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Petroleiras pagam mais caro por seguro-garantia

Fonte: Valor Econômico

DivulgaçãoNiemeyer Neto, da Aon: seguradoras mais restritivas na hora de assinar contratos

As petroleiras interessadas em participar da 13ª Rodada da Agência Nacional de Petróleo (ANP) devem se deparar com taxas mais caras na hora de fechar contratos de seguro e apresentar suas garantias de oferta no leilão, previsto para outubro. Os desdobramentos da Lava-Jato e o declínio dos preços do petróleo estão encarecendo as apólices de seguro-garantia e D&O (responsabilidade civil de administradores) para a indústria petrolífera, alertam especialistas consultados pelo Valor.

Não à toa, a ANP anunciou esta semana uma redução no valor das garantias cobradas na 13ª Rodada. Com notas de crédito e receitas comprometidas pela baixa dos preços do barril e denúncias de corrupção na Petrobras, as seguradoras estão mais restritivas na hora de assinar contratos, avalia Paulo Niemeyer Neto, diretor de Óleo e Gás da consultoria e corretora de seguros e resseguros britânica Aon Risk Solutions. "Em produtos como garantia e D&O, os principais fatores de análise do risco são balanço financeiro e fluxo de caixa das empresas", explica.

Chefe de linhas especiais da Zurich Brasil, Celso Soares Jr. destaca que o encarecimento reflete diretamente o aumento da sinistralidade. "Certamente o ciclo de baixa acabou e estamos renovando apólices de D&O com tendência de aumentos de dois dígitos. Analisamos inúmeros fatores durante um processo de subscrição e a retração na economia, em conjunto com um aumento de sinistralidade, podem resultar em condições de seguro mais restritas e aumento de prêmio", explicou.

Niemeyer, da Aon, lembra que a fraude é um risco excluído do D&O, mas até que seja provada, a seguradora tem que pagar os advocatícios e indenizações. "A Lava-Jato contribuiu para o aumento da sinistralidade do D&O e a demanda para esse seguro, que estava fraca, está subindo", afirmou.

De acordo com os dados gerais da Superintendência de Seguros Privados (Susep), os sinistros vinculados a seguros D&O, não especificamente relacionados ao setor de óleo e gás, aumentaram 46% no primeiro semestre no Brasil, ante igual período de 2014, de R$ 41 milhões para R$ 60 milhões.

No caso do seguro-garantia, o aumento das taxas tem sido menor que o de D&O, embora a tendência também seja de elevação. Ainda assim, ressalva Niemeyer, o produto tem se mostrado mais competitivo do que a fiança bancária.

Além do encarecimento das apólices, aumentaram os casos de não aceitação de concessão de seguro-garantia para empresas do setor. Soares Jr. explica que a precificação do seguro está diretamente ligada à qualidade de crédito do tomador. "Algumas seguradoras mudaram as suas políticas de aceitação em razão desta nova conjuntura, o que pode tornar a capacidade disponível para alguns segmentos mais restrita e, consequentemente, mais cara", disse.

Se por um lado os custos estão mais altos para seguro-garantia e D&O, as condições têm sido favoráveis às empresas na hora de fechar contratos de seguro de riscos operacionais. Niemeyer Neto explica que há, no momento, um excesso de capital disponível. Segundo ele, a capacidade global disponível no mercado é hoje de US$ 7 bilhões de capital para subscrição de riscos da atividade de óleo e gás, frente aos US$ 5 bilhões de 2013.

Segundo ele, os prêmios das apólices de Riscos Petróleo (riscos operacionais e de construção) caíram até 35%. "A retração na demanda por ativos assegurados, o aumento excessivo de oferta de capital, além da baixa sinistralidade, atraiu seguradoras e resseguradoras para o mercado. Isso aumentou a competitividade no setor e reduziu os custos", avalia.

Entre 2013 e 2014, o volume de prêmios emitidos no mercado de óleo e gás no Brasil caiu de R$ 720 milhões para R$ 560 milhões, em parte devido à base mais forte de 2013, explicada pelo reconhecimento da apólice da Petrobras naquele ano. As apólices da estatal possuem validade de 18 meses e as receitas com o novo contrato devem ser reconhecidas este ano.

Ainda assim, o volume de prêmios emitidos no Brasil no mercado de Risco Petróleo em 2015 pode cair em relação a 2014. No primeiro semestre, o volume caiu pela metade, ante igual período de 2014, para R$ 217 milhões. Ainda assim, a Aon projeta um crescimento de dois dígitos no setor de óleo e gás este ano no Brasil. A expectativa é crescer 15%, ante os 20% de 2014. O setor responde por 8% dos negócios de riscos da empresa e representa R$ 130 milhões, ante o total de prêmios colocados pela área de riscos da Aon no Brasil em 2014, de R$ 1,6 bilhão.



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