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Sócios da Brasil Insurance se acusam na CVM e na Justiça

Fonte: Valor Econômico

Com cinco anos de vida na bolsa, a Brasil Insurance, que reúne 49 corretoras de seguros, não consegue se livrar das turbulências societárias. Divididos em pelo menos dois grupos, administradores e sócios da companhia se acusam da obtenção vantagens particulares por meio da empresa.

A Brasil Insurance surgiu com a promessa de consolidar o pulverizado mercado de corretagem de seguros no país. Capitalizada após a oferta pública, a empresa comprou dezenas de corretoras, cujos donos, muitas vezes, sequer se conheciam, mas se amarraram por meio de um acordo de acionistas. A manutenção de um bom relacionamento entre os sócios sempre foi um fator de risco do negócio, que não tem controlador definido.

Sem estabilidade na gestão e com sucessivas pioras no seus resultados, a Brasil Insurance viu suas ações virarem pó desde oferta pública inicial. A empresa, que chegou a bolsa em 2010 avaliada em R$ 850 milhões, hoje vale menos de R$ 100 milhões. Só neste ano, os papéis perderam 72% e são negociados a menos de R$ 1,00.

Há duas semanas, um grupo que diz representar a maioria das ações vinculadas ao acordo de acionistas fez queixas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre os conselheiros Ernesto Ciampolini e Luiz Roberto Mesquista de Oliveira. O grupo, que quer destituir os conselheiros, aponta supostas evidências de conflito de interesses e abuso de poder na conduta dos dois.

Em paralelo, Ciampolini e Oliveira, que se apresentam como uma "nova administração", reuniram o conselho e chamaram assembleia para dia 16 para avaliar a abertura de processo contra dois ex-executivos: Miguel Longo (presidente-executivo) e Cesar Augusto Cezar (diretor de operações).

A proposta é revogar a aprovação das contas de ambos referentes ao exercício de 2014 e iniciar uma ação de responsabilidade contra eles por "prejuízos causados à companhia".

Para a atual administração, Longo e César teriam conferido alguns benefícios a Roberto Ali Abdalla, que é acionista da Brasil Insurance e sócio da corretora 4K. A 4K perdeu seu maior cliente meses após ser adquirida pela Brasil Insurance (em 2011), o que disparou a necessidade de revisar as condições de compra. Nesse processo, a atual administração acredita que a 4K obteve benefícios como a redução de uma dívida que tinha com a Brasil Insurance.

Quem não concorda com as acusações avalia que a negociação com a 4K foi a melhor possível, considerando que a operação envolvia como garantias ações da Insurance, que viraram pó desde a estreia.

Ao Valor, Longo e Cezar afirmaram que agiram para preservar o interesse da companhia. Cezar ressalta que toda negociação foi acompanhada pelo conselho e por advogados internos e externos. Advogados apontam que o melhor caminho para a questão seria ia à Justiça, pedindo a investigação das negociações fechadas pelos executivos e a anulação da assembleia que aprovou as contas.

À frente da proposta de revogar a contas dos dois ex-executivos, Ciampolini e Oliveira eram donos de corretoras vendidas para a Brasil Insurance. Eles foram indicados para o conselho pelos sócios que assinam o acordo de acionistas para preencher as duas vagas previstas no estatuto.

Agora, o mesmo grupo de sócios que os indicou diz que eles usaram os cargos para obter vantagens. Por essa razão, querem acionar cláusula do estatuto que lhes dá o direito de, a qualquer tempo, destituir os conselheiros que indicaram. Segundo o grupo afirma à CVM, a companhia não dá ouvidos ao pedido.

Ciampolini é sócio da Previsão Seguros e vendeu 51% à Insurance. Segundo denúncia encaminhada à CVM, ele buscou condições mais favoráveis para vender os 49% restantes em meio às negociações da companhia com a gestora GP Investimentos, iniciadas em março. Segundo a queixa, Ciampolini avaliava a Previsão em R$ 100 milhões, montante que supera o valor de mercado da Brasil Insurance.

A CVM diz que abriu processo investigatório para analisar as denúncias. A GP não deu entrevista.

Oliveira era dono da Indico Consultoria, 100% vendida para a Brasil Insurance, mas ainda recebe parcelas de pagamento da venda, que variam conforme o resultado da empresa. Segundo queixa à CVM, haveria evidências de que os resultados da Indico estariam sendo manipulados para aumentar o lucro líquido e o valor das parcelas remanescentes.

Em meio a esses episódios, Oliveira deixou a presidência da Brasil Insurance e voltou a assumir a presidência do conselho. O comando do órgão estava com Ciampolini, que renunciou à função, mas permanece no conselho.

O principal executivo da companhia agora é Marcelo Epperlein. Só neste ano, a Insurance já trocou de presidente quatro vezes.

Procurada, a Brasil Insurance informa que seu conselho de administração está tranquilo em relação à manifestação do que define como "uma minoria de sócio-corretores, dentre os quais ex-administradores da companhia". A empresa atribui a tentativa de destituir os conselheiros às medidas de gestão para saneamento da companhia e apuração de eventuais práticas lesivas de ex-administradores. "As acusações de que são vítimas os conselheiros são absolutamente infundadas e serão respondidas no foro competente, se necessário".



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