórica de facilitar a vida dos corretores. Contudo, passado algum tempo, o que se viu foi o aumento da ansiedade no canal de distribuição, cenário que desencadeou uma guerra de preços entre os corretores. “Primeiro conquisto o cliente, depois vejo o que faço, era o pensamento”, assinalou o executivo, ao participar de recente evento organizado pelo Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP). Ele acrescentou que, logo, as seguradoras também passaram a “brigar” por preço, o que prejudicou o mercado e reduziu “a percepção de valor do corretor”.

De acordo com o executivo, esse cenário conturbado condicionou o consumidor a buscar preço na tela do computador. “Bastava responder 45 perguntas e, em apenas cinco minutos, 30 a 40 seguradoras enviavam seus preços. Então, o consumidor pensava: era isso que o corretor fazia para mim a vida inteira?”, indagou.

Fabio Luchetti contou que, aos poucos, os corretores de maior porte foram fortemente impactados e os pequenos e médios dizimados. “O mercado inglês é, agora, para os poucos grandes corretores e brokers que sobraram nesse caos todo que foi instalado lá”, apontou.

De acordo com o presidente da Porto Seguro, atualmente, o canal corretor de seguros representa 90% do mercado brasileiro. Os sites de comparação de preços respondem por apenas 0,10%, mas “incomodam muito”.

Outro problema observado por ele foi o aumento “absurdo” das fraudes no mercado inglês. “As seguradoras, na ânsia de vender, acharam por bem trocar a comissão de corretor por despesas de publicidade. Não consideraram que o corretor é filtro do mercado, faz underwriting. O corretor precisa da rentabilidade e não tem interesse em mandar risco ruim para a seguradora. O resultado é que as receitas das seguradoras estão com prejuízo desde 2010”, afirmou Fabio Luchetti.

Ele disse que a internet é uma solução brilhante para corretores e seguradoras, mas também pode ser um “problemão” se não tiver controle de como as coisas serão introduzidas na indústria. “Hoje, pesquisei no Google seguro de automóvel e tudo o que apareceu foram sites de comparação de preços. Com isso, estamos condicionando o consumidor, criando uma tendência”, alertou o executivo.

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