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Custo de seguro contra calote do Brasil dispara

Fonte: Valor Econômico

O Credit Default Swap (CDS) do Brasil, uma medida de prêmio de risco do país, disparou na semana passada e alcançou o maior patamar desde o início da série histórica revisada, em abril de 2009. O prêmio do CDS de cinco anos, espécie de seguro contra calote da dívida soberana, bateu na sexta-feira em 346 pontos-base, alta de 19 pontos em relação ao dia anterior, segundo dados da Markit. No mês de agosto, o CDS já subiu 12,62% e no ano avança 64,18%.

Essa disparada do CDS ocorre em meio à piora da percepção do risco de países emergentes. O prêmio dos papéis de outros emergentes também avançou: no caso do México, a alta foi de oito pontos, para 155 pontos-base. Mas a deterioração do humor em relação ao Brasil tem ocorrido de forma mais rápida e intensa, com investidores ajustando os preços ao quadro negativo do cenário doméstico, que reforça a aposta de que o país está próximo de perder o grau de investimento.

"O mercado tenta antecipar-se ao risco e, de olho nos indicadores econômicos e políticos, já está ajustando-se ao rebaixamento", explica o economista da MCM Consultores Bernardo Dutra.

A MCM fez um estudo para observar a reação do CDS nos períodos pré-rebaixamento de países que perderam o selo de bom pagador, como Hungria, Rússia, Bulgária, Romênia, Croácia e Colômbia. Em média, a piora começa três trimestres antes do evento e prossegue ainda no trimestre seguinte. Só então começa a haver uma melhora e, em alguns casos, esses preços se acomodam em patamares mais elevados.

Para Dutra, o Brasil deve ter sua nota de crédito soberano rebaixada pela agência de classificação de risco S&P no primeiro semestre de 2016, uma vez que a perspectiva da nota do país por essa agência é negativa e indicadores fiscais e de crescimento vêm em processo de deterioração. "Isso significa que os ajustes já incorporam parcialmente o corte do rating, mas ele ainda não é integral", diz.

O que pode detonar a decisão de corte da nota, na visão de Dutra, é a confirmação das projeções mais negativas que o mercado tem feito para o desempenho do superávit primário neste ano, inferiores à meta estabelecida pelo governo. "Nós projetamos um superávit de -0,1% do PIB neste ano", diz. Para Dutra, a probabilidade de a Moody's também cortar o rating brasileiro - o que, tecnicamente, retiraria de forma mais efetiva a condição de grau de investimento do Brasil e elevaria ainda mais os custos de financiamento do país - é baixa.

O dólar, nesse cenário, deve ampliar a volatilidade e alcançar R$ 3,80 durante o período de maior turbulência e retomar o nível de R$ 3,70 no fim de 2016.

No mercado, contudo, alguns analistas preveem uma cotação ainda mais alta já no curto prazo. Segundo o Banco Central, as previsões máximas para o dólar alcançam R$ 3,60 para o fim de agosto, R$ 3,95 em novembro, R$ 4,00 em dezembro e R$ 4,10 no fim de 2016.

Para o Morgan Stanley, a deterioração mais forte das expectativas para o Brasil começou quando o governo anunciou o corte das metas de superávit primário, no fim de julho. Na leitura do banco americano, o aumento do ceticismo do lado fiscal acabou reforçando as incertezas com o quadro político e a condução da política econômica de forma geral, movimento que reduziu o retorno ajustado ao risco dos ativos brasileiros. Não à toa, o real, os títulos públicos de longo prazo e o mercado de ações têm sofrido expressivas perdas desde então. Nesse período, a moeda brasileira caiu 9,21%, o Ibovespa cedeu 11,18% e o preço da NTN-F (Nota do Tesouro Nacional-série F) para 2025 se desvalorizou 4,91%.

Na semana passada, contudo, o real se depreciou apenas 0,39%. "O principal ponto que monitoramos é se o Banco Central pode aproveitar esse desempenho do real para deixar vencer alguns swaps cambiais", diz o Morgan.




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