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Tendências no mercado de saúde

Fonte: Revista Cobertura

Swiss Re apresenta edição nacional da série Diálogos de Risco: Fatores de riscos à saúde no Brasil

Por Karin Fuchs

Na última terça-feira, 10 de março, a Swiss Re realizou um encontro em São Paulo com profissionais da saúde, corretores e seguradoras para apresentar a edição nacional da série Diálogos de Risco: Fatores de riscos à saúde no Brasil. Na abertura, Henrique Gudin Neto, gerente Comercial Saúde da Swiss Re, comentou que os quatro fatores que mais influenciam no mercado de saúde são o aumento da expectativa de vida, piora na condição física, doenças relacionadas ao estilo de vida e as doenças crônicas.

“E na medicina houve um avanço em novas tecnologias e procedimentos mais complexos, e o que temos visto são eventos de alto custo aparecendo nos últimos anos que praticamente desestabilizam as apólices de seguros. Antes, os resultados de um plano de saúde eram a partir da frequência (utilização) e não pela severidade”, informou.

Como consequência, o aumento dos custos com saúde tem causado uma situação desconfortável. “Há clientes bastante insatisfeitos com o aumento do custo saúde, o que gera um desgaste no relacionamento entre cliente, corretor e seguradora. A expectativa dos clientes é ter uma maior previsibilidade dos custos. O modelo de gestão de risco carece de uma solução para severidade”, defendeu.

Carga de morbidade e mortalidade

Na sequência, Marcia C. Castro, professora associada de Demografia no Departamento de População e Saúde Global da Faculdade de Saúde Pública de Harvard T.H. Chan, mostrou as mudanças demográficas no Brasil, o envelhecimento da população, e a transição vivenciada da prevalência das doenças infecciosas como fator de risco para as doenças não transmissíveis.

“Desde 1980, o número de mortes causadas por doenças cardiovasculares aumentou e continua sendo a principal causa de mortalidade no Brasil, 286 mortes para casa 1000 habitantes, bem acima da Inglaterra, onde esta proporção é de 175/1000 habitantes”, comparou.

Ela também destacou o aumento da população idosa relacionado ao aumento das doenças crônicas, mudanças de comportamento (hábitos de vida como alimentação, prática de exercícios físicos) que trazem outros riscos, bem como a obesidade que afeta 17% da população brasileira como fator de risco para aumento da diabete e hipertensão.

Márcia C. de Oliveira Otto, professora assistente na Universidade do Texas, Faculdade de Saúde Pública, falou sobre os fatores de risco para doenças cardiovasculares no Brasil. “Embora tenha havido uma redução considerável no País da inatividade física e do tabagismo, a transição epidemiológica no Brasil se dá pelo aumento do consumo de alimentos não saudáveis e um perfil cardiometabólico desfavorável”, comentou.

Segundo ela, no Brasil 40% dos casos de aposentadoria precoce estão relacionadas à hipertensão e as doenças crônicas (cardiovasculares, diabetes) correspondem a 37% das mortes no País. Marcia Otto também lamentou a inexistências de pesquisas no País que retratem a real situação de fatores de risco. “O que há são estudos baseados em pesquisas transversais baseadas em autorreferência”, acrescentou.

Perspectiva da saúde pública e privada

No final do encontro foi realizado um painel de discussões. Sobre aumento do número de beneficiados de planos de saúde (atualmente 25% da população), José Cechin, diretor Executivo da FenaSaúde, disse que “haverá crescimento no número de beneficiários, pois dificilmente teremos investimentos suficientemente na saúde pública, o que requer alocação de despesas do executivo federal, um horizonte que não deverá mudar nos próximos dez anos”, disse.

Como proposta, Cechin comentou que dificilmente um beneficiário do INSS, com uma aposentadoria média de R$ 1,1 mil conseguirá pagar um plano de saúde. “Por que não oferecer uma poupança para essas pessoas enquanto elas estão na ativa, de forma que custeie sua saúde na idade avançada?”, sugeriu, acrescentando que existe no Congresso Nacional um projeto de isenção do Imposto de Renda sobre capital acumulado. Isso permite que as pessoas escolham seu futuro e de quebra o País equaciona as contas da saúde”, defendeu.

E sobre autorização para o capital estrangeiro investir no setor da saúde, o executivo analisou as consequências. “De um lado, isso pode trazer tecnologia ao setor e aumentar a concorrência nos hospitais. Mas há o risco de formação de grandes redes com poder de monopólio”, balanceou.   

Privatização do Sistema Único de Saúde também fez parte do debate. Para  Marcia Castro, isso é improvável. “Não tem como o SUS ser privatizado, porém ele nunca foi totalmente implementado. Tanto que algumas unidades básicas de saúde funcionam por contrato e quando ele acaba elas ficam vazias. Há também acordos entre médicos e pacientes, que fazem o atendimento particular e procedimentos mais complexos ou cirurgias pelo SUS e quem paga a conta é o governo e não o plano de saúde”, expôs.

Entre outros temas da rodada de debates, Henrique Gudin Neto comentou sobre os riscos eminentes à saúde privada. “Mais do que o risco de incremento do Rol da ANS, o maior deles é o de judicialização; recorrer a Justiça para ter direito a determinado tratamento”, concluiu.

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