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Resultado financeiro de seguradoras compensa aumento de sinistros

Fonte: Cruzeiro do Sul

A maior taxa básica de juros (Selic) garantiu às seguradoras um impulso no resultado do primeiro trimestre apesar do aumento da sinistralidade, principalmente no segmento de automóveis, que teve seu desempenho operacional afetado pelo incremento de roubo e furto nas grandes capitais. O maior ganho com a rentabilidade das aplicações das reservas técnicas, contudo, não deve pressionar os preços para baixo neste ano, como ocorre de costume, uma vez que o elevado número de sinistros e pressões por eficiência colocam um desafio operacional à frente dessas companhias.

No mercado financeiro, mesmo com o alívio obtido com o aumento da Selic - que saiu de 7,25% em março do ano passado para os atuais 11% -, executivos ressaltam que o cenário ainda é "desafiador". Do lado dos prêmios, o crescimento no primeiro trimestre mostra vendas aumentando em patamares saudáveis e na casa de dois dígitos, segundo especialistas, impulsionadas por níveis baixos de desemprego e ajustes nos preços feitos pelas seguradoras nos últimos trimestres.

"A tendência mais forte é de até elevação de preço e não corte. Não existe espaço para corte de preços mesmo com aumento da Selic. O fenômeno violência está pesando mais que o alívio do resultado financeiro", afirma Marcelo Picanço, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Porto Seguro, em entrevista no final de abril.

O volume de sinistros no primeiro trimestre, segundo ele, surpreendeu e foi o maior dos últimos anos. Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que o número de roubo e furto de veículos nos período cresceu mais de 15% em relação ao mesmo período de 2013. Como reflexo, a sinistralidade total da Porto foi a 58,2% nos três primeiros meses de 2014, piora de 2,3 pontos porcentuais ante um ano.

Do lado financeiro, porém, o executivo espera continuidade na tendência vista no período. De janeiro a março, a Porto Seguro registrou alta de 123,9% nesta linha em 12 meses, para R$ 209,6 milhões. O número impulsionou o lucro da companhia, que cresceu 41,6%, para R$ 150,7 milhões, na mesma base de comparação.

Na BB Seguridade, holding que controla os negócios de seguros do Banco do Brasil, o resultado financeiro das empresas coligadas teve "forte" recuperação e se refletiu de maneira positiva nos números do grupo no primeiro trimestre. Werner Suffert, CFO da holding, adverte, porém, que do lado operacional, o mercado mais desafiador do que o esperado tanto no segmento de seguro de automóvel como na arrecadação de planos de previdência pesou no alcance das metas da companhia no primeiro trimestre.

Apesar do cenário mais desafiador em previdência no período, ele destaca que os números de março e abril mostram "reaquecimento forte das receitas" neste segmento. Os destaques de arrecadação no primeiro trimestre, conforme Suffert, foram títulos de capitalização e vida, rural e habitacional. A BB Seguridade teve lucro líquido de R$ 648,7 milhões de janeiro a março, aumento de 42,6% ante um ano no conceito ajustado. "O lucro líquido foi construído por um desempenho sólido, tanto do resultado operacional quanto financeiro, fatores que aumentam a confiança para atingirmos as estimativas para o ano de 2014", reforça o CFO da companhia, em nota à imprensa.

A SulAmérica conseguiu não só melhorar seu resultado financeiro bem como o índice combinado, que mede a eficiência operacional das seguradoras, apesar de ainda indicar prejuízo. Neste caso, quanto menor, melhor. O indicador foi a 101,9% nos três primeiros meses deste ano, melhora de 0,7 p.p. em um ano. Acima de 100% significa prejuízo da operação. Com isso, o lucro líquido após participação de não controladores da SulAmérica, com foco no ramo de saúde, foi a R$ 80,7 milhões, aumento de 242,5%.

Em teleconferência para comentar os resultados, Gabriel Portella, presidente da SulAmérica, afirmou que os prêmios devem crescer na casa dos dois dígitos neste ano e que a desaceleração vista em alguns segmentos faz parte do reposicionamento que a companhia está fazendo em algumas carteiras como, por exemplo, em vida. De janeiro a março, os prêmios de seguros da seguradora foram a R$ 3,191 bilhões, aumento de 10,9% em um ano, de R$ 2,876 bilhões. As receitas totais, que consideram previdência, capitalização e outros, foram a R$ 4,034 bilhões, alta de 13,5%.

Em paralelo, a companhia anunciou uma nova emissão de debêntures no montante de R$ 500 milhões, desta vez, com esforços restritos. A operação tem como objetivo manter o nível de liquidez da seguradora e aproveitar oportunidades de eventos não-orgânicos, conforme o vice-presidente de controle e de relações com investidores da SulAmérica, Arthur Farme d"Amoed Neto.

Em relatório ao mercado no início do mês, Domingos Falavina, Saul Martinez, Yuri Fernandes e Christopher Delgado, do JPMorgan, alertaram para a rapidez com que a SulAmérica vem consumindo caixa nos últimos anos. Para eles, embora a seguradora tenha posição de capital ainda confortável, pode precisar tomar medidas para conservá-lo. Isso inclui, conforme os analistas do JP, redução do crescimento dos prêmios, dos dividendos, emissão de ações ou de dívida para capitalizar suas subsidiárias.

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