Breaking News

Iniciativa busca criar seguro contra mudança climática

Fonte: Valor Econômico
Por Daniela Chiaretti | De Bonn, Alemanha

As Nações Unidas estimam que há no mundo 400 milhões de pessoas vulneráveis a riscos de desastres climáticos. Na CoP-23, uma iniciativa que reúne seguradoras, governos e comunidades -a InsuResilience Global Partnership- ganhou fôlego e recursos para desenhar produtos específicos aos mais pobres, com abordagem preventiva e que permitam aos atingidos por desastres voltar o quanto antes a ter cotidiano normal.

A iniciativa foi lançada em 2015, durante encontro das sete economias mais ricas do mundo, o G 7, na Alemanha, mas a cada conferência do clima ganha escala e mais adeptos. Em Bonn, o governo alemão prometeu US$ 125 milhões e o Reino Unido, outros US$ 40 milhões. O agregado está em US$ 550 milhões. "Temos que conseguir melhores dados para analisar riscos climáticos, apoio para o desenho de soluções e suporte financeiro para seguros", disse Thomas Silberhorn, secretário de Assuntos Parlamentares do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha.

A parceria reúne governos como o Reino Unido, Alemanha, Japão, Etiópia, França, Madagascar, Fiji, Holanda, nomes do setor privado (Allianz, Munich Re e Swiss Re, entre outras) além de organismos multilaterais como o Banco Mundial e ONGs. É uma iniciativa prática de enfrentamento aos impactos da mudança climática, embora modesta diante do desafio global. Em 2017 até agora, furacões, secas e o aumento do nível do mar causaram mais de US$ 200 bilhões de danos em várias partes do mundo, diz a ONU. De 1998 a 2016 a estimativa é que apenas 3% dos danos globais provocados pela mudança do clima tenham sido cobertos pelo setor de seguros.

Um dos conflitos mais difíceis das negociações climáticas é o que trata da rubrica "Perdas e Danos". Reivindicação histórica das pequenas ilhas e países mais vulneráveis, que sofrem os piores efeitos sem terem causado o problema, avança lentamente nas negociações. Os países mais afetados argumentam que já não podem se adaptar aos impactos e pedem recursos financeiros e maneiras de lidar com o deslocamento de populações. Os países desenvolvidos recusam a ideia, dizendo que não há relação clara entre dano e responsabilidade. "Instrumentos de seguros oferecem solução rápida, mas são apenas uma ferramenta entre muitas outras", disse Silberhorn.

Estudos do Banco Mundial indicam que reparar danos causados por desastres custa quatro vezes mais do que investimentos em prevenção. Os produtos em estudo e teste miram diferentes países e diferentes grupos. "Há o seguro para governos, mas também para pequenos produtores, agricultores familiares, cooperativas", diz Phillipp Knill. Uma experiência, que acontece na África Subsaariana, investe na prevenção de secas com melhores previsões do tempo e recursos para comprar sementes e repor o rebanho que morre.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario