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ntermédica paga R$ 125 milhões pela Unimed ABC

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Valor Econômico 

A NotreDame Intermédica, terceira maior operadora de planos de saúde do país, adquiriu a Unimed ABC por cerca de R$ 125 milhões, segundo o Valor apurou. É a primeira vez que uma cooperativa médica é comprada por uma operadora que não faz parte do sistema Unimed - o que pode desencadear outras transações semelhantes no mercado. Atualmente, há cerca de 300 cooperativas médicas que juntas detém 18 milhões de usuários, ou seja, 37% do setor, e muitas delas enfrentam dificuldades financeiras.

Esse foi o motivo que levou a Unimed ABC ser vendida. A cooperativa médica do ABC paulista, polo da indústria automobilística, perdeu muitos clientes por causa da recessão do setor automotivo e viu sua situação econômica se agravar com a quebra da Unimed Paulistana, que lhe deixou uma dívida de cerca de R$ 18 milhões. Em nove meses, a Unimed ABC perdeu mais de 20 mil usuários.

A transação envolveu a compra de uma carteira com 70 mil clientes, um hospital com 110 leitos, cinco centros clínicos e duas unidades de pronto atendimento - ativos que se encaixam com o perfil da Intermédica que tem uma ampla rede própria e já tem presença em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema. Além disso, a Intermédica tinha interesse em fortalecer sua presença nessas cidades porque, em abril, a Amil comprou o Grupo Santa Helena que tem hospitais e clínicas no ABC.


Ainda de acordo com fontes do setor, os recursos da venda serão usados para cobrir os prejuízos da Unimed ABC deste ano e de 2015, dívidas com fornecedores e uma parte será mantida na cooperativa médica para possíveis passivos futuros. Em 2015, a cooperativa médica apurou um prejuízo de quase R$ 37 milhões e neste ano deve amargar outro resultado negativo.


Os médicos cooperados não vão receber prêmio pela venda do negócio, mas não vão precisar colocar dinheiro do próprio bolso para cobrir as perdas. A Unimed ABC tem cerca de 200 médicos associados. Pelas regras das cooperativas, os médicos associados são obrigados a colocar recursos próprios quando há prejuízo. Isso aconteceu com a Unimed Paulistana e deve ser feito com a Unimed Rio. Na próxima semana, a cooperativa carioca realizará uma assembleia em que deve definir que cada médico precisa contribuir com R$ 90 mil, segundo o Valor apurou.

Ainda de acordo com fontes do setor, a própria diretoria da Unimed ABC preferia um formato de transação que não envolvesse uma outra cooperativa. Hoje, uma das críticas do setor é que as cooperativas médicas acabam absorvendo carteiras problemáticas de outras Unimeds. Esse caso aconteceu com a Unimed São Paulo que faliu e seus clientes foram transferidos para a Paulistana que, por sua vez, também fechou as portas em 2015.

As negociações para a venda da cooperativa médica do ABC levaram cerca de seis meses, sendo que outros competidores também se interessaram pelo ativo. A Unimed ABC foi assessorada pelo banco Santander e escritório Mattos Filho e a Intermédica teve apoio da consultoria Setter Investimentos e Pinheiro Neto Advogados.

Adquirida há dois anos pela gestora americana de private equity Bain Capital por R$ 2 bilhões, a Intermédica tem se posicionado como uma forte consolidadora e está com um caixa robusto. Em 2015, o lucro líquido foi de R$ 236 milhões, um salto de 245% e o lucro antes de juros, impostos e depreciação (Ebitda) avançou 110% para R$ 330 milhões. Já a receita líquida alcançou R$ 2,9 bilhões, alta de 18% quando comparado a 2014. Além disso, o grupo que possui 3,6 milhões de usuários e planos de saúde e dental, vem investindo fortemente na modernização de sua rede própria e marca.

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