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Contratar seguro para o novo coronavírus, uma missão quase impossível

Fonte: O Estado de Minas

Diante da disseminação do novo coronavírus chinês e da perturbação que causa, empresas e turistas terão dificuldade em obter indenizações de seguradoras que frequentemente se recusam a cobrir epidemias desse tipo.

Embora seja difícil, nesta fase, avaliar o impacto econômico do vírus, que já deixou mais vítimas na China que a SARS no início dos anos 2000, ele perturba os planos de muitos turistas e cadeias de abastecimento.


Mas obter indenização será um obstáculo e ocorrerá nos detalhes dos contratos, especialmente para empresas presentes em vários territórios.

É, por exemplo, muito improvável que os seguros contratados ao comprar uma viagem cubram epidemias.

Em vez disso, os turistas deverão procurar seus fornecedores de cartão de crédito, ou operadoras de turismo, para reembolso em caso de cancelamento, ou custos médicos.

Para as empresas, especialmente as companhias aéreas que interromperam ou reduziram o serviço para a China, pode até não haver qualquer recurso, alerta Clarissa Franks, diretora de gerenciamento de riscos da corretora londrina Marsh. 

"O diabo está realmente nos detalhes", disse ela à AFP, enfatizando que certas disposições nas apólices de seguro podem cobrir doenças transmissíveis, mas que, em geral, epidemias como o coronavírus são excluídas.

- "Converse primeiro com a seguradora" -

O novo vírus contaminou mais de 20.400 pessoas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a epidemia como uma "emergência de saúde pública de alcance internacional", embora nesta terça-feira tenha afirmado que ainda não é uma pandemia.


O famoso mercado de seguros Lloyd's of London ainda não constatou uma explosão das atividades de seus membros que gostariam de cobrir sua exposição, segundo duas fontes no famoso mercado londrino.

Mas, na própria China, a epidemia "deve pesar sobre os resultados e sobre as receitas das seguradoras" do país em 2020, estima a agência de classificação S&P, que evoca razões como a volatilidade dos mercados financeiros e menos trocas com os clientes.

No entanto, a epidemia de SARS iniciada na China em 2002 pode dar uma ideia dos possíveis conflitos entre seguradoras e clientes.

Somente para o setor de turismo, o impacto da SARS foi estimado entre 30 e 50 bilhões de dólares pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo.

À época, porém, a economia chinesa pesava apenas 5% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 20% agora, sem mencionar que os chineses se tornaram os viajantes mais frequentes do mundo.

O setor de seguros estará "muito atento", segundo Malcolm Tarling, porta-voz da Associação de Seguradoras Britânicas (ABI).


"Se alguém viajar (para a China) sem seguir as diretrizes do governo, muitos seguros não serão válidos. Se você acha que sua viagem é essencial, deve falar com sua seguradora primeiro", disse.

A seguradora britânica Aviva explica à AFP que os clientes devem ter cobertura especial para "interrupções de viagens", a fim de garantir o reembolso.

"Estamos monitorando a situação de perto, mas até agora a grande maioria dos pedidos está relacionada a clientes que viajam de e para a China", mais do que empresas preocupadas, disse um porta-voz do grupo. 

A gigante alemã Allianz acredita que os indivíduos devem primeiro entrar em contato com a companhia aérea, ou a agência de viagens, antes da seguradora.

Para as empresas, as doenças contagiosas são cobertas por políticas específicas, cujo custo pode desencorajar os assinantes.

"Os seguros tradicionais não podem cobrir tudo, e os seguros não convencionais tendem a ser muito caros", alega Franks.

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