Breaking News

Warren Buffett inspira uma legião de imitadores

Fonte: Valor Econômico
Por Anupreeta Das | The Wall Street Journal

A legião de Warren Buffetts está cada vez mais numerosa.

Se os lucros do investidor mais famoso do mundo cresceram continuamente durante os últimos 50 anos, o número de pessoas que reivindicam seu nome não ficou atrás.

Um seguidor do bilionário que nasceu no Sri Lanka quer ser o "Buffett pardo", enquanto o "Warren Buffett negro" é o rapper e empreendedor Jay-Z, ao menos segundo uma de suas músicas. Há Buffetts na Tanzânia, Índia e Espanha - e um preso condenado por assassinato é conhecido por "Oráculo de San Quentin" numa penitenciária homônima da Califórnia, devido à sua suposta habilidade para identificar ações que vão subir na bolsa de valores. (Buffett é chamado de "Oráculo de Omaha", nome da cidade onde fica sediada sua empresa.)

Até o Brasil tem seu Buffett exclusivo, apontado pela imprensa nacional e estrangeira: o ex-tenista profissional Jorge Paulo Lemann, sócio-fundador e membro do conselho da firma de investimentos 3G Capital, que já abocanhou marcas como H.J. Heinz, Burger King e Tim Horton Inc. O próprio Buffett verdadeiro participou das compras da Heinz e da Tim Horton, em parceria com a 3G, de Lemann.

Desde 2005, a frase "o Warren Buffett de" apareceu mais de 450 vezes em notícias. Existem Warren Buffetts do jogo, do vinho, do mercado imobiliário irlandês, da pesca, das balsas e das joias. (Encontrar uma Buffett mulher, porém, é bem mais difícil.)

Tal é a popularidade do bilionário de 84 anos, que é presidente do conselho da Berkshire Hathaway Inc., uma holding no Estado de Nebraska. Desde 1965, quando assumiu o controle da companhia, até o fim de 2013, Buffett gerou retornos de 693.518%, muito acima da alta de 9.841% do índice de ações S&P 500.

A divulgação, amanhã, da carta anual de Buffett aos acionistas da Berkshire marca exatamente 50 anos desde que ele escreveu a primeira. E mais pessoas do que nunca estão prestando atenção às suas palavras. A Berkshire estima que um recorde de quase 40 mil pessoas participarão de seu encontro anual em Omaha, em maio.

"Somos todos seguidores de Warren Buffett agora", diz Guy Spiers, que junto com outro investidor pagou US$ 650 mil para almoçar com Buffett em 2008. Mais tarde, Spiers escreveu um livro sobre sua própria evolução desde um ganancioso gestor de fundo de hedge até um caçador de pechinchas ao estilo Buffett.

Buffett presta pouca atenção ao bufê de Buffetts, que vão desde adeptos da sua estratégia de comprar e reter ativos até pessoas que, de alguma forma, fazem lembrar o bilionário.

"Gostaria que George Clooney fosse o Warren Buffett de Hollywood", diz ele.

Para certos aspirantes a Buffett, qualquer comparação com o homem que ajudou a transformar a Berkshire de uma debilitada tecelagem numa ampla holding com 330 mil funcionários é vista como a maior das lisonjas.

Eles "gostariam de estar no panteão dos grandes ícones e homens de negócios", diz Lawrence Cunningham, que escreveu livros sobre a Berkshire.

A quantidade de Buffetts é tão grande que um advogado da Bershire iniciou um processo em 2006 para transformar o nome do investidor em marca registrada. A iniciativa foi em parte uma resposta a websites, a maioria chineses, que usavam o nome de Buffett para oferecer seus serviços, segundo fontes. O advogado acabou desistindo da ideia porque seria muito complicado.

Prem Watsa, presidente da Fairfax Financial Holdings Co. - uma companhia sediada em Toronto, dona de seguradoras, restaurantes e outros negócios geridos de forma descentralizada, tal qual na Berkshire - é conhecido como "o Warren Buffett do Canadá".

Watsa, que tem 64 anos, diz que ouviu falar pela primeira vez da estratégia de Buffett nos anos 80, quando um amigo explicou a ele o conceito de "float" no setor de seguros. Buffett usou o float (dinheiro coletado de segurados como prêmios que só precisam ser pagos mais tarde) para financiar a expansão da Berkshire. Como seu ídolo, Watsa escreve uma carta anual aos acionistas e a usa para opinar sobre questões financeiras globais e atrair investidores à sua reunião anual.

Guo Guangchang, chamado pela mídia chinesa de o Buffett da China, começou a estudar a Berkshire em 2006, após ler sobre a história de investimentos de Buffett. Como presidente do conselho do conglomerado Fosun Group, Guo tenta imitar o foco de Buffett nos valores fundamentais dos ativos, em vez de nas flutuações do mercado. "No máximo, somos aprendizes de Warren na China", disse Guo num e-mail.

No ano passado, o ex-executivo do Facebook e capitalista de risco Chamath Palihapitiya, disse a uma plateia no Vale do Silício que queria ser o "Buffett pardo". O investidor em tecnologia, que tem 37 anos, diz que estava delineando seu fundo, o Social + Capital Partnership, quando disseram que este estava "começando a parecer a Bershire". Palihapitiya, que nasceu no Sri Lanka e tem cidadania americana, logo começou a devorar as cartas anuais de Buffett, diz ele.

Jay-Z menciona o nome do bilionário na música "Threat" (Ameaça), de 2003, como uma resposta aos críticos que invejam seu sucesso: "Vocês estão olhando para o Warren Buffett negro [...]". Um representante do rapper não respondeu aos pedidos de comentário.

Alguns seguidores de Buffett não praticam os ensinamentos do investidor. Weizhen Tang, que chama a si mesmo de "o Warren Buffett chinês" em seu perfil no LinkedIn, foi condenado por um tribunal canadense em 2013 por lesar clientes num esquema de US$ 50 milhões. Ele está recorrendo da sentença enquanto está preso no Canadá.

O investidor ativista William Ackman, por outro lado, diz que se inspirou na Berkshire para abrir o capital de seu fundo Pershing Square Holdings Ltd., em 2014. "Ele tem sido meu professor", diz Ackman sobre Buffett.

(Colaborou David Benoit.)


Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario