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Seguradoras passam a apostar em parceria com novatas

Fonte: Valor Econômico 

As grandes companhias de seguros dos Estados Unidos começam a tornar mais tênue a linha que as separa das “insurtechs”, como são conhecidas as empresas iniciantes do setor com potencial inovador. Em lugar de acirrar a concorrência, vários grupos americanos começam a usar soluções desenvolvidas pelas startups para acelerar processos, aumentar a eficiência operacional e implementar uma experiência mais agradável ao consumidor. 

A Travelers, que teve uma receita de US$ 30,3 bilhões em 2018, por exemplo, associou-se à insurtech Hover para aprimorar e acelerar o processo de avaliação de danos às propriedades quando ocorre um sinistro. A tecnologia da insurtech permite que a análise seja feita a partir das fotos enviadas pelo próprio dono da residência. “O processo é simples e o aplicativo permite ter uma perspectiva exata dos danos em minutos”, afirma o vice-presidente de seguros pessoais da Travelers, Patrick Gee. 

Segundo o sócio da IA Capital Group, Andrew Lerner, “daqui a cinco anos vamos ver uma linha tênue entre o que é uma insurtech e uma companhia de seguros tradicional”. Para o gestor, assim como as startups, as companhias também estão lutando para atender o consumidor do jeito que eles desejam. 

As companhias já estabelecidas, porém, enfrentam dificuldade em mudar os processos e criar inovações genuínas. “Há um obstáculo em digitalizar os processos nas companhias devido aos sistemas legados”, afirma o CEO da Transamérica Ventures, George Schwegler. “Ainda estamos no começo desse processo do surgimento de uma nova geração de companhias de seguros.” 

Na avaliação do CEO da State Auto Insurance, Michael Larocco, “há muitos seguradores tradicionais tentando converter seus sistemas legados em plataformas digitais, mas isso não funciona direito”. Por isso, a melhor estratégia para um grande grupo abraçar a inovação é fazer parcerias com as empresas que realmente têm a cultura, a agilidade e não têm o problema de softwares antigos e ineficientes. “É diferente quando uma empresa é realmente construída para a inovação.” 

Conforme o líder de desenvolvimento global de negócios da AWS, Tony Jacob, para abraçar a inovação as companhias de seguros tradicionais poderiam funcionar como um tabuleiro de “lego”, em que diversas peças são montadas para construir um novo modelo. 

Entre as 290 insurtechs que marcaram presença na exposição do ITC Insuretech Connect, nos Estados Unidos, mais de 90% já adotam uma estratégia colaborativa, com objetivo de melhorar processos específicos das seguradoras que estão no mercado. São soluções que abrangem desde a automação do processo de subscrição de prêmios até a oferta de tecnologias como sensores para monitorar residências e até vazamentos de água, mapeamento de danos com drones e robôs para atendimento de clientes. 

Tecnologias que ficaram famosas nos últimos anos, diante do potencial disruptivo, hoje são vistas pelos especialistas mais como promessas que ainda vão se cumprir. Os automóveis autônomos, por exemplo, só vão se tornar realidade em um período entre 15 e 20 anos, segundo o CEO da Allianz Automotive, Claudius Leibfritz. 

O executivo explicou que os sistemas de automação dos veículos ainda estão nas fases 1 e 2. Chegar ao nível 5, que significa um automóvel totalmente autônomo, deve demorar mais de uma década. De acordo com o executivo, mesmo com a disseminação do carro com um motorista robô, a receita do segmento tenderia a permanecer estável por, pelos menos, mais 10 a 15 anos, segundo estimativa da seguradora. 

A pesquisa da Allianz indica que, apesar do crescimento exponencial dos veículos autônomos, os carros ficarão muito mais complexos e caros, com custos de manutenção e coberturas bem mais elevados. 

A internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) também é uma tecnologia que ainda vai levar algum tempo para ter impacto na indústria de seguros. Apenas após a massificação de dispositivos como relógios inteligentes com sensores de monitoramento das funções do corpo as soluções vão ser viáveis, especialmente nos segmentos de seguros de vida e saúde. 

Entre as inovações esperadas pelos especialistas está a possibilidade de as pessoas manterem um histórico próprio de dados de uma vida inteira a partir do monitoramento dos dispositivos IoT desde a infância. Essa base seria usada pelos indivíduos para melhorar o atendimento pelas seguradoras. 


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