CMPC cobra R$ 1,2 bilhão da Mapfre
Produtora de celulose de eucalipto do grupo chileno CMPC no Brasil, a Celulose Riograndense está cobrando uma indenização de US$ 320 milhões, ou cerca de R$ 1,2 bilhão ao câmbio de hoje, da Mapfre Seguros Gerais. O valor corresponde aos prejuízos alegados pela companhia com o incidente em um dos principais equipamentos da fábrica de celulose instalada em Guaíba (RS), no início do ano passado, que resultou em perdas de produção de cerca de 600 mil toneladas. A Mapfre negou a cobertura dos danos.
Além da ação judicial movida pela CMPC contra a Mapfre, o litígio levou à instalação de um tribunal arbitral. Em outubro do ano passado, após receber a negativa da seguradora, a companhia chilena informou que iria recorrer da decisão. A ação judicial e a arbitragem tornaram-se públicas no fim da semana passada, com a publicação do balanço da CMPC no terceiro trimestre.
Em nota que acompanha as demonstrações financeiras, a CMPC informou que a Riograndense é parte em processo de arbitragem iniciado contra a Mapfre por causa da recusa em cobrir o incidente na caldeira de recuperação da linha 2 da fábrica gaúcha. "A ação judicial contra a seguradora foi apresentada em 30 de agosto, antes da definição do tribunal arbitral definido, onde se solicita que a apólice contratada seja cumprida, pagando à CMPC os danos que o fato gerou, no valor aproximado de US$ 320 milhões", diz a nota.
O acidente ocorreu em fevereiro e paralisou imediatamente, por mais de 30 dias, a produção na linha 2, que é a maior da fábrica de Guaíba e tem capacidade de 1,3 milhão de toneladas por ano. A linha 1, que produz 450 mil toneladas anuais, continuou operando normalmente.
Em julho, a Riograndense voltou a parar a linha 2, para uma manutenção programada, mas acabou estendendo a parada até novembro após inspeções adicionais na caldeira de recuperação. Naquele momento, a companhia chilena informou que a perda de produção estava estimada em 400 mil toneladas - sem contar o que deixou de ser produzido em fevereiro - e perdas estimadas em US$ 200 milhões, mais US$ 60 milhões relativos à reparação da caldeira.
Procurada, a Mapfre Seguros informou que não comentaria o assunto. A CMPC não deu retorno até o fechamento desta edição. A parada estendida na fábrica de Guaíba, em um momento de forte demanda global por celulose, contribuiu para aumentos sucessivos nos preços internacionais da celulose de fibra curta. A companhia chilena é a terceira maior produtora de celulose de mercado do mundo, segundo ranking da Hawkins Wright, e atua ainda nos segmentos de papéis para fins sanitários (tissue) e embalagens.
Em 12 meses até setembro, a divisão de celulose registrou vendas de US$ 3,21 bilhões, o equivalente a 53% das vendas totais da companhia. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) com o negócio de fibra totalizou US$ 1,46 bilhão, ou 87% do resultado consolidado. No Brasil, a operação de celulose está concentrada em Guaíba, onde a capacidade total de produção é de 1,76 milhão de toneladas anuais atualmente. A fábrica de Guaíba, além de terras e florestas, foi comprada da Fibria em 2009, por US$ 1,43 bilhão. Três anos depois, a companhia chilena aprovou investimentos de R$ 4,9 bilhões para construção da linha 2 na unidade, com início de operação em maio de 2015.
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