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Mercado segurador adia reposição de carteira e projeta aumento de preços

Fonte: DCI

Com share em segundo plano, players tendem a movimentar nova onda de reprecificação para manter receitas em alta neste semestre. Foco em atrair novos clientes e retomada fica para 2019


São Paulo - Na tentativa de preservar receitas, o mercado segurador deve ter um movimento mais forte de recomposição de preços neste ano. Com queda da taxa básica de juros (Selic) e melhoras pontuais, setor só tende a recuperar a composição de carteira em 2019.

Pressionadas pelo recuo no resultado financeiro e pelo ambiente macroeconômico, três das cinco maiores seguradoras do País já começam a remanejar preços, realocar recursos e a trabalhar o foco em redução de despesas.

De acordo com o analista da Planner Corretora Victor Luiz de Figueiredo Martins, os resultados financeiros ainda mostram tendência de piora ao longo deste ano pela contínua queda da Selic e, para a continuidade no crescimento da carteira, o foco deixa de ser o market share para ser a manutenção da rentabilidade.

"O mercado vai operar em estabilidade neste ano e a maior composição começa ano que vem para só vir mais forte em 2019. Assim, não vale à pena buscar share a qualquer custo. As seguradoras seguirão cautelosas na precificação e na alavancagem de suas operações", explica o especialista.

Nessa linha, apesar de as seguradoras de médio porte demorarem para recompor os preços em prol da competitividade e do maior número de segurados que migraram de companhia em busca de produtos mais baratos, a melhora gradativa em prêmios que o setor demonstra devem promover um movimento mais forte de precificação no setor.

"Aquelas que estão centradas em competição retardaram um pouco o ajuste de preços, mas já se posicionam. Com o que vemos de taxas de juros e frequência de sinistros, é inevitável que esse aumento ocorra, é só questão de timing", avalia o presidente da Porto Seguro Fábio Luchetti.

"Momento desafiador"

Além disso, outros dois pontos de atenção no setor são os índices de sinistralidade e o maior foco em vida e previdência e automóveis, segmentos que começam a se recuperar e foram destaque no semestre.

Para Martins, apesar de variar entre as companhias, a alta sinistralidade ainda tem sido um fator de forte impacto nos resultados. "Isso compõe fortemente o lucro líquido dessas companhias e é algo com o qual as seguradoras terão que aprender a conviver ou a mudar", pondera o analista.

Enquanto Bradesco Seguros teve queda de 0,2 ponto percentual (p.p.) na sinistralidade (de 76,8% no primeiro semestre de 2016 para 76,6% em iguais seis meses de 2017); Porto mostrou recuo de 3 p.p. (de 58% para 55%) e SulAmérica subiu 3,3 p.p. (de 77,5% para 80,8%) em igual comparação.

"Em carteiras cada vez menores, a tendência de volatilidade piora a sinistralidade e vemos essa situação em ciclo macroeconômico muito ruim. Na medida que a economia retomada, a sinistralidade melhora", avalia o vice-presidente de saúde e odontológico da SulAmérica Maurício Lopes.

Já em relação aos destaques, enquanto vida e previdência ganham destaque no mercado frente às discussões de reforma previdenciária no governo, os produtos para automóveis voltam gradativamente a ganhar força ante a melhora do consumo na indústria.

"É um dos momentos mais desafiadores da última década, com menor consumo e alto desemprego. Mas já vemos melhoras pontuais e a expectativa é de recuperação", completa Octavio de Lazari, presidente do Bradesco Seguros.

O Grupo Bradesco Seguros, líder no setor, demonstrou alta no lucro líquido do primeiro semestre ante igual período de 2016, de 3,9% (de R$ 2,544 bilhões para R$ 2,644 bilhões). A Porto Seguro, por sua vez, cresceu 9,3% (de R$ 415 milhões para R$ 454 milhões) e a SulAmérica caiu 10%, de R$ 232,3 milhões para R$ 209,2 milhões), na mesma relação.

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