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Seguradora começa a sentir efeito da crise

Fonte: Valor Econômico 

O mercado segurador brasileiro deve sentir o baque neste ano com a continuidade da crise econômica no país. A agência de classificação de risco Fitch Ratings prevê que o conjunto das companhias, sem considerar o ramo de saúde, verá o ritmo de crescimento das vendas se arrefecer. A expansão dos prêmios no setor é projetada em 8%, mostrando que a evolução em dois dígitos, obtida até o ano passado, pode ficar para trás.

Esin Celasun e Rodrigo Salas, respectivamente, diretores para a área de seguros da Fitch, avaliam que a crescente taxa de desemprego, o nível alto de inflação e a imprevisibilidade macroeconômica para investidores e empresas são ameaças para o setor de seguros - que, até o momento, não padecia como outros segmentos da economia.

Roberto Santos, diretor-geral da Porto Seguro, afirma que os seguros sofrem a consequência do mercado primário. Dessa forma, quando as vendas de automóveis zero quilômetro retraem ou o mercado imobiliário se desacelera, a venda de apólices relacionadas diminui.

Segundo ele, no primeiro trimestre deste ano, houve queda de 40% nos pedidos de cotação de seguros para veículos novos. É um percentual alto, ressalta o executivo, mas existe a contrapartida no ramo de usados, com demanda mais aquecida.

O nível de desemprego em alta tem afetado as receitas, principalmente no setor de saúde, avalia Santos. "Quando empresas demitem, a fatura mensal paga à seguradora diminui."

O executivo lembra que a desocupação também tem impacto nos resultados das seguradoras pelo lado da sinistralidade. De acordo com ele, nesses momentos há uma tendência ao aumento de furtos e roubos de celulares, automóveis e residências.

Na australiana QBE Seguros, a conjuntura econômica negativa já afetou parte dos negócios. O arrefecimento das vendas no varejo reduziu em 30% o volume de seguros como os de garantia estendida oferecidos pela empresa, diz o presidente da seguradora, Raphael Swierczynski. Ele ainda observa que a sinistralidade para proteção a celulares cresceu muito.

Em outra frente, a forte desvalorização cambial registrada no ano passado teve impacto na oferta de seguro de viagem. Um deles foi a queda de 35% no número de brasileiros que procuravam a companhia para viajar ao exterior. Outro foi o efeito causado pela diferença nas cotações do dólar entre o dia do fechamento da apólice e da cobertura do sinistro fora do país.

Apesar disso, diz Swierczynski, a perspectiva para a QBE é, no geral, auspiciosa. Depois de sair da concentração do seguro massificado de automóveis, em 2014, a empresa ampliou suas linhas de atuação e, para este ano, projeta crescimento no conjunto de prêmios da ordem de 30%.

O relatório da Fitch, intitulado "Panorama de Seguros no Brasil" mostra que, no ano passado, houve alta de 10% no faturamento do setor - quase o mesmo percentual registrado em 2014. Mas o patamar ficou bem abaixo da média de 17% vista de 2010 a 2013. Celasun, diretora que assina o documento, nota que a expansão vem sendo amparada, principalmente pelo segmento de planos de previdência aberta VGBL (sigla para Vida Gerador de Benefício Livre), cujas vendas aumentaram 21%.

"O mercado de previdência aberta vêm crescendo a um ritmo de dois dígitos faz tempo e segue com boas perspectivas", afirma o superintendente de produtos da BrasilPrev, Sandro Bonfim. Na sua avaliação, as incertezas vistas no atual cenário político-econômico estimulam as pessoas a poupar.

Nem mesmo a taxa de desemprego tem arrefecido as captações para os planos de previdência. Na base da BrasilPrev, diz Bonfim, existem pessoas com um nível de renda mais elevado, que só recorrem por último aos saques dos recursos previdenciários. "Apesar de não passar imune à crise, esse grupo não é o mais afetado. Ele refreia o consumo e, se precisa de recursos, prioriza investimento de mais curto prazo, como poupança."

A arrecadação do VGBL na BrasilPrev chegou a quase R$ 2 bilhões em janeiro, com alta de 47,8% na comparação anual, disse Bonfim baseado em dados da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida). De acordo com a entidade, nesse mesmo período, o mercado como um todo cresceu 28,8%. Para o executivo, a captação é ajudada pela capilaridade do Banco do Brasil e pela força de vendas, que "acredita no produto".

Já a Bradesco Seguros estima elevar suas vendas gerais entre 8% e 12% já considerando o cenário econômico adverso. Em 2015, o faturamento do grupo foi de R$ 64,3 bilhões nos segmentos de seguros, capitalização e previdência complementar aberta, 15,1% a mais em relação a 2014. Isoladamente e ainda no ano passado, as receitas do segmento de previdência seguiram fortes, com alta de 19,8%. No mesmo período, a evolução do mercado foi de 18,4%.

Um comentário:

  1. O ramo de seguros que está puxando essa queda é o de seguro automóvel, que sofre muito com a queda nas vendas e a inadimplência dos segurados devido ao cenário econômico complicado pelo qual estamos passando.

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