BB e União saem do IRB em oferta de ações de R$ 7,5 bi
SÃO PAULO - O Banco do Brasil e a União venderam nesta quinta-feira (18) suas participações no ressegurador IRB Brasil Re, numa oferta de ações disputada que movimentou R$ 7,5 bilhões. Foi a maior operação do tipo desde 2015. Os papéis saíram a R$ 90, segundo fontes — preço exato de fechamento de quinta-feira na B3, o que significa que não teve desconto em relação ao chamado preço de tela.
Foram oferecidas ao mercado 83,9 milhões de ações ordinárias, sendo 47,5 milhões de titularidade do Banco do Brasil e 36,4 milhões da União, representada pelo BNDES, como gestor do Fundo Nacional de Desestatização.
Entre as maiores ordens de compra, estavam grandes gestoras e fundos globais como Fidelity Management, Lazard, Schroders e o fundo soberano de Cingapura, o GIC. Além disso, a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, também entrou na oferta do IRB. O Valor havia antecipado que existia demanda de fundos de pensão, devido à queda da taxa de juro. O BB Investimentos coordenou a operação, em conjunto com o Bank of America Merrill Lynch, Bradesco BBI, Caixa, Citi, Itaú BBA e UBS.
Essa foi a maior oferta de ações em quatro anos, mas o título já pode ser perdido na próxima semana, quando a Petrobras pode levantar entre R$ 6,9 bilhões e R$ 9,3 bilhões com a venda de parte de suas ações da BR Distribuidora. A maior, no período, foi o “follow-on” da Telefônica, em abril de 2015, que movimentou R$ 16,1 bilhões.
Os bancos coordenadores da oferta tentavam fechar o livro da operação a R$ 90 até o último minuto, o que levou a transação para o fim da noite. Essa tentativa também ocorreu nas ofertas da distribuidora Light e no IPO (oferta inicial de ações) da Neoenergia, ambas realizadas neste ano.
A questão apontada por um investidor é que, nesse momento, há muitas operações grandes no mercado ao mesmo tempo. “O excesso de oferta de papéis vai fazer com que o investidor tenha um pouco mais de força para barganhar por descontos para entrar na operação”, diz esse interlocutor.
Outro exemplo do momento disputado do mercado é que há demanda pelos papéis da BR Distribuidora, cuja precificação será feita no dia 23. No entanto, embora os papéis estejam negociados a R$ 26, as informações de mercado são de que a demanda está na casa dos R$ 23 e R$ 24.
A oferta concluída nesta quinta foi a segunda realizada pelo IRB em 2019. Em fevereiro, o fundo Caixa Fgeduc Multimercado, gerido pela Caixa Econômica Federal, ofereceu 27,6 milhões de ações, ao valor de R$ 91, em uma operação que movimentou R$ 2,52 bilhões.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) teve um papel fundamental para viabilizar a oferta ao publicar no início do mês uma circular que permite às empresas com capital aberto do setor de seguros ter controle pulverizado, isto é, se tornar uma “corporation”.
A legislação vigente até então dizia que seguradoras e resseguradoras precisavam ter um controle definido, o que dificultava a venda dos papéis. Isso porque os controladores remanescentes teriam de se responsabilizar perante o regulador, sem ter a maioria das ações.
Até a oferta, o bloco de controle do IRB era formado pelo governo federal, que detinha 11,7% das ações e uma “golden share”. A BB Seguros e Participações detinha 15,2%, mesma fatia que o Bradesco Seguros possui. O Itaú Seguros, por sua vez, detém 11,1%. O Fundo de Investimentos em Participações Barcelona, da Caixa Econômica Federal, tem 3%.
Os bancos privados cogitaram sair da operação, diante das dúvidas sobre o controle, mas acabaram negociando um período de “lock-up” de 180 dias, no qual não poderão vender seus papéis, o que poderia pressionar a cotação.
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