Perdas da soja do RS podem alcançar 50% e pedidos de seguro devem disparar
32% de prejuízos oficialmente reportados são irreversíveis
A safra de soja do Rio Grande do Sul pode registrar perdas de até 50% na temporada de 2019/20 em função da forte estiagem que tem atingido o Estado desde de dezembro, estimou a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
De acordo com o economista-chefe da federação, Antônio da Luz, a projeção inicial da Farsul para a colheita da oleaginosa gaúcha superava 19 milhões de toneladas. “Agora, será um bom negócio se conseguirmos colher 10 milhões de toneladas de soja… Nas regiões norte e no centro do Estado, já há quem perdeu 50% da safra”, disse à Reuters.
Na semana passada, a Emater-RS revisou pela segunda vez a perspectiva de produção no ciclo de 2019/20 para baixo, agora estimando uma redução de 32% ante as projeções iniciais do Rio Grando do Sul, para 13,3 milhões de toneladas.
Luz explicou que os 32% de prejuízos oficialmente reportados são irreversíveis e como as previsões climáticas indicam continuidade do tempo seco no Estado, a tendência é que este número aumente. A confirmação destas estimativas deve vir no final de abril, quando os produtores gaúchos encerram seu período de colheita da oleaginosa.
Até a sexta-feira (13), os trabalhos de colheita estavam em torno de 10% da área projetado, conforme levantamento da consultoria Arc Mercosul. O economista da Farsul ainda acredita que as perdas do Estado podem impedir que o Brasil registre uma nova safra recorde em 2019/20, visto que o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor nacional da oleaginosa.
Na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou a colheita do Brasil em mais de 124 milhões de toneladas de soja. A seca também afetou a produção gaúcha de milho, que, segundo Luz, deve recuar cerca de 26,2% em 2019/20.
Seguro rural vai avançar
Até o dia 3 de março, quase dez mil produtores de soja e milho haviam comunicado perdas em suas respectivas lavouras cultivadas no Rio Grande do Sul, segundo levantamento da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura.
O diretor do departamento de Gestão de Riscos da SPA, Pedro Loyola, disse que esses comunicados foram enviados pelos agricultores aos bancos e seguradoras, e a colheita fica suspensa nas regiões afetadas até que os agentes enviem técnicos para mensurar o tamanho dos danos.
“Esses dez mil comunicados devem ser convertidos em indenizações por seguro rural”, acrescentou o economista da Farsul. Segundo Luz, em anos tradicionais, este número “que tende a crescer exponencialmente” não chegava a uma centena. “Estar na casa do milhar significa quase uma situação de catástrofe”, avaliou.
O Rio Grande do Sul vinha mantendo condições favoráveis para o cultivo de grãos nas safras anteriores e, de acordo com Luz, o último ano em que foram registrados danos nesta magnitude foi 2012.
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