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Crise aprimora a transparência no mercado segurador

Fonte: Valor Econômico 

Por Denise Bueno

A crise traz duas frentes para a governança no mercado segurador: aprimora a transparência das companhias e faz com que elas exijam um grau elevado de governança dos candidatos na compra de apólices de seguro, principalmente de crédito, de responsabilidade civil ou de linhas financeiras, afirma Gustavo Galrão, superintendente da Argos Seguros e presidente da comissão de riscos financeiros da Federação Nacional de Seguros Privados (FenSeg). “Durante o processo de análise de risco para contratação de uma apólice de seguros, a governança corporativa é um diferencial. Informações que traduzam de forma clara e concisa o nível de solvência e posicionamento da empresa no mercado permitem que a seguradora defina de forma mais consistente e com menor margem de erro o grau de risco para aquela apólice”, afirma.

Embora as práticas de governança corporativa sejam frequentemente associadas às empresas de capital aberto em bolsa de valores, hoje elas também são identificadas em diversos tipos de companhias, inclusive empresas de capital fechado, destaca Klaus Barreta, superintendente de seguros de gerenciamento de crises da LIU, divisão de riscos especiais da Liberty Seguros.

Para Gustavo Galrão, a Lava-Jato apertou o cerco em torno da governança no momento da subscrição do risco do seguro Directors & Officers (D&O), o mais acionado em decorrência das investigações do Ministério Público. As seguradoras levam em conta como a empresa se relaciona com os stakeholders, as práticas utilizadas para essa comunicação com investidores, acionistas e reguladores, qualquer envolvimento passado com litígios, entre outros aspectos. 

 “As perguntas sobre programas de compliance se tornaram uma constante nas cotações de D&O”, confirma Celso Soares Júnior, responsável pelas linhas especiais da Zurich Brasil. O objetivo é entender se há estrutura de fiscalização e controles, principalmente no que se refere a relacionamento com governo e práticas anticoncorrenciais. “Algumas perguntas já foram incorporadas a questionários específicos sobre compliance. Tais respostas impactam diretamente em aceitação/escopo de cobertura ofertado e preço”, explica Soares Júnior.

De acordo com Hugo Carson, gerente de crédito da AIG Brasil, a governança corporativa é essencial para implementar a apólice de seguro, como por exemplo o seguro de crédito. “Neste caso, antes mesmo de analisarmos a carteira em risco, fazemos uma leitura da governança corporativa da empresa, com uma especificidade ainda maior nas governanças relacionadas a crédito”, afirma. 

A AIG também prioriza a governança para análise nos seguros de linhas financeiras, como D&O e RC Profissional (E&O). “Uma das principais questões gira em torno do quanto o conselho de administração tem de independência a partir da gestão da empresa e como os interesses dos acionistas minoritários são representados a nível do conselho administrativo”, acrescenta Flávio Sá, gerente de linhas financeiras. Ambos executivos da AIG afirmam que a governança em si também ajuda a AIG a ser mais precisa na precificação dos riscos de crédito, o que, consequentemente, acarreta em um custo menor para o cliente, pois com os processos bem estabelecidos, há uma melhor preparação para analisar as incertezas de risco. 

Barreta afirma que uma empresa que toma medidas eficazes para eliminar assimetria de informações, combate o conflito de interesses e reduz riscos não previsíveis. “Dessa forma, o coeficiente de relação risco versus retorno se torna mais previsível em relação a uma empresa que não adere às práticas de governança. Falhas de governança corporativa, além de impacto na credibilidade da organização, pode inviabilizar a compra do seguro.” 

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