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Demanda para riscos climáticos ainda é reduzida

Fonte: Valor Econômico

Por Lucy Cardia | De São Paulo

A estiagem prolongada na "terra da garoa" e chuvas acima da média que inundam outras regiões do país não deixam dúvidas de que o clima mundial está sofrendo alterações. Diante do aumento da incidência de eventos, o Brasil começou a aparecer em estatísticas e mapas mundiais de desastres naturais. O mercado de seguros no Brasil e no exterior está atento a esses eventos atípicos, que interferem na estrutura e na estratégia de negócios, mas a demanda por apólices que incluam riscos climáticos continua concentrada em clientes empresariais. "A procura por parte das pessoas físicas ainda é restrita às áreas mais afetadas do País, como a Região Sul, que tem registrado ocorrências de vendaval e granizo", avalia o diretor executivo de Produtos Pessoa Jurídica da Tokio Marine, Felipe Smith.

A cobertura contra danos causados pelo clima está inserida em produtos mais abrangentes no caso de empresas ou pode ser contratada como um opcional nos chamados seguros de propriedade ou seguro patrimonial, que atende residência, empresas, condomínios e máquinas e equipamentos. A cobertura básica nos seguros patrimoniais oferece proteção a incêndio, raio e explosão. "Se quiser, o cliente pode incluir uma cláusula para riscos de inundação e alagamentos. A cobertura para ventos, vendaval, tornado e granizo é outra opção. São itens diferentes, por terem avaliações distintas de risco." Os veículos também estão sujeitos aos efeitos do clima e a apólice básica oferecida no mercado costuma incluir a cobertura para inundações e alagamentos.

Apesar de não estar classificada como um risco climático, a seca é apontada por Claudia Melo, responsável pelo gerenciamento de riscos destinados ao setor público na Swiss Re, como um evento da natureza que tem ampliado as ocorrências de sinistros, em especial no interior do estado de São Paulo, por elevar o risco de incêndios. "No Brasil, a seca ainda é o maior risco climático. Só em 2013, ela gerou perdas de R$ 4,3 bilhões. O excesso ou falta de água causam problemas a inúmeros segmentos da economia." Claudia Melo aponta como solução os opcionais que podem ser incluídos no seguro empresarial para estabilizar o fluxo de caixa das companhias se o fato gerador for climático.

Na área rural, o seguro tem perfil dramático, avalia o superintendente de operações de seguros rurais do BB Mapfre, Luiz Antonio Digiovani, o que justifica a taxação especial do setor e a natureza diferenciada de algumas apólices. "O clima tem mudado bastante e não dá mais para dizer tal área é uma região de vendaval, ou determinado ponto é uma região de seca ou de granizo, salvo raras exceções. As mudanças no clima já são motivo de discussões entre os agentes envolvidos com o setor".

Danilo Silveira, superintendente de Seguros Tradicionais também no BB Mapfre, complementa que a cláusula contra vendavais, tornados e granizo está entre as mais contratadas, em particular na região Sul, mais propensa a esse tipo de problema. "A demanda por esse opcional tem o mesmo peso que a procura por proteção contra danos elétricos e roubo. E há motivos para isso. Há duas semanas, várias casas foram danificadas por granizo em Santa Catarina. Só o BB Mapfre recebeu cerca de 400 avisos de sinistros na região de Lages (SC) e montamos uma equipe especial de atendimento aos segurados."
O valor para estar protegido contra riscos climáticos, no entanto, é de difícil definição, afirma Silveira, porque o prêmio é calculado com base na localização do cliente. "A avaliação deve ser feita por microrregião, a partir de dados atuariais, para chegar o mais próximo possível do potencial de risco. Isso faz com que os preços variem de estado para estado, de cidade para cidade e até entre bairros do mesmo município."
 

 

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