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Maior interesse de produtores deve mover crescimento de apólice rural

Fonte: Valor Econômico

Por Danylo Martins | De São Paulo
Regis Filho/Valor


Neri Geller: "O capital segurado cresceu 142% no mesmo período"

Um dos setores mais importantes da economia brasileira, o agronegócio, está entre as modalidades com grande potencial de crescimento no mercado segurador. Prova disso é o avanço desse tipo de proteção na última década. Em 2006, havia menos de 1,6 milhão de hectares segurados. No ano passado, esse número chegou a 10 milhões de hectares. Mesmo com a expansão, apenas 15% da área plantada no Brasil conta com seguro, conforme estudo divulgado em maio pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

O baixo percentual revela um mercado promissor a ser explorado. "Um dos indicadores é o interesse do produtor rural pelo seguro como um instrumento de gestão para o seu negócio. Além disso, as seguradoras começam a enxergar esse potencial", destaca Wady Cury, presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg e diretor-geral de habitacional e rural do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre.

Em 2016, o seguro rural registrou alta nominal de 11,3% em relação ao ano anterior, com prêmios diretos de R$ 3,6 bilhões. No primeiro trimestre, o segmento viu a arrecadação de prêmios saltar 51,2% na comparação anual, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Em abril, o crescimento desacelerou, mas não a ponto de desanimar o mercado.


"As companhias estão satisfeitas. Será um ano muito bom", prevê Cury. A perspectiva de safra recorde neste ano também pode favorecer o segmento, segundo os especialistas. A previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que a colheita, conforme a revisão em maio, alcance uma produção de 238,6 milhões de toneladas, um avanço de 29,2% sobre 2016, com crescimento puxado por soja e milho.

Considerado a principal modalidade de seguro rural, o seguro agrícola tem avançado principalmente com o subsídio do governo ao setor, por meio do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). "Assim como em outros países, o seguro agrícola necessita de subvenção, porque reduz o custo de contratação para o agricultor", afirma Joaquim Francisco, superintendente de agronegócios da Allianz Seguros, que viu os prêmios crescerem 39,4% de janeiro a abril deste ano na comparação com igual intervalo de 2016.

No ano passado, a subvenção governamental ficou em R$ 398,6 milhões, contra R$ 282,3 milhões em 2015. De acordo com o plano safra 2017/2018, o orçamento prevê R$ 550 milhões em subsídio. Além da subvenção do governo federal - em torno de 40% do prêmio -, em alguns Estados, como São Paulo e Paraná, também há subsídio, o que reduz ainda mais o valor do seguro para o produtor rural, diz Joaquim.

Entre 2015 e 2016, houve aumento de 82% nas apólices contratadas, atingindo 76,6 mil, segundo Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa). "O capital segurado cresceu 142% no mesmo período", afirma. Atualmente, apenas 10 seguradoras são autorizadas pelo ministério a operar com a subvenção do seguro rural.

Líder do mercado, o Grupo BB e Mapfre arrecadou R$ 850 milhões em prêmios de janeiro a abril, montante que representa alta de 25,9% em relação ao mesmo período de 2015. "Pulverizamos o risco, com seguro para mais de 40 culturas. Estamos buscando essa diversificação, assim como tentando entender cada vez mais as necessidades do agricultor", observa Cury. "Para cada cultura, deve haver gerenciamento de risco específico", observa José Zanni, líder da prática de agronegócios, papel e celulose da Marsh Brasil.

Diante da maior severidade e frequência de eventos climáticos como secas, geadas e chuvas excessivas, o seguro de custeio indeniza o agricultor pelas perdas. Mas há uma demanda crescente também por seguro de produtividade, dizem as seguradoras. Em 2016, a Tokio Marine lançou um produto com as duas opções. "Na modalidade de produtividade, o seguro garante a produção agrícola, de acordo com o nível de cobertura contratado, quando houver diferença entre a produtividade segurada e a produtividade colhida, por variações climáticas adversas", explica Felipe Smith, diretor-executivo de produto pessoa jurídica da seguradora.

O desenvolvimento de novos produtos pode ajudar na ampliação do mercado. Ainda este ano, o governo federal planeja lançar um projeto-piloto de seguro de renda. "A ideia é que esse seguro garanta, pelo menos, os custos de produção", afirma Geller, do Mapa. Hoje, além do seguro agrícola, as modalidades incluem riscos como pecuário, aquícola, penhor, florestas, vida, máquinas agrícolas, benfeitorias e produtos agropecuários.

As seguradoras têm investido em novas tecnologias, como monitoramento por fotos de satélites e análise de grande volume de dados (big data), para identificar risco climático. As ferramentas contribuem para melhorar a gestão no campo, diz Cury.

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