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Recessão não inibe alta das despesas per capita em saúde suplementar

Fonte: Jornal do Commercio - RJ

IESS constata que, na contramão do desaquecimento econômico, os gastos médicos per capita continuam avançando, diferentemente do que acontece em outros países

O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) fez as contas e concluiu que as despesas assistenciais per capita no Brasil estão crescendo mesmo com a retração da economia, ao contrário do que acontece em
outros países. E aponta o principal responsável por esse descasamento: a inflação médica no País, “uma das maiores dentre os países que têm dados disponíveis”. “Usualmente, quando a economia de um país desacelera ou mesmo entra em recessão, os gastos com saúde também tendem a cair”, sustenta o superintendente-executivo do instituto, Luiz Augusto Carneiro.

Ele ilustra comentário citando a realidade do Reino Unidos, onde, por exemplo, ele diz que a taxa do gasto per capita com saúde recuou 3,4 pontos porcentuais em 18 anos, entre 1995 e 2013, enquanto a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita caiu 1,4 ponto porcentual. Já no Brasil, revelando espaço de tempo menor, de 12 anos, entre 2001 e 2013, Carneiro conta que a taxa de expansão do PIB per capita recuou 0,8 ponto porcentual, enquanto a dos gastos assistenciais por beneficiário avançou 2,5 pontos porcentuais.

Em mãos o Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), o IESS, que calcula o índice, indica que as despesas médico-hospitalares das operadoras de planos de saúde subiram 8,2 pontos a mais do que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre junho de 2014 e junho
de 2015, “o que representou uma alta de 17,1% no período”. “A inflação do setor tem se mantido em um nível cerca de duas vezes mais alto que o IPCA desde dezembro de 2011. E um dos principais motores impulsionando o aumento desses gastos é a incorporação de novas tecnologias sem uma avaliação criteriosa
de custo-efetividade”, alerta Luiz Carneiro.

Tecnologia assusta

O executivo julga que é necessário o País repensar a utilização da Avaliação das Tecnologias em Saúde (ATS) para a saúde suplementar, a exemplo do trabalho que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) desenvolve hoje para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O IESS aponta, ainda, que outro grande desafio a ser enfrentado no Brasil para conter a escalada da inflação médica é o modelo de remuneração dos hospitais. O superintendente executivo da instituição explica que o fee for service (remuneração por serviço), modelo de pagamento ainda predominante no País hoje, não verifica a eficiência dos serviços ou a qualidade da assistência hospitalar prestada aos pacientes, incorrendo em elevados custos por reinternação de pacientes que não foram tratados corretamente, por exemplo.

Na opinião de Luiz Carneiro, uma das opções para combater o descolamento entre o ritmo de crescimento da economia nacional e das despesas assistenciais está na adoção dos chamados diagnosis related groups (DRGs) – que são um sistema de classificação de pacientes internados em hospitais – tema que tem sido cada vez mais debatido no mercado nacional.

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