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Previdência: Idade média de adesão a plano cai de 50 para 38 anos

Fonte: Valor Econômico
Por Roseli Loturco | De São Paulo

Tido como público cobiçado e também de difícil penetração na indústria, os mais jovens começam a aderir de forma mais consistente à previdência complementar. A idade média de adesão aos planos vem caindo nos últimos cinco anos e passou de 50 para 38 anos - tendência que se acentuou de 2015 para cá.

O quadro resulta não só do esforço das seguradoras para ampliar sua base de 13,18 milhões de clientes, mas também das discussões em torno da reforma da Previdência Social, que cria preocupações até para quem está embarcando no primeiro emprego.

Nesse cenário, o plano privado aparece como um instrumento para quem quer se planejar. Isso faz com que um volume maior de jovens comece a se interessar pelo produto. "A geração Y e até a Z, com perfil diferenciado, na faixa dos 22 anos, já começam a contratar previdência, afirma Rosana Techima, diretora de previdência da Caixa Seguradora.

A executiva diz que os jovens não pensam só em aposentadoria quando contratam previdência. Querem acumular também de olho em outros objetivos. O que exige que o setor reflita e modele a comunicação com este público. "Não é só guardar dinheiro e saber se programar para o futuro. A linguagem tem que mudar. E o uso de novas tecnologias é imprescindível", afirma Techima.

A Caixa foi umas das seguradoras que dispararam em vendas neste ano. Sua captação líquida até maio foi de R$ 2,3 bilhões, 122% maior do que no mesmo período de 2016, totalizando R$ 41 bilhões na carteira de investimentos. Parte desse desempenho vem justamente da captura de clientes com menor idade.

Para isso, a seguradora tem lançado simuladores fáceis de operar em aplicativos e soluções para celulares. "Esse é um público totalmente digital que quer praticidade igual ao Uber e outros serviços", afirma a executiva, que desenhou o Prev Renda de olho nesse nicho, com contribuições a partir de R$ 35 mensais e que possui 300 mil clientes.

Techima alerta, no entanto, que como a renda dos jovens é menor e muitas vezes irregular, é preciso tomar cuidado ao modelar o produto para que seja rentável no longo prazo.

Com o mesmo enfoque, o primeiro movimento do Santander também foi o de reduzir o tíquete de entrada em seus fundos de previdência. Há três anos era de R$ 150. Hoje, a partir de R$ 30. Outro ponto foi a simplificação da oferta para ser mais assertivo. "Os jovens dificilmente têm renda que os leve a buscar benefícios fiscais para fazer um PGBL, por exemplo. São mais voltados ao VGBL", afirma Marcos Figueiredo, superintendente de investimentos do banco.

O executivo tem notado que o planejamento está se iniciando mais cedo. "Nossas simulações mostram ao jovem que se ele começar investir aos 25 anos, ele teria que contribuir com 10% da renda periodicamente para se aposentar aos 65 anos com pelo menos 80% da renda de quando estava na ativa", calcula Figueiredo.

A representatividade de quem tem entre 20 e 31 anos dentro da carteira de previdência do banco é de 10%, em número de participantes. O total de patrimônio em previdência no Santander é de R$ 37 bilhões e a captação líquida no primeiro quadrimestre foi de R$ 765,49 milhões, 12,7% menor do que no mesmo período de 2016.

Com uma representatividade maior de jovens em sua carteira do que a média de mercado, a Icatu - 30% em quantidade de pessoas e 7% em reserva - tem visto este público avançar 15% ao ano e atribui isso à diversificação de produtos disponíveis nessa categoria. A partir de R$ 100 dá para ter acesso a gestores como a Verde Asset Management, entre outras sete casas consideradas cinco estrelas, e que são parceiras da seguradora na gestão de recursos.

Além disso, a Icatu evita usar palavras como aposentaria que para o jovem pode soar como algo muito distante. "Ele prefere objetivos de mais curto prazo como casamento, carro ou mesmo educação dos filhos e costuma contrapor objetivo versus risco. Nossos simuladores fazem isso", diz Felipe Bottino, diretor de produtos de previdência da Icatu Seguros.

Só no total da reserva de R$ 990 milhões do fundo Icatu Verde, os jovens representam 9%. Bottino lembra que a resolução da Susep CNSP 294, de 2014, que permitiu a contratação on-line por meio da assinatura eletrônica do produto, favorece a comunicação com quem tem menos idade e vive conectado. "A desburocratização atinge mais rápido o jovem. Não adianta colocar dez papéis na frente dele que não vai funcionar. O que funciona são a multifuncionalidade dos multicanais".

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