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Seguradoras investem em benefícios para atrair talentos

Fonte: Valor Econômico 

Por Denise Bueno
Divulgação
Itakura, diretor da Tokio Marine, diz que o segredo é ouvir os funcionários

Para as seguradoras, investir na gestão de pessoas não é apenas uma questão de boas práticas corporativas, mas de sobrevivência. Parte delas considera, inclusive, que o assunto é tão importante quanto o lucro. Isso porque é fundamental para o negócio ter profissionais especializados no desenvolvimento de produtos, além de vendedores que saibam entender e atender a diversos públicos. Além disso, quando os clientes retornam à companhia fragilizados, em um momento de perda, precisam ser acolhidos por pessoas solidárias.

O salário, no entanto, ainda é o principal fator para atrair talentos. As seguradoras figuram entre as instituições financeiras que melhor remuneram seus quadros e, mesmo em tempos de crise, essa indústria prevê encerrar 2015 com avanço de 12% no faturamento, superior a R$ 200 bilhões - sem considerar a área de saúde suplementar.

Além disso, o setor se tornou mais internacional com a abertura do resseguro e o aumento da presença das estrangeiras, o que elevou significativamente o índice de profissionais com inglês fluente. "O mercado segurador cresceu, ganhou mais notoriedade e hoje está muito atrativo para os talentos do que outras indústrias", afirma Marcelo Munerato, CEO da Aon.

Para Masaaki Itakura, diretor executivo de estratégia corporativa da Tokio Marine, pagar bons salários e bônus e oferecer benefícios não bastam. "É preciso ter comprometimento e, por isso, nosso maior investimento está no capital humano." A seguradora japonesa importou da matriz uma filosofia que contempla três pilares: olhar além do lucro, capacitar os funcionários e cumprir os compromissos.

"O segredo é ouvir os colaboradores. Fazemos pesquisas de satisfação e, a partir do resultado, implementamos ações para melhorar cada dia mais o ambiente de trabalho", afirma. A Tokio Marine se orgulha, por exemplo, dos elevados índices relativos a oportunidades de crescimento local e também internacional.

Maria Helena Monteiro, diretora de ensino técnico da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), afirma que as empresas do mercado de seguros se esforçando para tornar a indústria uma empregadora que os jovens universitários considerem como primeira escolha ao decidir por uma carreira. Algo que faz sentido para um mercado que está crescendo, precisa de mão de obra qualificada, mas é pouco lembrado por estudantes e recém-formados.

O assunto é tão relevante que foi tema do IX Encontro de RH do Mercado Segurador. No evento, especialistas em RH das seguradoras debateram, por um dia inteiro, o que precisa ser incluído na proposta de valor aos empregados e candidatos, a fim de criar uma marca empregadora mais forte.

A SulAmérica está investindo nesse conceito com um projeto de valorização da carreira com foco em desenvolvimento interno e engajamento. A diretora de capital humano da organização, Patricia Coimbra, afirma que a companhia se baseia em quatro principais conceitos de desenvolvimento de profissionais em todos os níveis da organização: Programa de Estágio, Sua Estrada 1ª Gestão, Talent Review e Café com a Liderança. "O programa Sua Estrada 1ª Gestão, por exemplo, promove a retenção e garante um plano de sucessão no nível inicial de gerência."

A estratégia também aumenta o engajamento, pois os 1,2 mil profissionais seniores mapeados recebem feedbacks estruturados e ampliam as oportunidades de carreira por estarem no radar de todas as áreas da companhia.

Já a Prudential do Brasil realiza anualmente o Mês do Desenvolvimento do Talento, dedicado exclusivamente ao aperfeiçoamento do conhecimento dos funcionários. "O objetivo do programa é desenvolver habilidades comuns a todos, com foco em melhorias técnicas e comportamentais", conta Paulo Leão, vice-presidente de recursos humanos da Prudential. Outra iniciativa da companhia é o programa de "job rotation", que dá oportunidade de evolução na carreira profissional por meio de novas experiências adquiridas em diversas áreas.

Na Bradesco Seguros, grupo conhecido por privilegiar o crescimento profissional das pratas da casa, o investimento está em cursos presenciais e on-line para funcionários e corretores, tanto dentro como fora do país. "Apenas em 2015 tivemos mais de 150 mil participantes nesses programas", afirma Eugenio Velasques, diretor da holding.

O executivo ressalta que tanto o presidente do banco, Luis Carlos Trabuco, e os recentemente falecidos Marco Antonio Rossi e Lúcio Flávio começaram como auxiliares e chegaram a posição de líderes. "Isso traz aos funcionários um sentimento de pertencimento dentro da organização. A mensagem é que se o profissional acreditar em si, se esforçar e se desenvolver, poderá chegar a posições de liderança", diz.

Na opinião de Fernando Mantovani, diretor de operações da consultoria de recrutamento Robert Half, oferecer benefícios como assistência médica, horário flexível, bolsa de estudos, bônus por desempenho e a possibilidade de trabalhar via home office são pontos relevantes para que os colaboradores considerem a companhia um lugar bom para se trabalhar e propaguem essa informação entre os demais profissionais do mercado. "Além de reter os talentos, uma reputação sólida também é uma importante ferramenta de atração", diz.

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