Breaking News

Reservas caminham para R$ 1 trilhão

Fonte: Valor Econômico 


O encaminhamento da votação da reforma da Previdência no Congresso Nacional tem beneficiado direta e indiretamente a entrada de investimentos na indústria. É o que mostram os números do primeiro semestre de contratação e captação líquida dos planos de previdência privada. O setor, que vinha desacelerando o ritmo de crescimento nos dois últimos anos, deu uma arrancada nos meses de maio e junho.

Foi o suficiente para inverter a curva e mostrar melhores resultados. As contribuições até junho totalizaram R$ 55,7 bilhões, e a captação líquida atingiu R$ 20,4 bilhões, 20,1% acima do que em igual período de 2018. Os bons números levam os representantes do mercado a crer que até o fim do ano a carteira total de investimentos do setor salte de R$ 890 bilhões para atingir seu primeiro trilhão de reais.

"A aprovação da reforma na Câmara colocou uma transparência maior sobre o que vai acontecer na Previdência Social com relação a idade, tempo de contribuição e valor dos benefícios. Logo, as pessoas que têm mais condições, começam a procurar a indústria privada", diz Jorge Pohlmann Nasser, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e presidente do Bradesco Vida e Previdência. Neste cenário, as 67 seguradoras ligadas à entidade e as plataformas de investimentos têm feito esforços adicionais de vendas e oferecido mais opções de fundos. "Os fundos multimercados têm despontado na preferência dos ativos de previdência", afirma Nasser.

Tanto que, hoje, já representam 12,08% dos recursos aplicados. Em 2016, eram 5,7%. Já a renda fixa, apesar de representar ainda 84,5% do bolo, vem perdendo espaço. Em 2016, detinha 91% das aplicações.

Para a líder deste segmento, a reforma da Previdência Social tem provocado maior procura aos canais digitais da Brasilprev em busca de conhecimento sobre o produto. Especialmente, da classe média. Mas a empresa também atribui a melhora dos resultados ao trabalho que desempenhou mais fortemente em maio e junho. "Fizemos treinamento de 20 mil funcionários entre gerentes, caixas e consultores", afirma Walter Malieni, presidente da Brasilprev, ligada à BB Seguridade, do Banco do Brasil. Tanto que a captação líquida da instituição subiu 103% de janeiro a julho, para R$ 7 bilhões, elevando o total dos investimentos desta carteira para R$ 275 bilhões.

Malieni alerta que o desafio para o novo investidor, que pode ingressar no mercado privado a partir da reforma e que tem menor poder aquisitivo, será como combinar a previdência pública com a privada. De olho nesta possibilidade, as seguradoras já preparam o lançamento de produtos de menor tíquete de entrada nos planos, em média, em torno de R$ 100 de contribuição mensal. O do Bradesco é a partir de R$ 50.

"Lançamos em agosto de 2018, o BrasilPrev Fácil. O saldo é de 215 mil planos vendidos, ou 190 mil CPFs. O tíquete médio das contribuições está em R$ 258 mensais", diz o executivo. O plano permite investimentos a partir de R$ 100. Outro ponto que chamou atenção é a faixa etária que vem aderindo ao produto, que oscila entre 30 e 35 anos. Bem diferente de sua base tradicional, de 48 a 52 anos.

O Bradesco também aposta em uma mudança estrutural para pode colher resultados futuros com a implementação da nova plataforma de investimento. "Nós mudamos o modelo de distribuição, que começou em 2017, quando os corretores deixaram de vender previdência. Em 2018, os gerentes assumiram a venda. Em 2019, nos estruturamos para a venda consultiva, que está se ampliando", afirma Jair Lacerda, diretor na Bradesco Vida e Previdência.

Para isso, contrataram 900 pessoas para trabalhar na venda consultiva - não só de previdência, mas de outros produtos de investimentos - e estão treinando os gerentes do banco. A intenção do Bradesco, que possui a segunda maior reserva de investimentos do mercado de previdência - R$ 234 bilhões - é reverter os R$ 2 bilhões de captação líquida negativa. "Nossa previsão para o ano é de crescer 5%", afirma Lacerda.

No Itaú, a estratégia de manter sob uma mesma liderança os mandatos dos fundos de investimentos e previdência é antiga. "Isso me dá condições de olhar o investidor de forma mais ampla. Não recomendamos investir em previdência quem não tem reserva de curto e médio prazos", exemplifica Claudio Sanches, diretor de investimentos e previdência do Itaú Unibanco. Sob a sua tutela estão quase R$ 200 bilhões em ativos de previdência, que capturaram nos primeiros seis meses mais R$ 1 bilhão líquido, uma queda de 84% sobre o mesmo período de 2018. "Nossa previsão é de melhorar este resultado e atingir R$ 5 bilhões em captação líquida em 2019", afirma.

Nenhum comentário

Escreva aqui seu comentario