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Saúde Suplementar: Trajetória é de alta neste ano

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

Renda de famílias maior, desemprego baixo e demanda por empresas de planos neutralizam efeitos negativos gerados pela previsão de baixo crescimento da economia e por incertezas regulatórias

Arenda das famílias e a taxa de desemprego reduzida são os principais suportes para o crescimento dos negócios de saúde suplementar este ano. Convivendo com uma desaceleração desde 2011, em virtude de situação macroeconômica mais complicada, o mercado projeta expansão de algo entre 3,5% e 4% no faturamento anual, taxa menor que os 5,5% registrados nos anos anteriores a 2011, informa o presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Marcio Sêroa Coriolano.

Também o fato de a aquisição de planos médicos ou odontológicos (ou ambos) ter se tornado uma prioridade para as empresas, independente porte, é outra contribuição importante para a continuidade do crescimento. Por modalidade, a perspectiva é de que a taxa dos planos médicos situe-se em 3,2% este ano, ao passo que, nos odontológicos, haja uma reação mais forte, superando a fraca taxa de 2013, de 4,2% até setembro, contra uma faixa de 17% dos seis anos imediatamente anteriores.

De qualquer forma, a venda  de planos de saúde continuará com folgas em relação à taxa de crescimento da população, de 0,8% mas estará, dos pares do mercado segurador consolidado (seguros gerais, previdência
privada aberta e capitalização) entre o de menor desempenho em termos de crescimento percentual. Nos últimos anos, seguros gerais,  previdência e capitalização exibem crescimento médio na casa de dois dígitos, ao passo que saúde suplementar, entre 3,5% e 4% anuais.

O marco regulatório, impreciso  na avaliação do mercado, é uma espada na cabeça do setor, gerando interrupções nas vendas pelo descumprimento de prazos fixados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Marcio Coriolano cita estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), para destacar que em países como Canadá, Suécia e França, por exemplo, metade da população aguarda quatro semanas por uma consulta com especialista e mais de quatro meses para realizar uma cirurgia eletiva (20% da   população, no caso).

No Brasil, a ANS determina que as consultas dos segurados devam ser realizadas em sete dias e em 21 para cirurgias eletivas. “Ainda assim, as empenham-se em atender às regulamentações dentro dos prazos estabelecidos, mesmo diante da insuficiência de infraestrutura médica em várias localidades do País", afirma ele, esperançoso de que, a partir da criação de um grupo de trabalho para debater a reforma dos critérios  de monitoramento do atendimento, iniciativa proposta pela FenaSaúde e acolhida pela ANS, ocorram ajustes na metodologia, de modo que seja  refundada com bases de previsibilidade para todo o sistema. "Apoiamos a regulamentação do mercado, mas precisamos de um marco que opere em favor dos beneficiários dos planos de saúde e também da sustentabilidade  do mercado", destaca ele, para quem a “ FenaSaúde defende critérios de avaliação transparentes e a adoção de metodologias precisas de monitoramento do atendimento, que espelhem a realidade de cada operadora avaliada, reduzindo as incertezas no processo de apuração das reclamações dos beneficiários de planos de saúde”.

Desafios

A despeito da conjuntura, as maiores ameaças para a saúde privada, assim como a  saúde pública, estão à espreita e são de outra natureza, como os efeitos das transições etária e epidemiológica, e da longevidade. “A capacidade de reagir a mudanças sociais e econômicas varia de operadora para operadora, de acordo com o porte de cada empresa, composição de suas carteiras e estratégias comerciais. Mas todas já estão se
preparando para um cenário futuro de maiores riscos, fruto da nova demografia. O cardápio de medidas não muda muito: realismo tarifário, gestão ativa de custos assistenciais, incentivo à promoção da saúde e à prevenção de doenças”, diz ele.

Antes disso, a inflação médica é outro problema que já bate à porta das operadoras recorrentemente. Isso porque a inflação médica continua descolada da inflação que mede os demais preços da economia, pressionando os custos das empresas. “Isso ocorre principalmente por razões de ordem tecnológica, mas também tem grande influência da cadeia de insumos e da frequência de uso”, explica ele, para quem há urgência por mais transparência na formação dos custos assistenciais, especialmente na indústria de  materiais e medicamentos. Em 2012, as despesas assistenciais das associadas à Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) somaram R$ 30,5 bilhões. Mais da metade destas despesas (R$ 15,8 bilhões) foi devido a internações,  sendo cerca de 66% destes custos provenientes de órteses, próteses e materiais de alto custo.

É necessário rever tais práticas, o que significa proteger o consumidor de desperdícios e da prescrição de procedimentos que não atendem aos protocolos ou às diretrizes clínicas ou de utilização. Nesse sentido, a ANS também já se comprometeu a incluir a questão dos custos na agenda regulatória do setor. Afinal, “a incorporação tecnológica é importante, mas cada procedimento e equipamento acrescidos às rotinas de tratamentos devem ter sua eficiência e seus resultados comprovados, sendo adotados apenas quando indispensáveis ao restabelecimento da saúde”, disse ele, lembrando que a FenaSaúde tem liderado as discussões e propôs a criação de uma câmara técnica para avaliar e  discutir a incorporação tecnológica,  segundo critérios de custo-efetividade.

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