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CNseg rebaixa projeção de crescimento no ano para até 7,5%

Fonte: Valor Econômico
Por Denise Bueno | De São Paulo

A Confederação Nacional das Seguradoras, a CNseg, que reúne as federações de seguros gerais, vida e previdência, capitalização, além de saúde, reduziu a projeção de crescimento do mercado para 2017 depois de analisar os resultados de julho. A estimativa no início do ano era de crescimento entre 8% a 10%, agora está entre 6% e 7,5%. Em 2016 o setor chegou próximo de R$ 392 bilhões, considerando-se os R$ 156 bilhões de saúde suplementar.

O VGBL, que apresentava um ritmo de crescimento de duas casas decimais, registrou uma variação nominal na arrecadação de prêmios de 4% de janeiro a julho deste ano, para R$ 58,4 bilhões. O desempenho foi impactado pela piora da confiança no país em maio, após as delações de executivos da JBS e ainda pela redução dos juros básicos, explica o presidente da entidade, Márcio Coriolano. "A redução da Selic torna os fundos de renda variável e de multimercados mais atrativos que a previdência".

A projeção reduzida, porém, não significa mudança na rota de crescimento continuado, sobretudo para o médio prazo, ainda mais se confirmadas as tratativas com o governo que poderão expandir a demanda por algumas linhas de seguros de grandes riscos ou massificados, acrescenta Coriolano. As vendas do setor, sem saúde, avançaram 4% até julho, para R$ 138,7 bilhões, segundo dados da Susep agrupados pela CNseg.


Líder do segmento de seguros gerais, o seguro de carro que vinha em queda se recuperou e cresceu 6,4% no período, para R$ 19,2 bilhões. "A liberação do FGTS, as liquidações das concessionárias e a pequena retomada do crédito com o recuo das taxas de juros explicam a melhora da carteira", diz. A projeção que era de estagnação no começo do ano, agora aponta para crescimento próximo a 2% em seguros gerais.

Os seguros de crédito e de garantia tiveram alta de 38%, para R$ 2,3 bilhões no período até julho, e o seguro rural avançou 13,7%, para R$ 2,2 bilhões, evidenciando maior independência da sua contratação à subvenção do governo. O seguro habitacional também segue positivo, com crescimento acima da inflação até julho de 2017, com 8,4% de variação real.

As seguradoras exibem lucratividade e níveis de solvência sólidos apesar da crise. "Historicamente, a lucratividade sobre o patrimônio líquido situava-se em patamar mínimo de 20% ao ano. Agora esse patamar passou a ser o teto, mas ainda mantendo a lucratividade alta, oscilando entre 18% e 19%. Não é nada desesperador", comenta Flávio Faggion, sócio da consultoria Siscorp.

Ele também faz referência aos custos administrativos, em média de 15% da arrecadação. "Esse índice é incompatível com a realidade atual", comenta. A expectativa é de que o mercado de seguros brasileiro alcance ao final de 2017 a arrecadação de R$ 434,6 bilhões. "No atual cenário do Brasil está muito difícil de se ter segurança nessas projeções", diz o consultor.

Segundo Coriolano, as seguradoras têm buscado tecnologia para reduzir custos e inovação para conquistar mais clientes. Ele elenca uma série de desafios a serem superados antes da retomada mais acelerada da economia, que vão desde a antiga batalha pelo VGBL Saúde até a mais recente conquista, que é privatizar o seguro de acidente de trabalho. "Uma coisa eu tenho certeza: o setor de seguros supera R$ 1 trilhão em ativos investidos no país em 2017 e está pronto para alavancar o próximo ciclo virtuoso do Brasil."

Roberto Bittar, presidente da Escola Nacional de Seguros, concorda. "Todos correm para inovar e conquistar seu lugar neste enorme mercado" diz ele, citando as estimativas de que existam mais de 18 milhões de residências sem qualquer tipo de seguro, que apenas 25% da frota de veículos sejam segurados e que somente 5% dos brasileiros comprem seguros de vida voluntariamente e 7% via empresas em que trabalham.

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