Como o mercado de capitais pode impactar o setor de seguros
A transformação no mercado de seguros está sendo realizada de diversas formas. Seja através de seguros peer to peer, big data, internet das coisas ou blockchain, o setor está passando por uma grande revolução. Mas, para Rodrigo Botti, CEO da resseguradora Terra Brasis, essa mudança não é apenas tecnológica. Para ele, o mercado de capitais também tem possuído um papel cada vez mais importante.
Como exemplo, Botti citou as ISLs – do inglês, “insurance-linked securities”. As ISLs são títulos indexados a seguros, ou seja, títulos que são impactados por esse mercado. Dessa forma, o mercado de capitais, quando adquire esse tipo de título, passa a ser mais um player a integrar a cadeia entre indivíduos, empresas e governos.
“O uso do mercado de capitais foi uma das verdadeiras frentes de transformação da indústria de seguros. A Berkshire Hathaway, do Warren Buffet, um dos maiores investidores do mundo, começou como uma resseguradora”, contou o CEO da Terra Brasis.
A iniciativa do mercado traz outros desdobramentos. No caso das ISLs, a garantia passa a ser além das próprias seguradoras e resseguradoras. “Recebemos riscos de seguradoras no Brasil e também na América Latina. Transferimos para um ressegurador baseado na Suíça, ele retrocedeu o risco para uma securitizadora nas Bermudas e ela emitiu um título”, explicou Rodrigo Botti. Hoje, existem fundos especializados nessa iniciativa, como Alphacat Capital.
Mas, como em qualquer título, é claro que as ISLs também possuem riscos. Como os comuns, eles também podem ser classificados como triplo A, B, entre outros. “A transformação da indústria começou há 15 anos, em 2000, nos Estados Unidos, com o maior uso do mercado de capitais. A tecnologia passa a ser uma oportunidade para os corretores também. Todos os grandes corretores já montaram braços no mercado de capitais”, comenta.
No Brasil, por enquanto, ainda não é possível que as seguradoras transfiram seus riscos para o mercado de capitais. “Estamos trabalhando isso com o regulador. Há muita boa vontade, tanto da SUSEP quanto CVM, o projeto está andando e acreditamos que isso seria muito benéfico também para o mercado brasileiro”, disse Botti.
O CEO do Terra Brasis citou o setor agrícola brasileiro como um mercado já impactado pelo mercado de capitais. “Temos o desafio atual de desenvolver as ISls no Brasil. Há 15, 20 anos atrás, a securitização imobiliária através do CRI (títulos de recebíveis imobiliários) revolucionou – antes, só era possível fazer financiamentos através da caixa”.
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