Breaking News

Eletronuclear corre para fechar seguro de US$ 1,3 bi

Fonte: Valor Econômico

Divulgação | Eletrobras





Os executivos da Eletronuclear, que opera as usinas Angra I e II, correm contra o tempo. A companhia, fornecedora de aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no país, tem menos de 30 dias para fechar duas apólices que, somadas, asseguram riscos no valor de US$ 1,3 bilhão. Por quase uma década, a cobertura para responsabilidade civil e danos materiais foi feita pela Bradesco Seguros. Neste ano, porém, a seguradora avisou que o contrato não seria renovado.

"Existe uma lei que obriga todo operador de usina nuclear a ter esse seguro. Sem ele, é preciso desligá-las", disse ao ValorEdno Negrini, diretor de Administração da subsidiária da Eletrobras.

A seguradora ACE, que comprou a carteira de grandes riscos do Itaú em meados do ano passado, vem se movimentando no sentido de substituir o Bradesco nessa operação. Fez uma consulta formal ao IRB Brasil Re para fechar o resseguro e a retrocessão (divisão dos riscos).

Principalmente em apólices com valores muito altos como neste caso, as seguradoras fazem um seguro com vários resseguradores para pulverizar os riscos. No caso da Eletronuclear, o IRB sempre atuou como ressegurador e no processo de retrocessão com seus pares no exterior.

A ACE está estruturando a apólice porque ainda não tem em seu portfólio no Brasil esse seguro para riscos nucleares. É um produto bem raro por aqui, mas muito tradicional no mercado internacional - existem 400 usinas nucleares no mundo.

Para a operadora das usinas, a cobertura do seguro para a parte de responsabilidade civil é de aproximadamente US$ 280 milhões e o de danos materiais para a empresa é de US$ 500 milhões cada para Angra I e Angra II.

Negrini conta que os executivos da companhia receberam a notícia de que as apólices não seriam renovadas entre março e abril deste ano. "Não entendemos, não houve explicação", alega, afirmando que, em 30 anos de operação de Angra I e 15 anos de Angra II nunca ocorreu sinistro, ou seja, o seguro nunca foi acionado. Diante da negativa, negociaram com a Bradesco Seguros uma extensão de quatro meses para o contrato.

Nesse período, foi aberto um processo de licitação, que se frustrou. "Ninguém se interessou." A partir daí a Eletronuclear optou pela contratação de emergência, uma das possibilidades na lei de Licitações (nº 8.666). "Fizemos uma consulta a 12 seguradoras nacionais de forma emergencial, mas só uma se interessou", diz.

O prazo expirou em 30 de setembro, mas a Eletronuclear conseguiu com a Bradesco mais 30 dias. "Então negociamos novamente com o Bradesco para que ele renovasse a apólice até formalizar a contratação de emergência. Caso [o Bradesco] não concordasse com essa renovação, teríamos de proceder o desligamento das usinas."

O diretor entende que esse período é suficiente para que a nova seguradora obtenha a segurança do resseguro e da retrocessão por meio do IRB.

Negrini não descarta a possibilidade de fazer um processo de licitação mirando as seguradoras do mercado externo. "Sabemos que a cobertura é bastante elevada e isso dificulta o interesse entre as seguradoras locais", afirma, ressaltando que esse procedimento internacional leva, no mínimo, um ano.

Procurados, a ACE informou que, em função de sua política global, não pode comentar negócios que envolvem clientes. A Bradesco Seguros disse que somente o segurado pode repassar informações sobre sua apólice. O IRB Brasil Re também não quis se manifestar.



Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario