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Itaú coloca seguradora de grandes riscos à venda

Fonte: Valor Econômico

O Itaú Unibanco colocou a sua seguradora de grandes riscos à venda. A decisão foi tomada pela direção do banco no fim do ano passado e as matrizes de pelo menos dez grandes seguradoras estrangeiras receberam o prospecto da operação, apurou o Valor.

O que está na mesa é a divisão de seguros corporativos, que envolve grandes riscos. Essa carteira fatura cerca de R$ 1,7 bilhão em prêmios de seguros por ano e tem grandes empresas como clientes, entre elas a Petrobras.

Entre as companhias que receberam o documento, que continha informações básicas sobre a operação e convidava para um "data room", estão a americana Ace, a alemã Allianz, a francesa Axa, a canadense Fairfax, a italiana Generali e a suíça Zurich.

Na apresentação, o banco explica que tem interesse em vender a operação por uma questão de custo de capital. Pelas regras de Basileia 3, que entraram em vigor em 2013, as atividades de seguro consomem mais capital dos bancos que a regra anterior. O índice de Basileia mede a capacidade de alavancagem dos bancos.

Como a atividade de grandes riscos usa muito resseguro - meio pelo qual as seguradoras pulverizam o seu risco -, o banco também corre o risco de crédito das companhias resseguradoras com as quais trabalha.

Ao redor do mundo, a atividade de grandes riscos é dominada por seguradoras especializadas não ligadas a banco, como as que estão de olho na carteira do Itaú. Isso ocorre porque a rentabilidade dessa atividade é menor do que a de produtos bancários. O retorno sobre capital do Itaú gira em torno de 20%, enquanto a média das operações de grandes riscos no mundo é de 10%. Além disso, é um segmento muito volátil, em que pode-se ganhar muito em um ano, mas também perder muito em outro, o que não é interessante para um banco.

Procurado, o Itaú disse que não comentaria o assunto, mas não negou a informação sobre a negociação. A Generali Brasil disse que "não comenta temas de cunho estratégico" - o presidente da seguradora no Brasil, José Ribeiro, teria se reunido com Roberto Setubal no fim do ano. A Zurich informou que "não comenta rumores de mercado". Já a Allianz negou que esteja negociando, mas, coincidência ou não, a principal executiva de fusões e aquisições do grupo desembarca hoje no Brasil. Ace, Fairfax e Axa não comentaram.

No prospecto enviado aos possíveis compradores, o banco não estabelece um preço para a operação. Faz apenas um exercício e mostra os múltiplos das últimas operações de compra e venda de seguradoras no país, em torno de 1,2 vez o patrimônio da empresa.

Não faz parte da transação a operação de seguros de varejo, que tem no balcão do banco seu principal canal de distribuição, no qual a instituição é sócia da Porto Seguro nas carteiras de seguros de automóvel e residencial.

O que está em jogo são partes da seguradora chamada Itaú Seguros S.A., que de janeiro a novembro de 2013 faturou R$ 6,5 bilhões e lucrou R$ 1,5 bilhão, segundo dados da Susep, órgão que fiscaliza o setor. Nela, além dos seguros de grandes empresas, está a carteira de garantia estendida, produto popular no varejo de eletrodomésticos que sozinho fatura R$ 1,3 bilhão. Essa operação, por exemplo, não está à venda.

A forma como a venda será feita ainda não está clara para os possíveis compradores. Dois caminhos são possíveis: vender as carteiras, processo mais rápido, ou colocá-las sobre uma única empresa e vendê-la, processo mais complexo do ponto de vista regulatório.

Os negócios que têm ligação com produtos bancários não fazem parte da transação, pois, ao contrário da atividade de grandes riscos, têm rentabilidade atrativa. As apólices de pessoas têm receitas muito mais estáveis e rentabilidade maior, na casa dos 30%.

Desde a fusão com o Unibanco, em 2008, o Itaú tem buscado ganhar eficiência na operação bancária. Agora, parece ter chegado a vez do negócio de seguros. Antes da fusão, o Unibanco e o Itaú eram os líderes do mercado de grandes riscos. Ambos operavam o negócio por meio de associações com seguradoras especializadas estrangeiras: o Unibanco com a AIG e o Itaú com a XL.

A joint venture com a AIG foi encerrada logo após a fusão dos bancos, depois que a seguradora americana recebeu socorro financeiro do governo dos Estados Unidos na crise. Em 2009, o Itaú comprou a parte da XL na operação e também encerrou a associação.


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