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Rochas em meio à tormenta

Fonte: Forbes Brasil

As seguradoras sabem que 2015 será um ano difícil — e, justamente por isso, muito promissor

Tempos incertos? Ótimo momento, então, para vender seguros. Essa é uma das máximas de executivos do setor quando lembrados que 2015 vem sendo difícil para a economia brasileira. Veja, por exemplo, o que diz o presidente da HDI Seguros no Brasil, João Francisco Borges da Costa: “É justamente na instabilidade que as pessoas se preocupam ainda mais com aquilo que possuem. Por isso, um seguro torna-se prioridade para elas, que querem garantir a manutenção de seus bens”. Ele tem motivos para estar confiante; sua empresa é prioritariamente voltada ao item mais popular deste mercado no Brasil, o seguro de automóvel. Forte no Sul do país, a HDI integra o grupo Talanx, terceiro maior segurador da Alemanha e sétimo da Europa.

“Em 2014 abrimos quatro filiais no Estado do Rio de Janeiro e em 2015 teremos novas unidades em São Paulo e outras mais no Rio. Já ultrapassamos a marca de 1,6 milhão de veículos segurados, além de 358 mil residências”, conta. E ele arremata: “Nosso mercado, em particular o automotivo, cresceu na casa dos dois dígitos nos últimos anos. Claro, essa expansão foi um pouco menor em 2014, reflexo da queda nas vendas de carros novos. Porém, as oportunidades seguem imensas; a frota não segurada no país, especialmente em carros usados, é alta. As projeções de curto, médio e longo prazo nos deixam otimistas. Até por isso investimos em nossos produtos e serviços. A principal meta é diferenciar-se dos concorrentes”.
A diferenciação, porém, não é simples de ser alcançada. Em se tratando de contratos de seguro, previsibilidade é vital. O cliente precisa saber claramente como sua apólice o ajudará quando dela precisar — momento esse no qual pode estar abalado, sob o impacto de um acidente grave ou da perda de alguém próximo. Esta é, portanto, uma indústria sóbria por natureza. “O mercado segurador, devido à regulamentação que o cerca, limita o desenvolvimento de produtos inusitados”, pondera Mauri Aparecido Raphaelli, diretor de negócios da Seguros Unimed. Mas ele observa: “Ainda assim, pode-se inovar. Lançamos há algum tempo, por exemplo, o Serit, uma garantia de suporte financeiro para quem trabalha por conta própria e se vê impedido de exercer suas atividades. Foi um marco, e até hoje lideramos esse segmento”. Raphaelli frisa a singularidade da Seguros Unimed: “A característica marcante da companhia é sua cultura. Nossa origem é uma cooperativa de médicos, liderada por médicos. Nosso foco, portanto, está na humanização do relacionamento com os clientes”.

No primeiro bimestre de 2015, segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados), o mercado de seguros, capitalização e previdência complementar aberta gerou uma receita de R$ 30,6 bilhões — crescimento de 11,3% sobre os dois primeiros meses de 2014. Esse é o dado mais recente de um setor pródigo em números. Como os abaixo, que revelam a força dessa indústria:
• Durante apenas cinco anos, entre 2009 e 2013, a receita com a venda de seguros dos ramos elementares cresceu 70,7%, de R$ 35,5 bilhões para R$ 60,6 bilhões (ramo elementar são as apólices voltadas à garantia de perdas, danos ou responsabilidade sobre objetos e pessoas);
• Estão em atividade no país quase 80 mil corretores de seguros, dos quais 30 mil têm empresas formalizadas e os demais, profissionais autônomos. A categoria historicamente é responsável por cerca de 80% da produção do mercado securitário nacional;
• Existem 119 seguradoras e 122 resseguradoras autorizadas a operar no Brasil (resseguradora é uma empresa que assume parte da responsabilidade pelo eventual pagamento de um seguro feito por outra companhia);
• No ano passado, o setor devolveu à sociedade, na forma de indenizações, benefícios ou prêmios, algo em torno de R$ 60 bilhões. Isso significa que a cada dia de 2014 (incluindo fins de semana e feriados), o mercado de seguros reinjetou na economia brasileira perto de R$ 164 milhões;
• O seguro de automóveis é o item dessa indústria mais vendido no país. Porém, a maior parcela do faturamento do setor é gerada por um tipo de plano de previdência complementar que tem características de investimento financeiro, o VGBL;
• O maior seguro de caráter social do mundo é brasileiro. Trata-se do DPVAT (Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de via Terrestre). Instituído em 1974, ele ampara os que sofrem acidentes de trânsito. assegure No ano passado, o DPVAT pagou indenizações da ordem de R$ 3,9 bilhões para cerca de 740 mil vítimas ou familiares de vítimas desse tipo de acidente no Brasil.
Um dos maiores representantes do setor no país, Armando Vergilio é presidente da Fenacor (Federação Nacional dos Corretores de Seguros). Ele conta que a força da atividade no Brasil é relativamente recente. “O peso do mercado de seguros em nossa economia era praticamente nulo até o início da década de 1990. A participação do setor no PIB não passava de 1%, e a sociedade ignorava a importância de contar com uma rede de proteção securitária. Na prática, o mercado se resumia aos seguros de incêndio e automóveis”, explica. “A estabilização da economia em 1994, com o Plano Real, mudou esse cenário e criou as bases que sustentaram um forte incremento da indústria securitária nos anos seguintes. Os últimos 20 anos foram o tempo necessário para que o mercado suprisse uma enorme demanda reprimida por seguros. Mesmo assim, há muito espaço ainda a ser ocupado”, garante ele. Um discurso que atesta a confiança dos atores desse mercado na força que ele ostenta.
Asegure tudo o que quiser!
Seguros específicos. É geralmente assim que são chamados no mercado aquelas garantias destinadas à proteção de, por exemplo, partes do corpo humano. Ou problemas na cerimônia de casamento. Esta ainda não é uma classe de produtos muito presente no Brasil. Relativamente poucas empresas por aqui os oferecem — mas nos EUA, por exemplo (um mercado securitário bem mais desenvolvido que o nosso), tais seguros são mais que disseminados. Veja alguns dos riscos que eles cobrem:
• Ciberataques: cresce a quantidade de golpes cibernéticos contra bancos e administradoras de cartões
de crédito. Diante disso (e de hackers cada vez mais hábeis e mal-intencionados), companhias já dispõem de seguros contra danos gerados por violação de dados. E são apólices amplas — incluem erros de colaboradores, ataques de vírus e até indenização por lucros cessantes devido a uma agressão virtual;
• Ossos quebrados: bastante usada no exterior por atletas profissionais, a apólice contra ossos fraturados disponibiliza uma indenização por incapacidade temporária ao seu proprietário. Eventualmente, esse seguro também restitui as despesas médicas geradas pela fratura;
• Casamentos: é uma apólice contra imprevistos em uma cerimônia do tipo. Cobre até mesmo doenças do casal ou de familiares próximos, além de condições climáticas desfavoráveis, cancelamento de contratos e fornecedores, problemas de transporte e deslocamento dos convidados;
• Tacada de golfe: na tradição desse esporte, um jogador que acerte a bola em uma única tacada (o que é muito difícil e raro, mesmo para campeões da modalidade como Tiger Woods) paga a conta do bar para todos os demais competidores. Pois a Allianz oferece no Brasil uma apólice para esses casos;
• Quebra de óculos: apólice que cobre furto, quebra acidental ou roubo de um par de óculos. O segurado recebe uma indenização, e com ela adquire um novo par;
• Abdução por alienígenas: a British Insurance, uma conhecida companhia de seguros inglesa, em 1998 chegou a oferecer uma apólice para quem quisesse se precaver contra o rapto (abdução) por seres extraterrestres. Custava US$ 15 por mês. Se o segurado conseguisse provar que fora abduzido, ganhava uma indenização de US$ 1,5 milhão;
• Pets: seguro que cobre doenças e acidentes sofridos por um animal de estimação. É oferecido no Brasil, e tem tido uma procura cada vez maior.
 

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