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Os desafios da disrupção e os novos riscos

Fonte: Jornal de Negócios - Portugal

A indústria seguradora vive um grande momento de disrupção tanto no domínio da tecnologia, como do comportamento dos consumidores, a que acresce a da emergência de novos riscos. Mas há problemas de sempre, como os juros.

"Um dos desafios para as seguradoras é a rapidez a lançar produtos" disse Gastão Taveira, CEO da i2S. Com os sistemas baseados em "mainframes", a maior parte das companhias leva oito a 12 meses para lançar um novo produto complexo, só em termos informáticos. "Isto tem de ser ultrapassado e também há tecnologias para o fazer" assegurou. O caminho passa por uma configuração de produtos muito simples em que um actuário seja capaz, sem qualquer programação, de definir um produto. Este processo é rápido e em semanas pode-se lançar um produto, fazer um teste de mercado. Se não funcionou altera-se. "Esta agilidade é fundamental com a mudança social" sublinhou Gastão Taveira.

Outro factor muito importante na forma de interacção das seguradoras com os clientes é a omnicanalidade. "Tem de haver o 'single point of truth' na companhia seguradora, que é uma espécie de motor de regras. Quando se define um produto definem-se todas as condições técnicas, o processo e as regras de decisão, seja na subscrição, na gestão de sinistros, no cálculo das provisões. É o motor de regras que permite que seja publicado em todos os canais e em todos os dispositivos possíveis" referiu Gastão Taveira.

A disrupção dos seguros

"A indústria seguradora vive um grande momento de disrupção tanto no domínio da tecnologia como do comportamento dos consumidores" afirmou Rui Neves, senior partner da McKinsey. Por sua vez, Gastão Taveira deu como exemplo o facto de em Inglaterra mais de 70% do seguro automóvel ter resultado de uma pesquisa online. Traçou ainda o retrato dos millennials que serão entre "entre 25 e 50% dos consumidores, muito ágeis, conectados. Não aceitam a relação normal e burocratizada, as coisas têm de ser mais simples, valorizam a experiência, querem respostas imediatas, não confiam na publicidade e já vêem pouca televisão, informam-se. Acreditam numa marca se tiverem tido experiências positivas. A capacidade de fazer pesquisa é elevada".

Uma das tendências marcantes dos tempos que se vivem é a simplificação e o custo. Luís Pereira Coutinho, presidente do Banco CTT, uma instituição financeira recém criada que tem como filosofia uma relação com o cliente com produtos de poupança e investimento muito simples, com apoio tecnológico e com serviços de baixo custo. Funcionam também em parceria por isso não estão reféns dos seus próprios produtos. "Temos trabalhado com os nossos parceiros seguradores para encontrar soluções simples, fáceis de entender pela rede e pelos consumidores".

Riscos e juros

No mapa dos riscos as seguradoras estão preparadas para os riscos tradicionais como tem provado pela sua capacidade de gerir esses riscos. O problema, como assinalou Flavia Rodríguez-Ponga, "está nos novos riscos, que vêm de fora do sector, sobretudo oriundos da tecnologia e do impacto da digitalização e dos sistemas de relacionamento com os clientes como a venda online". Para uma seguradora com o ramo automóvel os riscos são geridos com eficácia e conhecimento, no futuro o risco principal vem de fora, são riscos externos sobretudo tecnológicos, como por exemplo da tecnologia com os veículos autónomos e que vão levar a um outro conceito de responsabilidade civil e de seguro automóvel.

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