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Controle de gastos sem repasse de custos alavanca segmento de seguros

Fonte: DCI

Especialistas veem mercado segurador em situação pessimista ante atual cenário econômico. Manter preço de produtos é alternativa para companhias tentarem manter ou melhorar receita

São Paulo - Seguradoras que conseguem ajustar o controle de gastos sem repassar custos a seus produtos podem alcançar maior receita. Especialistas, no entanto, alertam que as dificuldades do atual cenário econômico colocam o mercado em cenário pessimista.

De acordo com dados da CNSeg sobre a arrecadação do mercado segurador, janeiro deste ano já obteve um aumento de 8,6% quando comparado ao mesmo período do ano passado, indo de R$ 15 bilhões em janeiro de 2015 para R$ 16,3 bilhões no primeiro mês deste ano.

Os especialistas ouvidos pelo DCI, no entanto, afirmam que, ante o cenário de indefinições políticas e econômicas, "a desconfiança do consumidor tende a aumentar e, dessa forma, retrair todo o setor de seguros".

O diretor financeiro da Mongeral Aegon, Sérgio Mello, compara o atual momento do País com a crise financeira vista em 2009 e ressalta que apesar dos impactos próprios de cada segmento, todos os setores sofrem influência "imediata, diretamente relacionada ao cenário econômico pelo qual passamos".

"Com certeza para todas as companhias que têm boa parte dos seus resultados impactados pelo mercado e que têm um grande peso das vendas no seu portfolio total, há uma tendência a sofrer tanto com o aumento do desemprego como pela queda do varejo, que eram índices que geravam renda. Talvez nós não iremos sentir muito nos números em geral, mas os segmentos que apostam no coletivo e no prestamista, por exemplo, podem ter vivido um cenário em 2015 que, com as dificuldades que tivemos até agora, dificilmente viverão em 2016", avalia o executivo.

Segundo informações do Sindicato dos Corretores do Estado de São Paulo (Sincor-SP), o faturamento observado no mercado segurador, como um todo, obteve um aumento de 12% quando comparado ao ano de 2014.

A melhora, no entanto, está relacionada aos produtos VGBL. Assim, quando visto apenas os produtos de seguros, sem VGBL e operações de saúde suplementar, por exemplo, a variação de melhora no comparativo passa para 5%.

Para Leonardo Bastos, coordenador do curso de ciências econômicas do Centro Universitário Newton Paiva, o mercado segurador seguirá as tendências da economia do País.

"É um mercado suscetível à crises. A tendência é que o volume de negócios realmente dê uma retraída. Mas se observamos bem, alguns setores podem até se manter. O que vai ditar isso está relacionado às características do produto, se ele é um bem tangível ou não", afirma o especialista.

De acordo com Mello, no entanto, o consolidado de vendas dos dois primeiros meses do ano da Mongeral, seguradora específica para seguros de vida e previdência, já alcançaram uma alta de 65% quando comparado aos dois primeiros meses do ano passado.

Ele destaca que a estruturação de gastos da empresa sem repassar um reajuste de custos para os produtos foi essencial.

"Começamos 2016 já em 2015. A hora de projetar não é quando as coisas ficam difíceis, pra acompanhar o desespero. A gente conseguiu reduzir a proporção de despesas sobre o total de prêmios da companhia e, agora, vemos tudo isso como oportunidade", conclui o diretor.

Projeções

Os especialistas ressaltam que, apesar do provável recuo ante a queda do PIB, o setor ainda pode ganhar pela alta inflação.

Na última ata do Copom divulgado pelo Banco Central, as projeções de inflação ficam com meta abaixo dos 6,5% para 2016, e em 4,5% para 2017.

Para o mercado segurador, no entanto, segundo dados da CNSeg, apesar da expectativa de crescimento anual estar em 10,3%, com arrecadação de R$ 400,6 bilhões, as projeções apontam um recuo de 0,7 pontos percentuais quando comparadas ao crescimento do ano passado, de 11%.

"O mercado tende a acompanhar o cenário. E a expectativa é de que a economia só comece a melhorar em 2019", identifica Bastos.

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