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Bradesco Seguros mantém otimismo com setor em 2019

Fonte: Valor Econômico 

Ana Paula Paiva/ValorAlbernaz, da Bradesco Seguros: "Economia pode crescer mais no próximo ano"

O Bradesco Seguros é o único entre os cinco maiores grupos seguradores e resseguradores do país a conseguir manter o resultado financeiro praticamente estável neste ano. Quando comparado a seus pares, que amargaram quedas entre 16,8% e 38,7% em nove meses, o recuo de apenas 3,8% ante o mesmo período de 2017 mostrado pelo braço de seguros, capitalização e previdência do segundo maior banco privado parece uma façanha.

As receitas com aplicações das reservas técnicas das seguradoras têm sido impactadas pelo ciclo de baixa da taxa básica de juros pelo Banco Central. O afrouxamento monetário começou em agosto de 2016 e terminou em março de 2018. Desde então, a Selic tem se mantido na mínima histórica, em 6,5% ao ano.

Os resultados reforçam a percepção de que a chegada de Vinicius Albernaz, um especialista em gestão de ativos, ao comando do Bradesco Seguros tem gerado dividendos. Com 10 anos de banco, o executivo deixou a chefia da Bradesco Asset Management (Bram) para liderar a seguradora em um "cenário desafiador", conforme descreveu o próprio presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, ao anunciar a escolha de Albernaz, no fim de março.

É a segunda passagem do executivo pela seguradora. Entre 2013 e 2016, Albernaz respondeu pela diretoria financeira do grupo. De lá foi para a Bram, onde sucedeu Reinaldo Le Grazie, atual diretor de política monetária do Banco Central.

Em entrevista ao Valor, Albernaz afirma que o momento mais desafiador para a indústria de seguros no Brasil pode ter ficado para trás após as eleições. Na visão do executivo, a tendência é de as metas ou "guidance" da companhia para o próximo ano, que vão ser conhecidas apenas após a apresentação dos resultados do quarto trimestre, subirem de patamar em relação a 2018.

"Acredito que há possibilidade de crescimento maior" da economia em 2019, considera. "O mercado vai se beneficiar do aumento de confiança e da retomada do investimento privado", avalia o presidente da Bradesco Seguros.

Para Albernaz, "a agenda de reformas para o país já estava dada" e, acrescenta o executivo, "tenho uma perspectiva que o novo governo vai conseguir equacionar a questão fiscal". Albernaz cita a possível retomada do emprego, que vai trazer um cenário positivo para os seguros de vida e de pessoas de um modo geral.

Já 2018 foi um ano de consolidação. "Tivemos iniciativas de contenção de despesas e de melhoria da eficiência e de ganho operacional", que compensaram o ambiente de juros mais baixos. Neste ano também tivemos as primeiras sementes da recuperação, pondera o chefe da seguradora do Bradesco.

Conforme o executivo, o grupo também implementou ações para reduzir o grau de sinistralidade. "Isso se refletiu neste ano em uma queda substancial dos sinistros em alguns ramos", diz. De fato, o índice de sinistralidade apresentou melhora de 1,4 ponto percentual em nove meses neste ano na comparação a igual período de 2017, com taxa de 73,7%, o mais baixo desde 2016.

O índice combinado, que mede a eficiência operacional da seguradora, atingiu o menor patamar em sete anos no terceiro trimestre de 2018, aos 84,1%. De janeiro a setembro, o indicador alcançou 84,7%, com queda de dois pontos percentuais frente ao mesmo período de 2017.

Nesse tipo de medida, quanto menor a taxa, melhor: resultados abaixo de 100% apontam lucro operacional. O indicador reflete a relação entre a somatória de custos dos sinistros e despesas com as receitas dos prêmios.

A melhora da eficiência operacional junto com a resiliência do resultado financeiro ajudaram a elevar o lucro líquido do grupo em 11,6% na comparação com nove meses de 2017 para R$ 4,6 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido ajustado (ROE) se manteve em 19,1%.

A perspectiva de melhora do segmento de saúde, diante da melhora do emprego, pode ser considerada estratégica para o grupo, que tem 52% de "market share" desse mercado. Isso porque os anos de recessão econômica com aumento do desemprego e o ritmo lento de retomada após o país voltar a crescer em 2017 atingiram em cheio esse ramo.

Conforme estatísticas da Agência Nacional de Saúde Suplementar, nos últimos quatro anos, o segmento perdeu 3,3 milhões de beneficiários. A retomada do emprego e do crescimento vai "reforçar a tendência de recuperação do seguro saúde vindo de alguns anos difíceis".

Albernaz reafirma ter como objetivo principal a disciplina de capital e geração de resultado. Isso significa aproveitar as oportunidades, mas manter a cautela para não absorver riscos demasiados. Nesse sentido, a companhia vai continuar a exibir pouca inclinação a uma estratégia de aumento agressivo de participação de mercado ou crescimento baseado em aquisições. "Crescer ganhando 'market share' é relativamente fácil, mas a gente não vai crescer sacrificando retorno sobre capital investido e retorno sobre o patrimônio."

O grupo já é líder absoluto em prêmios subscritos no Brasil com uma fatia de 25% do mercado, sem considerar o segmento de previdência privada. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a participação do Bradesco Seguros representa o dobro do segundo colocado no ranking do setor.

O foco em eficiência também passa pela transformação digital, indica Albernaz. "A revolução digital vai trazer grandes possibilidades, como uma resposta e definição mais rápidas ao sinistro, com pagamento da indenização também bem mais veloz".

Além de ampliar os canais de distribuição, como corretoras e agências bancárias, o comandante da seguradora do Bradesco afirma ainda que os investimentos tecnológicos vão transformar o atendimento. Albernaz cita o uso da assistente virtual do Bradesco, batizada Bia (Bradesco Inteligência Artificial) e baseada na plataforma cognitiva Watson, da IBM. "Lançamos, recentemente, a possibilidade de solicitação de assistência 24 horas para veículos por meio da Bia", exemplifica.

Sobre as "insurtechs", ou seja, empresas iniciantes de tecnologia de seguros, Albernaz exibe uma visão entusiasmada: "vemos como potencializadoras do nosso negócio". Conforme o presidente da Bradesco Seguros, as startups do setor adotam modelos inovadores, mas "muito concentrados em melhorar os serviços já oferecidos". Dentro dessa ótica, as insurtechs se tornam parceiras ideais "para complementar a experiência do cliente, seja no uso de inteligência artificial ou análise de dados", diz o executivo. "O cliente é o principal eixo dessa revolução tecnológica."

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