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Empresas mudam de linguagem para conquistar a geração Y

Fonte: Valor Econômico 

Divulgação
Carolina Vieira: momento de vida em que não há uma cultura previdenciária

Falar de previdência privada é um assunto que gera polêmica no círculo de amigos do engenheiro de computação Ulili Nhaga. Aos 31 anos, ele foge totalmente do padrão da geração Y (ou millenial), aqueles nascidos entre o início da década de 80 e meados dos anos 90. "Alguns colegas riem e acham bobagem, dizem que estou jogando dinheiro fora. Outros prestam atenção", diz o engenheiro, nascido na Guiné Bissau e radicado no Brasil desde 2007.

Há dois meses, Nhaga contratou um pacote completo de investimentos: um plano de previdência PGBL, um seguro de vida e aplicações de curto prazo. "Decidi pela previdência devido à incerteza quanto ao futuro da Previdência do governo", diz. Com projeto de resgatar o saldo entre 65 e 70 anos de idade, Nhaga estabeleceu um plano de aportes mensais, hoje na faixa de R$ 400.

Até mesmo profissionais do setor consideram que o Nhaga é um ponto fora da curva entre os jovens. "É um público que está em um momento de vida em que não há uma cultura previdenciária. Mas a reforma da Previdência tem despertado a atenção e provoca curiosidade quanto ao futuro", afirma Carolina Vieira, diretora de planejamento, desenvolvimento e gestão da Mongeral Aegon.

Não há números específicos quanto à adesão, mas a conquista passa por uma mudança de comportamento das companhias para sensibilizar os jovens. "A linguagem deve ser mais leve, apostando na previdência como uma reserva que traz segurança e não um produto ligado diretamente à aposentadoria", diz Vieira. A Mongeral tem tentado essa aproximação pela orientação e treinamento dos corretores, reforço em mídias digitais e parcerias e palestras de educação financeira.

Segundo a executiva, o perfil da geração Y exige mais flexibilidade em razão das decisões e mudanças constantes nesta etapa da vida. "O nascimento de um filho ou a compra de um imóvel mudam as prioridades. Mostramos que os aportes não precisam ser necessariamente mensais, podendo ser semestrais ou anuais, desde que haja regularidade e acompanhamento do plano", afirma Vieira.

Para Jorge Pohlmann Nasser, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, a solução ideal para atingir a geração Y passa pela convergência de canais digitais na prestação de informações e na contratação de um plano de previdência. "Os jovens querem informações objetivas e buscam agilidade nos processos", diz Nasser. A resposta tem sido positiva, diz. Segundo o executivo, 28% da base de clientes de previdência estão na faixa entre 24 e 38 anos, mas não é possível determinar se são planos individuais ou corporativos. Apesar de supostamente estarem associados a uma imagem de ousadia, a realidade da geração Y é outra nos investimentos em previdência. "A maioria opta por planos de renda fixa. Eles querem segurança em investimentos de longo prazo."

Devido a seu grau de exigência, a geração Y não tem paciência com discursos convencionais. Há dois anos no ramo de previdência, o BTG Pactual conta com um canal no YouTube, com mais de 50 mil inscritos, que didaticamente aborda temas específicos sobre o segmento. Além dos vídeos, o banco oferece um canal no portal BTG Pactual digital que permite uma simulação da contratação com base no momento de vida do cliente. "No final, a conclusão pode ser que a previdência não é o investimento indicado naquele momento", diz Marcelo Flora, head do BTG Pactual digital e da BTG Pactual Vida e Previdência.

Para Humberto Sardenberg, superintendente de marketing da Icatu, antes de entrar em uma linguagem técnica, a companhia precisa acionar o "click" na mente do jovem. De olho nas novas gerações, a Icatu tem lançado ferramentas e firmado parcerias que visam despertar até mesmo a curiosidade pela educação financeira na infância, como é o caso dos jogos criados com o personagem do desenho animado "Meu Amigãozão", no Discovery Kids, pelo qual interagem pais e filhos. "A tecnologia permite desenvolver produtos customizados de acordo com a idade", afirma Sardenberg. Para os já iniciados, a seguradora desenvolveu um curso on-line de educação financeira em parceria com a FGV. Segundo Sardenberg, já é possível notar um crescimento no interesse por previdência pelos mais jovens.

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