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Sem gerenciamento de risco, o custo do seguro pode se tornar insustentável, diz o consultor Sérgio Frade

Fonte: Sonho Seguro

Gerenciar riscos é uma tarefa cada dia mais prioritária diante de tanta volatilidade financeira, política, social, climática e tecnológica. As perdas são cada dia mais significativas, principalmente as provocadas por mudanças no clima, pelas organizações em busca de redução de custos e novas tecnologias, nas regras pelas autoridades governamentais e poder jurídico, no comportamento das pessoas para se adaptarem aos novos tempos entre tantas outras. Sem contar que ainda com os riscos tradicionais, como ataque de harckers, roubos, incêndios, chuvas, alagamentos, fornecedores, câmbio, manifestações sociais entre outros que já contam com políticas definidas de mitigação dentro das principais corporações.

Lidar com tais perdas exige profissionais especializados. E foi dentro deste contexto que nasceu a Solutions Gestão de Seguros, fundada em abril de 2001, por Sérgio Frade. Natural de Belo Horizonte, casado e com dois filhos, o diretor-presidente tem 35 anos de experiência na área de seguros e concedeu a seguinte entrevista ao blog Sonho Seguro:

A Solutions completa 14 anos neste mês. Como você vê o gerenciamento de risco hoje em dia, após tanta inovação trazida pela tecnologia?

A tecnologia é um facilitador para otimizar o processo de gerenciamento de riscos nas empresas. Os diversos programas surgidos nos últimos tempos tem facilitado muito a estruturação gerenciamento de riscos, integrando diversos setores de uma empresa e permitindo o controle e acompanhamento. Se a empresa não tem condição de apresentar dados e fatos que comprovem sua preocupação e ações constantes no controle dos principais riscos a que está submetida, o custo do seguro pode se tornar insustentável.

A tecnologia ajuda a ter uma negociação melhor com as seguradoras/resseguradoras?

A implantação de uma boa gestão de seguros e riscos, suportada por um eficiente sistema de acompanhamento e armazenagem de dados presentes e históricos, se pagará muito rapidamente com as vantagens operacionais e financeiras obtidas em negociações de seguros, trazendo uma segurança grande para a gestão da empresa como um todo. Em tempos de crise, a redução de custos é algo prioritário dentro dos grupos empresariais.

Como vê a importância dada pelas empresas às recomendações do gestor de risco?

Empresas conscientes de seus riscos trabalham para “nunca” necessitarem acionar uma apólice de seguro, porém os riscos inerentes ao processo podem ser monitorados e controlados, mas não eliminados. Desta forma, negligenciar os investimentos e manutenção no controle de riscos poder levar a situações indesejáveis, sendo, portanto, indispensável a participação do gestor de riscos na avaliação dos programas de contenção de despesas. Devemos lembrar que os segurados sempre participam das despesas de sinistros, podendo ser através da franquia, riscos ou despesas não cobertas e até insuficiência de coberturas. Sinistros são despesas inesperadas e obviamente aumentam os custos e reduzem a lucratividade. Infelizmente, muitas empresas, generalizaram o corte de despesas numa atitude de risco não aconselhável.

Quais são os principais riscos para uma empresa com uma economia em recessão?

O turnover de profissionais em determinadas áreas pode afetar a segurança dos riscos devido a descontinuidade das ações planejadas, bem como a redução de investimentos em segurança e especialmente em manutenção. Adiar investimentos e negligenciar manutenção pode trazer sérios problemas para uma empresa.

Como a crise de racionamento de água e energia pode afetar o dia a dia dos gestores de risco?

O fundamental é revisar / reforçar o plano de contingências tanto para o fator água, como energia. A simples falta de água (racionamento) não é acidente que possa fundamentar um pedido de indenização do seguro. O racionamento levará a um plano de paralização que deverá levar em consideração os critérios técnicos para tal. A falta de água pode afetar o combate a incêndio. Nem todos os riscos estão perto do mar, como verificamos no recente sinistro ocorrido em Santos. O fornecimento de energia é outro fator relevante. Muitas atividades dependem substancialmente de energia.

Você acha que o médio e pequeno empresário brasileiro está preocupado com riscos?

O pequeno e médio empresário via de regra não tem um controle efetivo de todos os riscos inerentes ao seu negócio. Costuma contratar seguros básicos, sem muitos critérios, as vezes somente para cumprir exigências contratuais, oferecendo portanto elevada exposição a riscos que podem inviabilizar sua permanência no mercado.

Quais os riscos que ainda passam despercebidos pelas empresas de grande porte?

Riscos profissionais decorrentes de ações de prestadores de serviços. Muitas empresas ainda não verificam adequadamente se os prestadores de diversos serviços possuem coberturas de seguros para cobrir eventuais falhas profissionais na prestação de serviços. Podemos citar serviços advocatícios, de despachantes aduaneiros, engenharia, contadores, auditoria, de sistemas e até corretagem de seguros.

Como avalia esses seis anos de abertura do mercado de resseguro do Brasil ?

O mercado ganhou velocidade nas operações de colocações de riscos, com efetivo processo de subscrição dos riscos que anteriormente era baseado nos critérios do ressegurador oficial. Contudo a exposição direta aos riscos tem levado as seguradoras agir com maior prudência com relação a determinados riscos (excluídos), não ocorrendo com aqueles foco de negócios. Para estes, a concorrência é ferrenha, desprezando-se inclusive os critérios técnicos e diminuindo a rentabilidade. O mercado ainda não está estabilizado. Penso que ainda passará por acomodação, com a saída de algumas seguradoras do mercado.

Os gerentes costumam expressar certa frustração em relação a inovação esperada antes da abertura em serviços, produtos e clausulados. Como avalia isso?

De fato, a inovação ainda está aquém do esperado. Pouco se fez ainda em termos de melhoria de clausulado, novos produtos e serviços. A competição acirrada, com margem reduzida, retirou o foco da melhoria esperada. O foco tem sido rentabilidade a qualquer preço: restrição de coberturas, limites e franquia.

O que pode melhorar, na sua opinião ?

Maior investimento por parte das seguradoras em conhecer os riscos, investir de forma planejada em banco de dados. Hoje, todos estão focados em melhorar ou garantir a rentabilidade dos negócios existentes, sem tempo em investir num planejamento adequado de mercado, de negócios.

Trajetória Profissional: Sérgio Frade iniciou sua carreira profissional na Açominas (hoje Gerdau), integrando a equipe de gerenciamento de riscos e seguros, desde a fase de implantação da usina Siderúrgica em Ouro Branco (MG) até a sua entrada em operação. Graduado em Ciências Contábeis, com pós-graduação em Marketing, possuí diversos cursos na área de seguros e gestão de empresas, dos quais se destacam: Contabilidade Gerencial (FDC), Prime-Game (General&Cologne Re), Ciclo de Estudos de Políticas e Estratégias (ADESG) e “Free Marketing Training” (Chubb da Colômbia). Atuou como gerente da Filial da Chubb do Brasil Cia de Seguros entre 1991 e 1996; superintendente da Itaú Seguros em Minas Gerais entre 1996 e 1999, período em que acumulou por nove meses a superintendência de vendas da Bemge Seguradora – pós-privatização; e superintendente da Unibanco-AIG Seguros nos Estados da Bahia e Minas Gerais entre 1999/2000.

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