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Auto popular aposta no segmento de usados

Fonte: Valor Econômico

Por Carlos Vasconcellos | Para o Valor, do Rio


Pires, da Azul: "Precisamos que os corretores entendam bem o produto"

Cerca de 70% da frota de veículos no Brasil não têm seguro. Isso corresponde a algo entre 20 milhões e 30 milhões de automóveis. Esse universo é o alvo do seguro auto popular, modalidade autorizada pela Susep no fim do ano passado, que custa em média de 20% a 30% menos do que a apólice convencional e é voltada para clientes que possuem carros com cinco anos de uso ou mais. As coberturas são menores e as franquias mais altas. A cobertura de responsabilidade civil, por exemplo, é de apenas R$ 25 mil, e as franquias são em média 50% mais altas do que as de um seguro convencional.

O novo seguro é uma aposta do setor em um momento que as apólices para veículos sofre com a queda nas vendas de carros novos. Em 2016, esse mercado caiu 20% em comparação ao ano anterior, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Não por acaso, a arrecadação de prêmios no segmento automotivo teve queda de 2,4% no mesmo período.

Marcelo Goldman, diretor-executivo de massificados da seguradora Tokio Marine, aposta que o produto pode ajudar a alavancar as vendas do ramo. A empresa vem comercializando o seguro auto popular desde dezembro, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e mais recentemente em Recife, Fortaleza, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte.


"É um mercado enorme que estava fora do alcance das seguradoras", avalia Goldman. Para ele, o fator preço afasta muitos clientes dessa modalidade. Por isso, a empresa vem abrindo o leque de opções. "Com o auto popular oferecemos quatro opções de cobertura", diz. Segundo o executivo, a estratégia vem dando resultado. A Tokio Marine teve alta de 27% na arrecadação de prêmios no mercado automotivo de janeiro a maio, contra uma média de 5% a 6%.

Outra seguradora que apostou no auto popular foi a Azul, subsidiária da Porto Seguro. Por enquanto, o produto está disponível apenas na Região Metropolitana de São Paulo. "Por enquanto é um projeto piloto", explica Gilmar Pires, superintendente de negócios da Azul Seguros.

Segundo Pires, o mercado ainda não está acostumado a lidar com essa nova modalidade de seguro. "Precisamos que os corretores entendam bem o produto, eles são muito importantes para conquistar um consumidor que nunca lidou com seguro antes."

Pires explica que a Azul não tem pressa de crescer nesse nicho. "Aliás, é muito mais do que um nicho", ressalta. "É um mercado que vai crescer no médio prazo e queremos estar bem preparados para esse novo jogo", diz.

Um dos pontos que provocaram polêmica nas discussões sobre a regulamentação do auto popular foi a autorização para aproveitamento de peças de segunda mão e uso de peças não originais no reparo dos veículos. Pires explica que a utilização de peças de reúso não inclui itens de segurança, como freios, airbags ou amortecedores. O desmonte é feito por empresas cadastradas para essa tarefa, de modo a evitar o uso de peças roubadas.

No caso da Azul, a responsabilidade pelo desmonte é da Renova Eco Peças, subsidiária criada para este fim. "Usamos peças de carros que tiveram perda total em nossa própria rede de oficinas", explica Pires. "O que não pode ser reaproveitado é recolhido pela Renova para ter o destino adequado." A Tokio Marine, por sua vez, optou por não trabalhar com peças de reúso.

Enquanto o auto popular engatinha, outras seguradoras buscam lançar produtos populares em outros moldes, para abocanhar uma fatia no segmento de carros usados. É o caso da SulAmérica, que investiu no autocompacto, para ampliar seu portfólio de seguros automotivos, oferecendo uma apólice 20% mais barata.

"Reduzimos algumas coberturas, retiramos alguns serviços adicionais, como o de concierge, mas mantivemos apenas peças originais nos reparos", diz Eduardo Dal Ri, vice-presidente de auto e massificados da SulAmérica Seguros.

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