Breaking News

Venda online pode distorcer setor

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

Sites de multicálculos tendem a induzir os consumidores a descartarem a consultoria profissional do corretor, na avaliação da Porto Seguro, que manifesta preocupação com o foco centrado apenas em preços

Enquanto os sites de venda  de que o futuro da comercialização de produtos  massificados passa pela internet, o presidente da Porto Seguro, maior seguradora de veículos do País, Fabio Luchetti voltou a manifestar seu receio quanto ao processo remoto de comparação de preços, que ele vê como uma ameaça, principalmente ao mercado da corretagem de seguros. Ele se disse impressionado com o que viu acontecer na Inglaterra, onde esteve para observar de perto a utilização dessa ferramenta:

“Foi um desastre total.  Dizimaram com os corretores de seguros (pequenos e médios) e as fraudes aumentaram em até 20%”, revelou em encontro no Clube dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro (CCSRJ). Em novembro passado, o presidente da Porto Seguro fez alerta idêntico aos corretores paulistas, no CCS-SP, inclusive focando a guerra de preços que se estabeleceu entre corretoras e, em seguida, entre seguradoras.

Aos corretores fluminenses,  o executivo contou ainda que,  na Inglaterra, os sites com múltiplas cotações induziram o consumidor a abrir mão dos serviços de consultoria prestados pelos corretores profissionais e a priorizar apenas o preço. Com isso, segundo ele, o mercado local ficou sem um “filtro de risco”, o que impactou nas taxas médias de sinistralidade e nas fraudes, que aumentaram.

Consequências

Na avaliação de Fabio Luchetti, as seguradoras inglesas foram “negligentes” diante desse cenário e acabaram prejudicando corretores e consumidores. “Hoje, o atendimento é horroroso e o segurado paga a conta”, destacou, acrescentando que o setor quer virar o jogo, mas que isso é difícil. “O mercado inglês não consegue gerar lucros há anos”, disse.

Embora esses sites de multicálculos já atuem no Brasil, o executivo comentou que os problemas ocorridos na Inglaterra tendem a ser menos intensos por aqui, até pela característica  do mercado nacional, cujo foco está mais direcionado para a importância do relacionamento. Fabio Luchetti citou, inclusive, recente pesquisa realizada pela Porto Seguro, a qual constatou que os consumidores mais jovens, mesmo que intensamente ligados na internet, optam por procurar o apoio de corretores no momento da contratação de uma apólice, “por pouco ou nada entenderem de seguros”.

No Clube dos Corretores de Seguros do Rio de Janeiro, onde foi homenageado, Fabio Luchetti apresentou um vídeo que definia as novas tendências mundiais, familiares e individuais na área de seguros e o que demanda o consumidor frente a esse cenário, em cada uma dessas esferas. “Por mais que façam parte de um clube ou uma associação, quando se trata de produtos, as pessoas querem exclusividade, querem ter a percepção de que aquilo foi criado para elas. Por isso, desenvolvemos serviços exclusivos para mulheres e pretendemos investir na terceira idade no curto prazo”, adiantou.

Ajuste

Para Luchetti, o acesso das pessoas à informação é cada vez maior, razão pela qual entende que não basta mais pensar nas plataformas móveis adequadas, mas, sim, adaptar a linguagem e fazê-la caber na tela do celular, que já é mais utilizado do que o computador.

A Porto Seguro, conforme revelou o executivo, tem o cuidado de não abandonar as plataformas tradicionais. “Autoatendimento não deve substituir relacionamento. Talvez o consumidor prefira fazer uma reclamação pelo site, mas quando ocorrer um sinistro, ele vai querer ligar e falar com o seu corretor”, sustentou. Ainda segundo sua análise, o novo consumidor precisa da estrutura omni-channel (todos os canais) para as diversas situações. “A Porto já está preparada para isso”, concluiu Fabio Luchetti.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario